Ensaios sobre a incerteza do instante
O estudo sociológico do desconhecimento é relativo ao modo de conhecer-se da sociedade contemporânea, uma sociedade estruturalmente caracterizada por fatores ocultos necessários à sua reprodução como sociedade para a atualidade do capital. É o preço que, sem saber, a sociedade paga pelo modo capitalista de produzir e pelo modo capitalista de viver e de pensar. A sociologia do desconhecimento abordada por José de Souza Martins é a sociologia do conhecimento de Karl Mannheim aplicada à realidade social dominada pela falsa consciência sem a qual a sociedade capitalista não pode se reproduzir.
José de Souza Martins é sociólogo. Professor Titular aposentado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, da qual se tornou Professor Emérito em 2008. Foi professor visitante da Universidade da Flórida (EUA) e da Universidade de Lisboa, havendo sido eleito professor da Cátedra Simón Bolívar da Universidade de Cambridge e fellow de Trinity Hall (1993-1994). Em 2015, foi eleito para a Cadeira nº 22 da Academia Paulista de Letras. Autor de mais de duas dezenas de obras, publicou, pela Editora Unesp, o livro de crônicas O coração da Pauliceia ainda bate (2017, em coedição com a Imprensa Oficial), que em 2018 recebeu menção honrosa no Prêmio Abeu e foi finalista do Jabuti.
Percorrendo um caminho que vai das abordagens de Weber e Durkheim aos debates atuais sobre as questões religiosas, esta obra mostra que as religiões são fatos sociais cuja análise permite compreender melhor as sociedades e sua evolução. O objetivo de Jean-Paul Willaime não é apresentar as denominações existentes, mas sim o modo como se construiu, ao longo do tempo, através de uma pluralidade de olhares, um campo de estudo particular: a sociologia das religiões.
Este livro propõe uma abordagem inovadora para o estudo das crises políticas. Em vez de tratá-las como imprevistos ou patologias, Michel Dobry as compreende como a norma das relações sociais. O autor não desconsidera que tais fenômenos possuem aspectos históricos, factuais ou acidentais. Porém, sua reflexão concentra-se na idealização de um esquema teórico que ultrapasse as singularidades em benefício de revelar suas dinâmicas características. Lançado originalmente em 1986, este livro logo se tornou um clássico da área. Nesta terceira edição, traduzida pela Editora Unesp, Dobry revisou o texto e adicionou um prefácio, de 2009, no qual atualiza sua teoria e dialoga com a recepção desta que é sua principal obra.
A presente obra divide-se em duas partes: uma metodologia geral e um conjunto de estudos de caso. Tem como objeto a análise de fenômenos que costumamos chamar “sociais” (classes, fábricas, movimentos de luta), mas uma de suas forças é justamente o fato de manter distância do predicado “social”, em benefício de outro, considerado mais fundamental: o predicado “política”.
Jurista de formação, Tarde, infelizmente, ficou conhecido como o rival histórico de Émile Durkheim e, em sua época, sua obra não obteve o devido conhecimento - muito possivelmente por conta da complexidade e originalidade de suas ideias, além de sua aversão pelo determinismo evolucionista que constituía o mainstream intelectual de fins do século XIX. A presente edição tem o mérito de apresentar ao leitor brasileiro um panorama das principais noções que fundamentam a obra de Tarde, que influenciou filósofos e cientistas sociais como Henri Bergson (1859-1941), Gilles Deleuze (1925-95), Bruno Latour e Eduardo Viveiros de Castro. Além do ensaio que dá título à obra e que constitui a base do inusitado pensamento sociológico tardiano, compõem esta edição "A var iação universal", "A ação dos fatos futuros" e "Os possíveis", além de uma carta autobiográfica de Tarde, uma listagem bibliográfica do e sobre o autor e da instigante apresentação assinada por Eduardo Viana Vargas, organizador do volume.
São muito recentes os estudos sobre a presença feminina nas Forças Armadas na América Latina. Os ensaios reunidos neste livro mostram como as mulheres que desejam integrar os quadros da instituição precisam se acomodar a uma estrutura tradicionalmente masculina, enfrentando preconceitos que vão desde a impressão de não serem disciplinadas à ideia de que não têm capacidade para suportar as duras tarefas físicas que a profissão militar impõe.