Em uma de suas obras mais importantes, autor apresenta minimalismo como um programa, e não como uma teoria, oferecendo valiosa contribuição para a tradição gerativista em linguística
Surgido naturalmente a partir do sucesso da abordagem de Princípios e Parâmetros, o Programa Minimalista ocupa lugar especial na história da linguística gerativa. Desde as suas primeiras versões, no início dos anos 1990, esse trabalho definiu-se claramente como um “programa” cujo objetivo era pôr em perspectiva a natureza da Faculdade da Linguagem, e não como uma teoria, que fornece a estrutura conceitual para orientar o desenvolvimento da teoria linguística. Desta forma, chega ao Brasil o livro O Programa Minimalista, do linguista Noam Chomsky, pela Editora Unesp. Ao longo de quatro ensaios, o autor procura situar a teoria linguística no amplo espectro das ciências cognitivas, formulando e desenvolvendo progressivamente a abordagem minimalista.
“Este texto organiza-se em duas seções”, explica o responsável pela tradução e apresentação Eduardo Paiva Raposo. “Na primeira, apresentam-se algumas das linhas mestras do modelo de Princípios e Parâmetros (doravante P&P), fazendo sobressair os aspectos da sua arquitetura geral que mais diretamente estão na base das preocupações minimalistas. Na seção 2, destaca-se a direção nova que o Programa Minimalista traz à investigação linguística dentro do modelo P&P, nomeadamente aquilo que é consequência de uma perspectiva interessante sobre o modo como a linguagem se insere na mente humana, em interação com outros sistemas cognitivos e de performance. Discutem-se também de modo breve noções do PM que, pela sua novidade, importância e/ ou dificuldade conceitual, merecem atenção especial.”
Nessa toada, Chomsky procura responder a duas questões inter-relacionadas: (1) que condições gerais esperamos que a faculdade da linguagem humana satisfaça? (2) até que ponto é que a faculdade da linguagem é determinada por estas condições, sem qualquer outra estrutura adicional além delas? As respostas, invariavelmente, para ele, passam pelo Programa Minimalista, cuja abordagem sugere a existência de um conjunto fixo de princípios validos para todas as línguas. E o objetivo deste programa é saber o quanto dos princípios e parâmetros desse modelo podem ser tomados como resultado do projeto computacionalmente eficiente da Faculdade de Linguagem.
“Cremos que o leitor brasileiro muito se beneficiará com esta edição conduzida por um tradutor-linguista já pioneiro – devemos lembrar que Raposo também traduziu para o português, na década de 1970, o Aspectos da teoria da sintaxe, livro de Chomsky publicado em 1965, que inaugura a chamada ‘Teoria Padrão’ da linguística gerativa”, anotam no prefácio os pesquisadores Eduardo Kenedy e Gabriel de Ávila Othero. “Esta edição chega ao Brasil em boa hora: os estudos gerativistas encontraram solo fértil neste país. Por isso, cremos fortemente que a circulação desta edição do Programa Minimalista poderá́ auxiliar estudantes, professores e pesquisadores brasileiros atentos à busca das adequações descritiva, explicativa e evolucionária tão caras ao PM.”
Sobre o autor – Noam Chomsky, professor aposentado do Departamento de Linguística e Filosofia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), é também um pensador profícuo. Sua contribuição para a Linguística e a Filosofia, bem como sua postura crítica e ativa diante dos mais relevantes acontecimentos políticos de sua época, o situam entre os principais nomes das ciências humanas na atualidade. Dele, a Editora Unesp publicou Novos horizontes no estudo da linguagem da mente (2005), Linguagem e mente (3a edição, 2009), A ciência da linguagem (2014) e Porque apenas nós? Linguagem e evolução (2017), em coautoria com Robert C. Berwick.
Título: O Programa Minimalista
Autor: Noam Chomsky
Tradução, apresentação e notas: Eduardo Paiva Raposo
Prefácio à edição brasileira: Eduardo Kenedy e Gabriel de Ávila Othero
Número de páginas: 600
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R$ 128,00
ISBN: 978-65-5711-069-0