Tendo como ponto de partida a constatação de Greimas a respeito da importância dos modelos figurativos na inventividade científica, o autor, na linha da semiótica narratológica, estuda a significação da metamorfose no pensamento mítico, tomando como núcleo de reflexão o mito de Narciso. A escolha da metamorfose, como modelo figurativo de importância fundamental, permite uma reflexão e uma compreensão do lugar e da função da racionalidade mítica não apenas na linguagem verbal, mas em qualquer tipo de linguagem.
Ignacio Assis Silva nasceu em Itapecerica da Serra, SP. É bacharel e licenciado em Letras Clássicas pela Universidade de São Paulo, onde fez pós-graduação e se doutorou, em 1973, com a tese A dêixis pessoal. Desenvolveu, a convite de A. J. Greimas, estudos de pós-doutorado, na École des Hautes Études en Sciences Sociales. É um dos fundadores do Centro de Estudos Semióticos, que publica Significação. Revista Brasileira de Semiologia. Lecionou no Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, da Unesp – câmpus de São José do Rio Preto e atualmente trabalha em cursos de graduação e pós-graduação, junto ao Departamento de Linguística, da Faculdade de Ciências e Letras, da Unesp – câmpus de Araraquara.
O objetivo deste livro é apresentar a seleção de elementos teóricos que podem e devem nortear a montagem de um dicionário de língua, entendido como um guia de uso, enfoque que acarreta uma série de tomadas de posição sobre diversos aspectos da estrutura e do funcionamento do sistema linguístico. Nesse sentido, após explicar questões de metodologia, a obra se debruça sobre o léxico, as alterações semânticas e os problemas relacionados à montagem de dicionários de língua. A obra resulta da síntese e convergência de estudos que proporciona uma viagem entre o lexical dos itens em circulação na sociedade, o sintático das combinatórias, a sincronia dos usos e o histórico das alterações, mostrando a vida da língua na força de suas significações.
Atualmente, há cerca de vinte milhões de analfabetos no Brasil, resultantes de um processo histórico longo, com lutas políticas e ideológicas mal resolvidas. Ao cidadão talvez pareça natural a ideia de que o Estado tem o dever de propiciar a todos os indivíduos, por meio da educação, o acesso à leitura e à escrita, como uma das principais formas de inclusão social, cultural e política e de construção da democracia. Nesta obra, a autora aborda conceitos como alfabetização e analfabeto, até sua gradativa substituição por expressões e noções como letramento e iletrado. Analisa a trajetória percorrida e o esgotamento de determinadas possibilidades teóricas e práticas no campo educacional evocando meios para sua superação, bem como para o resgate da dívida histórica com os excluídos da participação social, cultural e política no Brasil.
Rastro, hesitação e memória. São estas noções de grande alcance para o estudo da literatura em geral e, em particular, para a poesia do século XX. Com elas, Pablo Simpson nos apresenta o primeiro estudo monográfico no Brasil dedicado ao poeta francês Yves Bonnefoy (1923-2016). Trata-se de um busca pelas diversas figurações do tempo numa poesia em que estatuto do tempo é o lugar de sua legitimação e de verdade. Tal busca é o que permite ao autor relacionar, igualmente, uma reflexão sobre o tempo com um conjunto de obras literárias que são convocadas e analisadas ao longo do estudo, como as de Baudelaire, Marcel Proust, Pierre Jean Jouve e Philippe Jaccottet.
Neste livro, Luiz Costa Lima revisita temas que lhe são caros em sua trajetória crítica, ajustando as lentes para um aprofundamento da análise de obras como Os sertões, de Euclides da Cunha, e Casa-grande & senzala, de Gilberto Freyre. Articulando potente repertório crítico, Costa Lima acrescenta novas camadas de problematização sobre a fortuna crítica desses autores.
Aguinaldo Gonçalves analisa o sistema poético da obra A educação pela pedra , de João Cabral de Melo Neto, a partir da macroestrutura e de alguns procedimentos de linguagem do livro e o situa no conjunto da obra do poeta. Em seguida, a partir de observações sobre a poética pictórica do pintor espanhol Joan Miró, Gonçalves busca estabelecer aquilo que chama de “homologia estrutural” entre as duas linguagens – a poética e a pictórica –, mantendo essa identidade de base sem cair na arbitrariedade que frequentemente ronda os estudos comparados. As observações de ordem intertextual feitas acerca do poeta permitem o salto para essa intersemioticidade por onde entra o pintor. Essa comparação entre as artes prepara analiticamente a investigação da linguagem do poeta como marcada por uma intensa leitura da própria obra (o que o autor chama de autotextualidade), sem deixar de considerar as relações de João Cabral com as artes plásticas. Essas leituras de Aguinaldo José Gonçalves são todas elas momentos de convergência em que o verbal e o visual tecem uma rede muito bem tramada de anotações analíticas.