Giacomo Marramao explora as características da modernidade e a função nela desempenhada pela intuição do tempo, tal como se condensa nas categorias de progresso, revolução e libertação. O ponto central do livro reside no desenvolvimento da nova categoria de sociedade antagonista, com a qual procura renovar o pensamento político de esquerda do nosso tempo, a partir do que chama uma ética transpolítica.
Giacomo Marramao (1946) estudou Filosofia da Universidade de Florença e Ciências Sociais na Universidade de Frankfurt. Atualmente é professor de Filosofia Política no Instituto Universitário Oriental de Nápoles e Diretor da Fundação Basso-Issoco (Roma). Como professor visitante tem colaborado em numerosas instituições: Sorbonne, Nanterre; Universidade Livre de Berlim; Universidades de Frankfurt, Viena, Helsinque, Barcelona; e, nas Américas, Universidade de Colúmbia, Nova York; Universidade Autônoma do México; Universidade de Buenos Aires; Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Estadual Paulista. Entre suas numerosas publicações, podem ser destacadas: Marxismo e revisionismo in Italia, Bari, 1971; Il político e le trasformazioni, Bari, 1979; L’ordine disincantato, Roma, 1985; Minima temporalia: apologia del tempo debito, Roma-Bari, 1992; Cielo e terra: genealogia dela secolarizzazione, Roma-Bari, 1994.
Marramao discute o típico dualismo ocidental entre pensamento laico e religioso. A noção de secularização e secular, em especial, merece do autor um estudo aprofundado onde são reconstruídos contextualmente os deslocamentos semânticos e as extensões metafóricas pelos quais esta crucial e controversa noção veio a se transformar de terminus technicus, originariamente surgido no âmbito jurídico, em básico conceito teológico e de filosofia da história.
Que toda realidade seja concebida como processo em curso que depende de uma relação de interação; que todo real nunca seja analisável como entidade individual, mas como relação; que na origem de todo fenômeno haja, consequentemente, não uma, mas duas instâncias funcionando correlativamente (yin/yang, Terra/Céu, paisagem/emoção...), essa é a representação de base da cultura chinesa, cujas implicações podemos entender pela leitura de Wang Fuzhi (1619-1692). Ou seja, uma regulação ininterrupta do curso (tanto do mundo como da consciência), um vaivém do visível e do invisível em uma correlação essencial, uma afirmação dos valores que, sendo da ordem da natureza, não conduz a uma ruptura dualista ou a um “ser” metafísico. A leitura de François Jullien se diz problemática porque propõe entre “processo” e “criação” (como é entendida no Ocidente) uma alternativa que nos permite apreender o traço singular adquirido por um contexto de civilização, que foi assimilado como evidência e serve de forma (inconsciente) de racionalidade. Um modo também de redescobrir os partis pris ocultos em nosso próprio cogito.
Dentre os vários assuntos discutidos neste livro, estão os medos na infância, a importância das brincadeiras, as formas de se lidar com o egoísmo infantil, o papel da escola maternal e a relevância da educação sexual. Russell aborda esses e outros aspectos que ainda frequentam a agenda dos debates pedagógicos – como a questão dos castigos físicos, por exemplo – de maneira bastante inovadora para a época e extremamente influente para experimentos educacionais posteriores.
Nesta obra, são exploradas facetas das relações culturais entre Brasil e Estado Unidos sobre as naturezas das iniciativas dos Estados Unidos dirigidas ao meio artístico brasileiro nas décadas de 1960 e 1970. A autora parte do princípio de que havia uma distância entre a realidade, os silêncios tácitos e os objetivos camuflados. O livro está organizado em quatro capítulos: no primeiro, recupera-se brevemente o percurso histórico e bibliográfico sobre a aproximação dos Estados Unidos em relação ao Brasil no campo das artes, assim como se discute o conceito de “políticas de atração”; no segundo capítulo é examinada a conexão entre mostras circulantes promovidas pelo Museum of Modern Art (MoMA) e as “políticas de atração”; o terceiro capítulo é dedicado observar o envolvimento de instituições com as “políticas de atração”, com destaque para o Instituto Brasil-Estados Unidos do Rio de Janeiro (Ibeu RJ); e por fim, são examinadas as relações do Itamaraty com as “políticas de atração” por meio de um estudo de caso: a recuperação da história do Brazilian-American Cultural Institute (BACI), fundado oficialmente em 1964. A hipótese com a qual se trabalha é que “políticas de atração” e ações promovidas pela ditadura militar para o campo artístico não estão necessariamente relacionadas entre si, embora haja convergência de interesses em algumas conjunturas específicas. Desse modo, a instrumentalização da arte e da cultura durante o governo militar foi discutida aqui a partir de casos particulares e de ações específicas, e muitas das análises mais gerais sobre as atividades da diplomacia cultural brasileira durante a Guerra Fria e em relação à ditadura militar permanecem abertas.
Neste livro, a filósofa Maria das Graças de Souza, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, mostra que é possível encontrar uma unidade de pensamento na multiplicidade de textos e abordagens do filósofo francês. Para a autora, é no naturalismo materialista que Diderot amplia a exigência de uma crítica racional da representação teológica do mundo, atribuindo à totalidade material tudo o que a tradição até então tinha considerado fruto da transcendência. A vida pública e a história seriam determinadas por necessidades materiais, sem nenhum tipo de crença em nenhuma forma de panteísmo. Segundo Diderot, o pensamento materialista, portanto, não se destina a manifestar uma realidade oculta no sentido místico, mas a ter uma clareza muito maior na explicação da natureza do mundo.