Peter Burke lota auditório da Editora Unesp em conferência sobre a imagem como evidência histórica

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quinta-feira, 8 de junho de 2017

Na noite de terça-feira, 7 de junho, a Fundação Editora da Unesp e o Centro de Documentação e Memória da Unesp (Cedem) receberam o historiador Peter Burke para a conferência Interrogando a testemunha: imagens como evidência. O evento, mediado pela historiadora Mary Del Priore, discutiu o papel e a importância das imagens como documentos históricos. 

Na ocasião, Peter Burke ainda autografou seus livros, em especial o lançamento Testemunha ocular: o uso de imagens como evidência histórica. Na obra, o autor defende que as imagens, após submissão às críticas de fontes pertinentes ao rigor científico, podem ser tão confiáveis quanto à escrita. O texto fluido convida os leitores a visitarem pinturas, esculturas, fotografias e filmes de modo a capturar a atenção para o caráter histórico que aquele material deixa transparecer. 

O evento fez parte das comemorações dos 30 anos da Editora Unesp e do Cedem. Ao abrir a conferência, o diretor-presidente da Fundação Editora da Unesp, Jézio Gutierre comentou sobre a trajetória da Editora ao longo desses anos, que ofereceu ao leitor o acesso a mais de 2 mil títulos, e a importância das obras de Peter Burke para a compreensão da história. "Na primeira vez que o professor Burke visitou o Brasil, em 87, ele publicou seu primeiro livro em português pela Editora Unesp. A partir de então, tivemos a honra de contar com uma sequência de obras de extrema importância para a historiografia", completa. 

Para a historiadora, escritora e mediadora do evento, Mary Del Priore, a vivência cosmopolita de Peter Burke na Ásia e Europa ampliaram a sua capacidade de sentir e compreender o outro. Durante a conferência, o autor falou sobre a enorme gama de evidências que os historiadores possuem. Nesses documentos, as imagens têm tido cada vez mais influência nas evidências históricas. "As ilustrações são oferecidas não mais como decorações, mas como comprovações históricas", acrescenta. 

Peter Burke também destacou a importância do pesquisador e historiador se aterem a todo o processo de mediação da imagem e sempre fazer questões como: quem criou a imagem? o pintor estava mesmo inserido na cena retratada? o fotógrafo estava presente durante a ação ou houve uma reconstituição?

"Hoje nos acostumamos com o Photoshop, que pode nos transformar em qualquer coisa que imaginamos, mas desde Luís XIV imagens tentam mudar os fatos. O rei da França era um homem baixo e em seus quadros era sempre apresentado como um homem mais alto. O mesmo aconteceu com as fotografias do ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy."

Para enfrentar essa problemática da interpretação, o historiador afirma que "não basta apenas olhar, é preciso verdadeiramente ler as imagens e notá-las como sintomas culturais, ou seja, indícios de acontecimentos ocorridos em determinado contexto histórico".

Confira aqui algumas fotos do evento e abaixo entrevista com Peter Burke.

https://www.youtube.com/watch?v=4duRp-ed-MY&feature=youtu.be

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp