Obra reflete sobre a violência em suas múltiplas realidades
A violência cresce a cada dia ou é nossa sensibilidade a ela que fala mais alto? Para fugir do senso comum, as historiadoras Mary Del Priore e Angélica Müller fazem um mergulho neste obscuro universo em História dos crimes e da violência no Brasil, coletânea de ensaios que ganha nova tiragem.
O livro, organizado por ambas, nos ajuda a pensar sobre a permanência da violência e suas diversas faces. “Vários autores se reuniram para tentar definir um conjunto de fenômenos de violência físicas, sexuais, verbais e para tentar entender os mecanismos que os colocam em marcha”, anotam as organizadoras no prefácio. “Em História dos crimes e da violência no Brasil, historiadores, sociólogos, juristas, antropólogos e psicólogos apresentam vários casos ocorridos em nosso território ao longo dos séculos. O fio condutor está centrado na ideia de como o crime e o emprego da violência fizeram e fazem parte de nossa sociedade.”
Crime, na obra, será entendido numa amplitude terminológica maior, como “um tipo de infração grave, passível de punição pela lei ou pela moral e reprovado pela consciência”, do mesmo modo que a palavra ‘violência’ não está restrita às agressões físicas de uma pessoa a outra. “A violência está sendo considerada como força exercida por uma pessoa, um grupo, um Estado com o intuito de forçar alguém/algo para conseguir alguma coisa. Violência e crime são mais que sinônimos: são estágios diferentes, e às vezes complementares, de um mesmo processo”, escrevem Del Priore e Müller.
Ao longo de seus 16 capítulos, cada um deles composto por artigos independentes que orbitam o universo da violência, pretende-se mostrar às leitoras e aos leitores não uma cronologia de delitos e violências no Brasil, “mas também o convidar para a reflexão sobre as formas de infrações que fizeram e fazem parte de nosso cotidiano, na esperança de que nossa sociedade encontre novas formas de tolerância, convivência e solidariedade”.