Com a vigilância digital e a exposição pública tornando-se cada vez mais intrusivas, as relações entre identidade, privacidade e poder se complexificaram como nunca antes
Em tempos de vigilância digital e culto à transparência, Thomas DeGloma propõe uma inversão provocadora: compreender o anonimato não como ausência, mas como ação. Em Anônimos: a performance de identidades ocultas, lançamento da Editora Unesp em tradução de Giuliana Gramani, o sociólogo norte-americano investiga como e por que indivíduos e grupos optam por ocultar — ou são forçados a ocultar — suas identidades, e o que essa escolha revela sobre poder, agência e controle social.
“Atores anônimos ocultam sua identidade pessoal, o que chama nossa atenção para todas as maneiras como as pessoas podem evitar associações com dados de identificação enquanto agem em diferentes situações. Por exemplo, alguns usam dinheiro em espécie em vez de cartão de crédito para fazer compras, celulares ‘descartáveis’ em vez de telefones registrados para fazer ligações ou enviar mensagens ou software de anonimato e sistemas de criptografia digital para interagir online”, escreve DeGloma. “Outros publicam textos ou produzem arte sem usar seu nome pessoal, usam máscaras e roupas indistintas em protestos políticos para esconder suas características físicas ou agem por trás de uma entidade corporativa ou algum representante para participar de uma transação financeira. Em todos esses casos e em muitos outros, os atores dissociam e desconectam certas ações das identidades pessoais que carregam em outros aspectos de suas vidas.”
A partir desta ampla variedade de casos, DeGloma mostra que a invisibilidade pode ser uma forma de resistência, proteção ou protesto. O anonimato, argumenta, não é um refúgio moralmente ambíguo, mas uma performance social carregada de significado — um modo estratégico de agir sobre o mundo. Exemplos como o denunciante anônimo do impeachment de Donald Trump, o coletivo hacker Anonymous, e a autora Elena Ferrante ilustram as múltiplas dimensões dessa prática: política, ética, estética e existencial.
Ao reinterpretar o anonimato como performance, o autor desloca o debate para além da dicotomia entre verdade e disfarce. Em vez de pensar o anonimato como simples negação de identidade, ele o apresenta como linguagem de interação, construída em contextos específicos e com finalidades precisas. Assim, as pessoas não apenas “são” anônimas — elas “agem” anonimamente, negociando significados, resistindo a estruturas e criando novas formas de presença pública.
Sobre o autor – Thomas DeGloma é professor associado de sociologia no Hunter College e no Graduate Center da City University of New York. Ele é autor de Seeing the Light: The Social Logic of Personal Discovery e coorganizador de Interpreting Contentious Memory: Countermemories and Social Conflicts Over the Past e The Oxford Handbook of Symbolic Interactionism.
Título: Anônimos: a performance de identidades ocultas
Autor: Thomas DeGloma
Tradução: Giuliana Gramani
Número de páginas: 389
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 94
ISBN: 978-65-5711-302-8
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