Jean-François Kervégan discute a racionalidade normativa em Kant

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domingo, 7 de setembro de 2025

Filósofo analisa a teoria kantiana das normas e dialoga com Hegel
para esclarecer seus fundamentos éticos e jurídicos  

A normatividade, que envolve o estudo e a compreensão das regras e princípios que guiam a conduta humana, é um dos temas centrais da filosofia prática moderna e, neste campo, o pensamento de Immanuel Kant serve como um referencial para a análise sobre ética e direito. Em A razão das normas: ensaio sobre Kant, lançamento da Editora Unesp, Jean-François Kervégan examina como, na teoria kantiana, o uso prático da razão não se limita a criar regras para a ação, mas busca reconhecer a validade moral dos juízos por meio de um procedimento universalizante.

Kervégan revisita os escritos da fase madura de Kant para mostrar como conceitos como liberdade, ética, direito, antropologia, história, religião e metafísica se articulam em torno do imperativo categórico, que opera como uma “regra de reconhecimento” das proposições morais. A análise aproxima o pensamento kantiano de debates contemporâneos sobre racionalismo ético, envolvendo autores como Apel, Habermas, Hart e Kelsen, e evidencia como Kant rejeita a autonomia conceitual do direito positivo em relação ao direito racional.

“Existe – eis a descoberta da Grundlegung da qual resulta toda a “filosofia prática” de Kant – uma conexão necessária entre liberdade, racionalidade e normatividade”, pontua Kervégan. “Tal conexão declina-se, de resto, de diferentes maneiras segundo o campo de que nos ocuparmos, que é de onde deriva o plural do título deste livro: A razão das normas; pois subentende-se que um mesmo regime de racionalidade organiza os diferentes campos normativos da ética e do direito. Parece-me que a parte mais fecunda e atual do pensamento kantiano está dedicada ao desenvolvimento das consequências dessa descoberta, mas, talvez, Kant tenha deixado aos seus sucessores a tarefa de levá-la a cabo.”

A obra também lança mão de uma leitura hegeliana para esclarecer os pontos obscuros da metafísica dos costumes nos últimos textos de Kant. Kervégan argumenta que, na recepção posterior, a teoria kantiana da normatividade avança em direção a uma racionalidade incorporada em práticas, hábitos e instituições, antecipando o conceito hegeliano de Sittlichkeit (eticidade). Ao articular Kant e Hegel, o autor oferece uma interpretação que amplia a compreensão da normatividade moral e jurídica no contexto filosófico atual.  

Sobre o autor – Jean-François Kervégan é um filósofo francês, professor na Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne e membro do Institut Universitaire de France. Especialista de renome internacional em Hegel e no idealismo alemão, seus trabalhos também são uma referência nos campos da filosofia do direito e da filosofia política.  

Título: A razão das normas: ensaio sobre Kant
Autor: Jean-François Kervégan
Tradução: João Carlos Brum Torres, Nikolay Steffens    
Número de páginas: 208
Formato: 13,7 x 21 cm
Preço: R$ 72
ISBN: 978-65-5711-285-4

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