Kant e Fichte veem o homem como construtor da realidade com a responsabilidade de construir a própria natureza humana. O ponto de partida de Kant é o problema da conciliação entre a disciplina necessária a toda formação e a liberdade inerente ao próprio homem. Na mesma perspectiva humanista, Fichte faz da liberdade condição absoluta da ação educativa. Luc Vincenti desenvolve esse núcleo revolucionário do pensamento pedagógico.
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Atualmente, há cerca de vinte milhões de analfabetos no Brasil, resultantes de um processo histórico longo, com lutas políticas e ideológicas mal resolvidas. Ao cidadão talvez pareça natural a ideia de que o Estado tem o dever de propiciar a todos os indivíduos, por meio da educação, o acesso à leitura e à escrita, como uma das principais formas de inclusão social, cultural e política e de construção da democracia. Nesta obra, a autora aborda conceitos como alfabetização e analfabeto, até sua gradativa substituição por expressões e noções como letramento e iletrado. Analisa a trajetória percorrida e o esgotamento de determinadas possibilidades teóricas e práticas no campo educacional evocando meios para sua superação, bem como para o resgate da dívida histórica com os excluídos da participação social, cultural e política no Brasil.
Historiador da filosofia conhecido sobretudo por seus estudos sobre Rousseau e Montaigne, Jean Starobinski retoma aqui a análise da gênese ideológica da Revolução Francesa. Rastreando a formação do conceito moderno de liberdade pelo imaginário estético do século XVIII, Starobinski restitui a complexidade do ideário que animou esse importante fato histórico. Análises iconográficas e textuais aparecem entrelaçadas a fim de possibilitar a compreensão das modalidades de interação entre filosofia e imaginário.
Para Maurício Tragtenberg, a vida e o trabalho significam a base do interesse no conhecimento e, se alunos manifestam desinteresse pela escola, isto deriva da miséria cultural das famílias, muitas vezes também da sua miséria material, obrigando-os a procurar alguma ocupação para sobreviver precariamente. Porém, Tragtenberg não busca só fora da escola as razões do desalento e do desprezo dos alunos, motivadores da evasão escolar. Denuncia a má qualidade do ensino e sua inutilidade para a existência deles, tanto na maioria das escolas primárias, secundárias, como na maioria das universidades, contribuindo com o prestígio da burocracia educacional.
No presente livro, Russell se debruça sobre aspectos que, sistematicamente consolidados nas infraestruturas do ensino, são aceitos como naturais. Ele condena, por exemplo, o hábito de estimular os alunos a decorar determinadas informações às vésperas de exames. “O tipo adequado de instrução ensina a usar livros, não façanhas mnemônicas inúteis que se destinam a tornar os livros desnecessários”. O autor milita por um conceito de “educação livre”, sem as amarras conservadoras que sempre caracterizaram o ensino de uma maneira geral. Essa noção de liberdade, para Russell, implica inclusive liberar a criança da presença em sala de aula em certas situações para deixá-la simplesmente “ir brincar”. O ódio pelas autoridades que a oprimem, ele crê, poderá se entranhar nela e se transformar, no futuro, em desejo de infligir opressão equivalente a seus pares. Seu olhar sobre o tema, no entanto, não se atém aos limites da sala de aula ou da escola. Passa também por reflexões sobre religião, sexo, patriotismo, competição, propaganda.
Marramao discute o típico dualismo ocidental entre pensamento laico e religioso. A noção de secularização e secular, em especial, merece do autor um estudo aprofundado onde são reconstruídos contextualmente os deslocamentos semânticos e as extensões metafóricas pelos quais esta crucial e controversa noção veio a se transformar de terminus technicus, originariamente surgido no âmbito jurídico, em básico conceito teológico e de filosofia da história.