Uma investigação sobre o processo de leitura
O propósito deste livro é discutir a questão do procedimento de leitura. Partindo da problemática da interpretação e compreensão, pretende refletir sobre diferentes perspectivas teoricas que possam contribuir para o seu melhor entendimento. Para amparar essa discussão, toma o texto O príncipe, de Nicolau Maquiavel, e observa como se construíram suas diferentes leituras ao longo da história, recuperando o contexto sócio-histórico em que a obra foi escrita e examinando sua organização discursiva, para, em seguida, procurar compreender os diferentes mecanismos interpretativos desencadeados por vários de seus leitores.
Arnaldo Cortina nasceu em Jundiaí (SP), em 1956. Graduou-se em Letras, descobrindo aí a Linguística e, consequentemente, o trabalho com a linguagem no estudo do texto. Concluiu o mestrado, em 1988, e o doutorado, em 1994, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Iniciou sua carreira no ensino universitário em 1987, no Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), câmpus de São José do Rio Preto. A partir de 1996, transferiu-se para a Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, câmpus de Araraquara, onde atua no ensino de graduação e de pós-graduação.
A arte de pagar suas dívidas e satisfazer seus credores sem desembolsar um tostão é um título que já resume, de certa forma, esta peculiar obra. Datada de 1827 e publicada em Paris, seu autor é considerado Émile Marc Hilaire, que em seu tempo foi responsável por escrever uma série de “guias” como este (A arte de nunca almoçar sozinho e sempre jantar na casa dos outros, A arte de fumar e apreciar rapé sem desagradar as belas, ou A arte de colocar sua gravata), direcionados à elite da época e publicados por Honoré de Balzac (que provavelmente foi o verdadeiro autor dessas obras). Nesta obra são apresentadas em dez lições (e uma conclusão), com uma série de artifícios para o devedor ganhar a confiança do seu credor. Ao contrário do que o supostamente óbvio título indica, esta obra se configura mais como uma sátira que um guia. Com uma linguagem sarcástica, são apresentadas as facetas da vida econômica e social da França do século XIX, levando o leitor atual a descobrir este tempo por meio de uma leitura incomum.
O conjunto de entrevistas reunidas em A política e as letras apresenta ao leitor um Raymond Williams pouco conhecido do público brasileiro. Gestado com o intuito de discutir sistematicamente o pensamento do intelectual britânico, este livro propõe uma rara reflexão biográfica em que trajetória pessoal e reconstruções teóricas se conformam em um instigante debate sobre a própria atividade intelectual.
Os cinco ensaios desta obra retratam os caminhos percorridos por Luiz Gonzaga Belluzzo em sua tentativa de desvendar os movimentos contemporâneos do capital. No lugar de uma reflexão árida e impermeável, à imagem de muitas interpretações econômicas tecnocratas, o autor nos oferece aqui um panorama multifacetado e transdisciplinar de algumas questões centrais do mundo moderno, como a financeirização da economia. Para isso, o autor lança mão de clássicos da economia política, como Marx e Keynes, filósofos, como Berman e Marcuse, e vozes contemporâneas, sejam elas de representantes do sistema econômico ou de movimentos sociais contestatórios.
Esta obra tem como o objetivo central a investigação de fenômenos prosódicos do Português Arcaico, a partir de uma comparação das características linguísticas das cantigas medievais profanas com as das cantigas religiosas. Para a análise fonológica, será usado o aparato fornecido pela Teoria da Otimalidade.
Durante a análise, são colocados lado a lado fenômenos fonológicos segmentais e fenômenos prosódicos (tais como acento, ritmo, estruturação silábica e processos fonológicos que façam referência direta a esses fenômenos), em um período passado, do qual não se tem registros orais.
“Que profissão eu deveria colocar em meu cartão de visitas: historiador, antropólogo, filósofo? Prefiro não escolher. Não me reconheço na filosofia pura, não domino bem essa postura, não fico à vontade no discurso inteiramente abstrato. A antropologia filosófica me convém melhor, mas ela não existe como disciplina autônoma. Historiador, talvez, com a condição de incluir no objeto da história a vida moral, a vida estética. Em certa época, eu dizia que queria buscar o ‘sentido moral’ da história.” Talvez Todorov seja um intelectual inclassificável. Segundo o próprio, talvez “humanista” seja o único rótulo que lhe caberia em qualquer época de sua vida como pesquisador e escritor. Neste livro, estão reunidas as entrevistas que ele concedeu a Catherine Portevin, nas quais lhe foi proposta a difícil tarefa de se debruçar sobre a própria obra e avaliar os elementos biográficos que teriam contribuído para suas escolhas intelectuais.