Coletânea de artigos debruça-se sobre conexões transnacionais proporcionadas por jornais e revistas publicados em francês, italiano, alemão, japonês e ídiche no País
A imprensa periódica é uma conhecida e utilizada fonte dos historiadores/as, sendo incontornável para pesquisas sobre as mais variadas temáticas. Contudo, seu tratamento sistemático como fonte e objeto de estudo só se afirmou quando das transformações historiográficas deslanchadas nas últimas décadas do século XX. Graças a isso, iniciativas de relevo têm surgido, caso de Mediações transnacionais e imprensa estrangeira publicada no Brasil, organizado por Luigi Biondi, Terciane Ângela Luchese e Valéria dos Santos Guimarães.
A obra simboliza os avanços realizados nessa área de investigação, na medida em que recorta a imprensa estrangeira publicada no Brasil, nos séculos XIX e XX, como foco de investigação. Não surpreende, portanto, que a categoria-chave dos diversos capítulos da coletânea seja a que preside o título do volume: mediações culturais transnacionais. Ou seja, a imprensa é entendida como um vetor de mediação cultural e política (como fica muito claro) que, no caso dos periódicos estrangeiros, torna-se, por definição, uma mediação entre valores, ideias e experiências mais próximas ou mais distantes.
São quatro seções: na primeira, os artigos tratam de narrativas transmidiáticas sob o ponto de vista de imprensa e cultura; na segunda, de mediações políticas a partir de redes transnacionais e conflitos; na terceira, voltam-se às mediações além das fronteiras, focando o Brasil sob olhares estrangeiros; e, por fim, na quarta, mergulham nas mediações, nos processos identitários e na educação. “É na perspectiva transnacional, promovendo trocas e negociações que os migrantes empreendem, em diferentes condições e por motivações distintas, a fundação de um periódico”, registram os organizadores. “Os periódicos são marcados pela cultura (para além da língua) dos lugares de origens de seus editores e responsáveis pela sua produção, mas justamente por serem publicados no Brasil e aqui circularem e serem consumidos, são apropriados pelo entorno e negociam sentidos e significados.”
“O leitor encontrará uma série de análises sobre uma das facetas da história da imprensa brasileira: o estudo da imprensa alófona”, anotam os organizadores. “Mais que outros recortes, a opção pelo trabalho com objeto tão preciso propicia um duplo movimento metodológico: um olhar voltado ao local em que jornais e revistas em língua estrangeira foram publicados (ou seja, a nação brasileira) e uma abordagem que não se restringe a uma história nacional, uma vez que tais veículos de comunicação são, por definição, fruto de empreitada que envolve diferentes referências culturais postas em contato.”
Sobre os organizadores
Luigi Biondi é formado em Letras pela Universidade de Roma “La Sapienza”, é doutor em História pela Unicamp, e realizou o pós-doutorado na Universidade de Roma “Tor Vergata”, onde é membro colaborador do programa de Doutorado em História. É professor de História Contemporânea no Curso de História da Unifesp, onde integra também o programa de Pós-graduação em História.
Terciane Ângela Luchese é professora da Universidade de Caxias do Sul, fez pós-doutorado pela Università degli Studi del Molise e pela Università di Macerata, Itália. É bolsista produtividade em pesquisa do CNPq e pesquisadora gaúcha Fapergs.
Valéria dos Santos Guimarães é professora de História na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e foi professora visitante na Université Laval (2019/2020, Capes Print). Foi bolsista Jovem Pesquisador-Fapesp e é coordenadora do grupo Transfopress Brasil.
Título: Mediações transnacionais e imprensa estrangeira publicada no Brasil
Organização: Luigi Biondi, Terciane Ângela Luchese, Valéria dos Santos Guimarães
Número de páginas: 524
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R$ 123
ISBN: 978-65-5711-156-7
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