“A linguagem poderia nos ferir se não fôssemos, de alguma forma, seres linguísticos, seres que necessitam da linguagem para existir?” Sensíveis às complexidades e à emergência das discussões sobre a liberdade de expressão e cultura do “cancelamento”, as reflexões que decorrem desta leitura são atuais, necessárias e fecundas. Preocupada com a necessidade de aumentar o poder de ação de dominados e subordinados, a autora problematiza algumas importantes questões que permeiam o debate sobre a criminalização do discurso de ódio.
Judith Butler é professora de retórica e literatura comparada na Universidade da Califórnia, em Berkeley. É uma das principais teóricas atuais nas áreas de feminismo contemporâneo, teoria queer, filosofia política e ética.
Este livro é uma conversa entre quatro das principais teóricas feministas da atualidade. Esse intercâmbio foi iniciado em um simpósio sobre feminismo e pós-modernismo, em 1990, na Filadélfia. As palestrantes originais eram Seyla Benhabib e Judith Butler, com Nancy Fraser como mediadora. A escolha deste grupo específico não era acidental: ainda que essas três teóricas tivessem muito em comum – obras bem estabelecidas sobre teoria feminista – elas também eram conhecidas por terem modos diferentes de se relacionar com o mesmo tópico. Esta conjunção de similaridade e diferença, combinada à reputação de cada uma como teórica poderosa, assegurava um debate consequente. Com a confirmação deste resultado, os textos do simpósio foram publicados na revista Praxis International, em 1991. Depois dessa publicação, decidiu-se ampliar a discussão: foram incluídas uma contribuição de Drucilla Cornell e uma resposta de cada uma das integrantes da “gangue das quatro” à palestra original das outras. Posteriormente, tudo foi publicado no livro que agora chega ao público brasileiro.
As quatro novelas aqui reunidas são ambientadas em Nova York, entre as décadas de 1840 e 1870. São elas: “Falso amanhecer”, a célebre “A solteirona”, “A faísca” e “Dia de Ano-Novo”. Esses textos, gestados no auge do processo criativo da autora, com seus enredos e personagens marcantes, abrem ao leitor uma janela para os códigos e costumes que permeavam a estrutura e o funcionamento da sociedade norte-americana no fim do século XIX.
Este livro chega ao Brasil em um momento particularmente fecundo para o enfrentamento dos muitos problemas que Butler aponta: esta tem sido uma época especialmente desfavorável para mulheres, homossexuais, lésbicas e pessoas trans, com índices de violência impressionantes. Autora incontornável no que diz respeito às reflexões sobre formas de segregação, Butler está “desfazendo” o conceito de gênero como único e exclusivo recorte para análise das injúrias e violações a que as chamadas “pessoas dissidentes de gênero” são submetidas.
Os elos entre a filosofia e a história são o tema deste estudo. A base teórica é o pensamento do historiador Paul Veyne, que reflete sobre a sua prática de um ponto de vista que leva em conta questionamentos de cunho filosófico. A partir daí, são apontadas questões filosóficas que o historiador deve levar em conta em suas pesquisas. Ao longo do livro são definidos e encadeados elementos constitutivos da tarefa narrativa do historiador e da sua construção teórica. Temas que dizem respeito ao objeto da história e à causalidade histórica, assim como relações entre conceito, acontecimento e totalidade histórica, são enfocados, como também as diferentes concepções filosóficas da ligação entre o ato de narrar em si mesmo e o de construir filosoficamente essa narrativa.
Depois de 1945 combina o relato autobiográfico a um sobrevoo sobre a história alemã e a história mundial após a Segunda Guerra Mundial, oferecendo reflexões perspicazes sobre Samuel Beckett e Paul Celan, uma exegese detalhada do pensamento de Martin Heidegger e Jean Paul Sartre e análises insuspeitadas sobre fenômenos culturais que vão de Edith Piaf até o Relatório Kinsey. Essa incursão pessoal e filosófica sobre o século passado lança cores e luzes sobre a análise de nossa identidade atual.