David Hume é considerado, para pessoas como Bertrand Russell, o maior filosofo britânico de todos os tempos. O Tratado da Natureza Humana - 2ª edição, publicado originalmente em 1739-1740, é uma das mais importantes obras da história da Filosofia ocidental.
Dividida em três livros, a obra, que acaba de ganhar nova impressão, analisa de maneira cética e singular os princípios da natureza humana, aplicando aos problemas éticos e à filosofia moral o raciocínio experimental que Newton implantou no estudo da natureza física. Vemos como Hume - partindo da filosofia de Francis Bacon e do empirismo de John Locke - chega ao ceticismo, levando o empirismo a níveis altíssimos e fazendo a crítica da filosofia tradicional. É o estabelecimento deste novo conjunto de ideias que leva, por exemplo, Kant à formulação de sua filosofia (o autor alemão costumava dizer que Hume o despertou de seu “sonho dogmático”).
O Livro I aborda as percepções primordiais da mente humana, divididas em impressões e ideias. Segundo Hume, as impressões chegam à mente de maneira forte e violenta, como as sensações, paixões e emoções. Já as ideias são o reflexo e as imagens dessas impressões. O Livro II retrata as paixões, principalmente as dualidades orgulho-humildade, amor-ódio e vício e virtude. Após as reflexões, o pensador discorre sobre o livre-arbítrio e a curiosidade, chamada de amor à verdade e considerada a fonte de todas as investigações. E o Livro III trata da moral. Apesar de ser considerado pelo filósofo como independente dos outros tomos, esse trecho utiliza-se de toda a preparação efetuada anteriormente, discorrendo sobre os direitos civis, governos e sistemas internacionais, entre outros termos, relacionando a moral com o sentimento de prazer.