Publicada originalmente na França, Dicionário crítico do feminismo, lançada pela Editora Unesp em 2009 e que acaba de ganhar nova impressão, é a primeira obra do gênero publicada no país europeu que visa discutir, ao longo de 48 verbetes, não só o significado de conceitos relacionados ao movimento feminista mas o contexto em que se inserem enquanto atitudes sociais e políticas públicas adotadas em relação à hierarquia dos sexos em diferentes culturas.
Cada rubrica, organizada por Helena Hirata, Françoise Laborie, Hélène Le Doaré e Danièle Senotier, grupo de pesquisadoras dedicadas ao estudo das diferenças sociais relativas ao sexo, traz uma ou mais definições da noção trabalhada, traça as etapas de seu desenvolvimento histórico, expõe embates e controvérsias que ela já suscitou ou suscita e apresenta sua posição social e científica na atualidade. Como é o caso do conceito de Aborto, apresentado como “o reconhecimento do direito de dispor do seu próprio corpo (...) É um ponto decisivo, pois se trata da autonomia das mulheres”.
O Dicionário faz um questionamento sistematizado sobre o androcentrismo presente tanto na representação de objetos, como também na produção de palavras, ideias e sistemas de pensamento. É, portanto, uma obra feminista porque “coloca como central a problemática da dominação entre os sexos e suas consequências”.
A versão brasileira do guia se apresenta como uma ferramenta eficaz para os estudos de gênero, já que traz um repertório de conceitos elaborados pelas teorias feministas a esse respeito. Além disso, abre uma via de comunicação para comparações e diferenciações entre culturas distintas, como o Brasil e a França, bem como possibilita uma visão mais ampla do feminismo na Europa e no mundo.