Sociólogo examina persistência das crenças homeopáticas

Novo livro analisa como a homeopatia desafia a ciência moderna e continua a influenciar a sociedade  

Desde o século XVIII, a homeopatia desafia a medicina convencional, gerando debates acalorados. Enquanto muitos defendem sua eficácia, a comunidade científica frequentemente questiona a ausência de comprovações robustas. Agora, a Editora Unesp lança Cultura homeopática: uma investigação sobre a comunicação do desconhecimento, do sociólogo Lenin Bicudo Bárbara. A obra examina a disseminação da homeopatia através da agnotologia, buscando entender sociologicamente como essas crenças persistem, mesmo em face do conhecimento científico atual.

O livro levanta uma questão intrigante: por que a homeopatia ainda atrai tantos adeptos, mesmo sendo criticada pela ciência? Lenin Bicudo Bárbara investiga como essa prática, ao contrário de outras crenças médicas ultrapassadas, como a sangria, conseguiu sobreviver ao tempo. A análise histórica e sociológica da obra abrange desde os princípios de Samuel Hahnemann até as adaptações modernas no Brasil, como a homeopatia positivista e espírita. “Com base nas evidências científicas disponíveis e na posição da comunidade científica, não há fundamentos para acreditar que os preparados homeopáticos tenham efeitos terapêuticos específicos, ao contrário do que alegam os homeopatas”, observa o autor.

A investigação também destaca a aplicação da homeopatia em áreas como agronomia e pecuária, onde a prática se reinventa para manter relevância. Além disso, o autor considera o papel de instituições como o Conselho Federal de Medicina e o Sistema Único de Saúde na perpetuação e legitimidade da homeopatia.

Com uma abordagem crítica, Cultura homeopática convida os leitores a refletirem sobre a relação entre ciência, saúde e sociedade, questionando até que ponto as críticas científicas podem ser ignoradas. O livro oferece um panorama instigante sobre a construção cultural e a difusão de crenças médicas, incentivando uma reflexão profunda. “Neste livro, exploramos a cultura homeopática: ideias, narrativas, discursos, e controvérsias que unem e dividem os homeopatas desde a criação da doutrina”, destaca Bicudo. “O argumento central é que a complexa cultura em torno dos glóbulos de lactose explica por que muitos ainda ignoram que eles não são a cura prometida.”  

Sobre o autor

Lenin Bicudo Bárbara é graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo, com mestrado e doutorado em Sociologia pela mesma instituição. Foi pesquisador de pós-doutorado no Departamento de Sociologia da USP e atualmente atua como educador ambiental no Ibama. Suas pesquisas se concentram em teoria social, psicologia social, epistemologia, sociologia do conhecimento, estudos de gênero, filosofia e história das ciências. Publicou em periódicos como Tempo Social e Sociologia & Antropologia, e traduziu obras de Georg Simmel, Aby Warburg e Erich Auerbach.  

Título: Cultura homeopática: uma investigação sobre a comunicação do desconhecimento
Autor: Lenin Bicudo Bárbara
Número de páginas: 390    
Formato: 16x 23 cm
Preço: R$ 89
ISBN: 978-65-5711-261-8

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