Relações artístico-culturais entre Estados Unidos e Brasil nas décadas de 1960 e 1970
Nesta obra, são exploradas facetas das relações culturais entre Brasil e Estado Unidos sobre as naturezas das iniciativas dos Estados Unidos dirigidas ao meio artístico brasileiro nas décadas de 1960 e 1970. A autora parte do princípio de que havia uma distância entre a realidade, os silêncios tácitos e os objetivos camuflados. O livro está organizado em quatro capítulos: no primeiro, recupera-se brevemente o percurso histórico e bibliográfico sobre a aproximação dos Estados Unidos em relação ao Brasil no campo das artes, assim como se discute o conceito de “políticas de atração”; no segundo capítulo é examinada a conexão entre mostras circulantes promovidas pelo Museum of Modern Art (MoMA) e as “políticas de atração”; o terceiro capítulo é dedicado observar o envolvimento de instituições com as “políticas de atração”, com destaque para o Instituto Brasil-Estados Unidos do Rio de Janeiro (Ibeu RJ); e por fim, são examinadas as relações do Itamaraty com as “políticas de atração” por meio de um estudo de caso: a recuperação da história do Brazilian-American Cultural Institute (BACI), fundado oficialmente em 1964. A hipótese com a qual se trabalha é que “políticas de atração” e ações promovidas pela ditadura militar para o campo artístico não estão necessariamente relacionadas entre si, embora haja convergência de interesses em algumas conjunturas específicas. Desse modo, a instrumentalização da arte e da cultura durante o governo militar foi discutida aqui a partir de casos particulares e de ações específicas, e muitas das análises mais gerais sobre as atividades da diplomacia cultural brasileira durante a Guerra Fria e em relação à ditadura militar permanecem abertas.
Dária Jaremtchuk é professora livre-docente pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP), onde ensina História das Artes. Foi pesquisadora visitante na Brown University (2011-2012) e na Georgetown University (2017-2018) com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Em 2016, participou do Programa Ano Sabático do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP com a pesquisa sobre o trânsito de artistas brasileiros para os Estados Unidos. Foi professora visitante na Emory University (2019), por ter sido selecionada pelo Programa Fulbright para a Cátedra de Estudos Brasileiros. Publicou o livro Anna Bella Geiger: passagens conceituais (2007) e diversos artigos sobre “exílios artísticos” nas décadas de 1960 e 1970.
Há quase trinta anos, o sociólogo, antropólogo e filósofo francês Bruno Latour vem se dedicando a refletir sobre o casamento, não livre de adversidades, da ecologia com a política. Se não é exatamente recente o boom dos movimentos engajados em ativismo ambiental, é preciso trazer ao debate a questão: diante das transformações climáticas, das agressões sistemáticas das quais o planeta padece, eles têm conseguido efetivo respaldo político? A ecologia política é capaz, afinal, de dar conta desse delicado desafio?
Qual o papel do intelectual quando as posições extremadas parecem turvar todo o debate? Qual a relação entre cultura e política em uma sociedade democrática? Essas perguntas estão no cerne das preocupações de Norberto Bobbio e são exploradas ao longo dos 15 ensaios coligidos neste Política e cultura. Escrito em um ambiente marcado pela Guerra Fria e pelo fracasso na Itália das forças políticas que procuravam alternativas à polarização entre socialismo e capitalismo, Política e cultura é um dos principais livros de Bobbio, traduzido para 19 idiomas e com mais de 300 mil exemplares vendidos no seu país de origem. Nesta obra, o autor desenvolve reflexões vinculadas ao seu ideal de um novo liberalismo, fortemente sensível aos temas da justiça social, mas convicto também em exigir a limitação constitucional e o controle permanente dos poderes do Estado por parte dos cidadãos.
Nesta obra, o intelectual britânico reafirma a radicalidade da sua crítica cultural – e social. Revela, ainda, uma inquietante preocupação com a relação ambivalente entre política revolucionária socialista e vanguarda artística. O teórico investiga as raízes do modernismo e o contextualiza não só nas profundas transformações sociais da época, mas também nas relações de produção das quais participavam seus artistas expoentes nos centros de dominação metropolitana.
Pela primeira vez publicado em língua portuguesa, o intelectual alemão Günter Frankenberg apresenta uma análise das técnicas das quais o Estado se vale para exercer e preservar seu poder – especialmente em tempos de Guerra ao Terror, quando governos transcendem o Estado de direito e pervertem as técnicas de segurança nacional. No percurso de sua análise, o autor não apenas joga luzes sobre algumas ambivalências do Estado de direito, mas também defende a legalidade democrática contra tendências que pretendem naturalizar o estado de exceção.
Neste livro, o argentino radicado no Brasil Héctor Luis Saint-Pierre, remando contra a maré antiesquerdista desses tempos neoliberais, oferece um estudo bem fundamentado dos aspectos estratégicos da guerra revolucionária, tanto do ponto de vista teórico quanto do de suas manifestações práticas ao longo da história. Analisando suas concepções a partir dos gregos e mostrando suas origens camponesas, no século XV, como reação espontânea e inconsciente da massa, o autor chega às modernas teorias antiespontaneístas de Lenin e de outros revolucionários, assim como às manifestações atuais da luta armada e do terrorismo. Longe de qualquer panfletarismo, trata-se aqui de um estudo sério e erudito, que faz um apanhado atualizado da questão, e que interessa não só a políticos, historiadores e cientistas sociais, mas ao público em geral.