Um diálogo teimoso na educação
O trabalho de Antônio Marques do Vale propoe-se a detectar o lugar da educação no conjunto da produção intelectual do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros), entidade surgida efetivamente em 1955, com o fim de formular uma concepção da realidade social brasileira. O objetivo do trabalho é estudar somente os cinco autores "históricos", os que, provindos do anterior Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (IBESP), estiveram presentes desde o primeiro momento da fundação do ISEB, exatamente os que foram escolhidos para diretor executivo e para dirigir departamentos. Eram eles: Roland Cavalcanti de Albuquerque Corbisier, Álvaro Vieira Pinto, Cândido Antônio Mendes de Almeida, Hélio Jaguaribe Gomes de Matos e Alberto Guerreiro Ramos.
Antônio Marques do Vale é mestre e doutor em Filosofia e História da Educação pela Unesp, câmpus de Marília. Mestre em Filosofia (Lateranense, Roma) e em Teologia Dogmática (Gregoriana, Roma); doutorado pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo. Professor de graduação e pós-graduação na Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR).
A relação entre os intelectuais e a política jamais deixou de estar no centro das atenções. Com o que ficar: com a verdade do conhecimento ou com os fatos do poder; com as dúvidas "pessimistas" da razão crítica ou com as certezas quase sempre "otimistas" da vontade política? É sobre perguntas como essas que o autor se debruça. O pensamento político e a análise da cultura são convocados em conjunto para dar um diagnóstico de algumas das questões mais importantes da sociedade contemporânea.
Livro que leva o título da conferência, seguida de debate, realizada no Instituto Nacional da Pesquisa Agronômica (INRA), pode ser classificado como uma sociologia da produção científica que se vale da teoria dos campos sociais, para discutir questões relevantes. O autor acredita que a luta pela "verdade" científica no interior do campo é um jogo de lucros e perdas e que os "campos científicos" são o espaço de confronto necessário entre duas formas de poder que correspondem a duas espécies de capital científico: o social (ligado à ocupação de posições importantes nas instituições científicas) e o específico (que repousa sobre o reconhecimento pelos pares, também o mais exposto à contestação). Sob sua ótica, essas contradições podem ser ultrapassadas com a sociologia da ciência.
O nome de Primo Levi é indissociável do contundente e brilhante relato de sua vida no campo da morte de Auschwitz e da busca pelo seu significado. Sua grandeza, além do valor intrínseco do testemunho da barbárie, está na insistência em questões que confrontam nossas certezas do mundo. Busca entender racionalmente algo que está além de qualquer medida humana para combater aquela que teria sido a realização plena do fascismo: “a consagração do privilégio, a instauração definitiva da não igualdade e da não liberdade”. Nos artigos e ensaios aqui reunidos, Primo Levi volta a discutir o significado do campo de concentração, comparando-o a algo que simultaneamente é e não é humano. Na primeira parte, a inteligência do pensador italiano busca explicar o enigma Auschwitz e seus desdobramentos no pós-guerra. Na segunda, apresenta textos especulativos sobre temas científicos, históricos e literários.
Nascida em 25 de julho de 1908, em Roma, e falecida em 19 de agosto de 2000, em Montevidéu, Luce Fabbri agitou a bandeira anarquista ao longo do século em dois continentes. A partir dos depoimentos da própria Luce Fabbri e de seus diversos textos - livros, folhetos, artigos de jornal e revista -, a historiadora Margareth Rago, professora da Universidade Estadual de Campinas e especialista em história do feminismo e do movimento anarquista, relata a vida fascinante dessa mulher que foi educadora do ensino secundário, professora da Universidade da República do Uruguai, escritora e poeta. Crítica feroz do stalinismo, Luce lutou contra o fascismo italiano e as ditaduras latino-americanas. Trata-se de um ponto de vista feminino sobre as experiências que compõem a história do anarquismo entre Itália, França, Suíça e América Latina.
Inimigos da esperança é um ensaio de Lindsay Waters que objetiva "exortar os acadêmicos a tomar medidas para preservar e proteger a independência de suas atividades, tais como escrever livros e artigos, da forma como antigamente os concebiam, antes que o mercado se torne nossa prisão e o valor do livro seja depreciado". Para ele, "os editores acadêmicos enfrentam perigos oriundos de todos os lados: do público, dos contribuintes, dos professores, dos estudantes, dos bibliotecários, de seus próprios colegas. Entre os administradores universitários e os próprios editores acadêmicos, que parecem se sentir forçados a concordar com expectativas que não são razoáveis, surgiu a idéia de que as editoras universitárias deveriam se transformar em 'centros lucrativos' e contribuir para o orçamento geral da universidade. De onde veio essa idéia? Ela é péssima. Desde Gutenberg, temos registro financeiros contínuos sobre as publicações no Ocidente, e está provado que os livros são um negócio ruim. ... E a idéia de tentar extrair dinheiro das editoras Universitárias - as mais pobres de todas as editoras - é o mesmo que esperar que os ratos da igreja contribuam para a conservação do local".