'Reificação' ganha nova tiragem

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segunda-feira, 11 de abril de 2022

Axel Honneth apresenta um olhar surpreendente sobre as transformações  do establishment social e político nos dias atuais

Foi George Lukács que, no começo do século XX, pontificou as primeiras noções de reificação, concebido como um processo histórico inerente às sociedades capitalistas, caracterizado por uma transformação experimentada pela atividade produtiva, pelas relações sociais e pela própria subjetividade humana, sujeitadas e identificadas cada vez mais ao caráter inanimado, quantitativo e automático dos objetos ou mercadorias circulantes no mercado.Pois em Reificação: um estudo de teoria do reconhecimento, que ganha nova tiragem, o filósofo e sociólogo alemão Axel Honneth propõe uma visão inovadora para esse conceito ao atá-lo, também, a elementos cotidianos no ambiente familiar, no mercado de trabalho e até mesmo nos relacionamentos amorosos mediados por redes sociais.

A pesquisa desse destacado representante atual da Escola de Frankfurt divide-se em duas partes. Na primeira, segmentada em seis capítulos, o leitor caminha pelos escritos de Lukács até Heidegger e Dewey, explora a teoria do reconhecimento e os contornos e fontes sociais da autorreificação e da reificação. Na segunda parte, ganham voz Judith Butler, Raymond Geuss e Jonathan Lear, que, em ensaios próprios, tecem comentários sobre a questão. Ao final, Honneth acrescenta sua réplica.

“Mais precisamente, Honneth procura mostrar no livro que, com a ajuda de sua teoria do reconhecimento, podemos utilizar novamente o conceito de reificação para apreender experiências diversas e complexas de subjetivação”, pontua na apresentação da obra Rúrion Melo, que traduziu o texto. Ainda na visão honnethiana, o conceito revela seu potencial crítico pela capacidade de abarcar modos de dominação não apenas ligados a fenômenos extremos de violência e coerção, como no caso de guerras e genocídios, mas também vinculados a comportamentos cotidianos e ocorrências mais latentes, ainda que sistemáticas, de desrespeito, como racismo e discriminação de pessoas, grupos e minorias, por exemplo.

Com amplo apoio teórico e linguagem límpida, o livro tem grande mérito ao sintetizar vinte anos de reflexões do autor sobre a reificação, apresentando um olhar surpreendente para as transformações do establishment social e político de nossos tempos aliando-se a outras vozes fortes. 

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp
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