Neste livro, o sociólogo José de Souza Martins retrata o contexto histórico e social no qual se deu a Semana de Arte Moderna. Na esteira do novo paradigma estético que se impunha, a memória poética de muitos foi sacrificada, e Francisca Júlia, figura então central do parnasianismo e simbolismo brasileiro, foi submetida à sua segunda morte, após ter acabado com sua própria vida meses antes daquele paroxismo modernista, aos 49 anos. A biografia dessa poeta maiúscula é estratégica para a exposição do meio social, cultural e artístico que prenunciava a Semana e definiria o panorama nacional subsequente. Mais do que compor um retrato de uma vida trágica, eivada de adversidades pessoais e sociais, procura-se aqui fazer justiça à trajetória que expõe a condição limitante da mulher literata de então, em paralelo com a sofisticação gradualmente conquistada pela cidade que a abrigava.
José de Souza Martins é sociólogo. Professor Titular aposentado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, da qual se tornou Professor Emérito em 2008. Foi professor visitante da Universidade da Flórida (EUA) e da Universidade de Lisboa, havendo sido eleito professor da Cátedra Simón Bolívar da Universidade de Cambridge e fellow de Trinity Hall (1993-1994). Em 2015, foi eleito para a Cadeira nº 22 da Academia Paulista de Letras. Autor de mais de duas dezenas de obras, publicou, pela Editora Unesp, o livro de crônicas O coração da Pauliceia ainda bate (2017, em coedição com a Imprensa Oficial), que em 2018 recebeu menção honrosa no Prêmio Abeu e foi finalista do Jabuti. É autor também de Sociologia do desconhecimento (2021) e As duas mortes de Francisca Júlia (2022).
Neste livro, José de Souza Martins reúne crônicas inéditas e crônicas baseadas em artigos sobre a cidade de São Paulo e a região metropolitana publicados no caderno "Metrópole" do jornal O Estado de S. Paulo, durante nove anos, de 2004 a 2013. O autor volta um olhar terno, por vezes bem-humorado, outras vezes nostálgico, sobre cantos e recantos paulistanos. Mesclam-se nos saborosos textos o olhar historiográfico, o olhar do sociólogo, mas sobretudo o olhar literário do cronista. Trata-se de um passeio agradabilíssimo pela cidade, que descortina ao leitor insuspeitadas histórias que se escondem nas ruas, nos casarões, nos monumentos de São Paulo.
O estudo sociológico do desconhecimento é relativo ao modo de conhecer-se da sociedade contemporânea, uma sociedade estruturalmente caracterizada por fatores ocultos necessários à sua reprodução como sociedade para a atualidade do capital. É o preço que, sem saber, a sociedade paga pelo modo capitalista de produzir e pelo modo capitalista de viver e de pensar. A sociologia do desconhecimento abordada por José de Souza Martins é a sociologia do conhecimento de Karl Mannheim aplicada à realidade social dominada pela falsa consciência sem a qual a sociedade capitalista não pode se reproduzir.
Uma seleção criteriosa de cartas de Darwin, feita por um dos mais respeitados especialistas na matéria. O objetivo da coletânea não é simplesmente o de fornecer elementos biográficos sobre o naturalista inglês, mas sim o de dar ao público um importante escorço para a discussão dos mais significativos aspectos do pensamento darwiniano.
Apresenta ensaios interpretativos de um livro clássico, que completou seu centenário de publicação em 2002. São enfocados aspectos artísticos, históricos e sociológicos, analisando as circunstâncias da construção da obra, uma epopéia que realiza uma avaliação histórica do episódio de Canudos e de seus personagens históricos, como o coronel Antônio Moreira César. Outros aspectos estudados são a recriação da obra para o francês e as diferentes interpretações que o livro recebeu desde o seu lançamento.
Livro que leva o título da conferência, seguida de debate, realizada no Instituto Nacional da Pesquisa Agronômica (INRA), pode ser classificado como uma sociologia da produção científica que se vale da teoria dos campos sociais, para discutir questões relevantes. O autor acredita que a luta pela "verdade" científica no interior do campo é um jogo de lucros e perdas e que os "campos científicos" são o espaço de confronto necessário entre duas formas de poder que correspondem a duas espécies de capital científico: o social (ligado à ocupação de posições importantes nas instituições científicas) e o específico (que repousa sobre o reconhecimento pelos pares, também o mais exposto à contestação). Sob sua ótica, essas contradições podem ser ultrapassadas com a sociologia da ciência.