Trajetórias e olhares marcantes no florescer da fotografia no Brasil
A contribuição da Itália e dos italianos ao campo da fotografia, desde sua gênese remota nas experimentações de Leonardo da Vinci e Giambattista della Porta até seu pleno florescimento, foi crucial e ampla. No Brasil da segunda metade do século XIX, em particular, tal protagonismo se confirmou e os italianos foram verdadeiros pioneiros da oitava arte. Engenheiros, exploradores, comerciantes, artistas plásticos, projecionistas, da Amazônia ao Rio Grande do Sul, da Paraíba ao Rio de Janeiro, da Bahia ao Pantanal, os fotógrafos-migrantes vindos da Itália distinguiram-se pelo talento artístico ímpar e pela qualidade técnica de suas obras. O olhar desses precursores não se circunscreveu apenas ao retrato do mundo novo que então se descortinava, mas participou decisivamente da definição da imagem e da autoimagem deste país gigantesco e multifacetado.
Joaquim Marçal Andrade é servidor aposentado da Biblioteca Nacional, onde atuou por 42 anos, tendo chefiado a Seção de Promoções Culturais, a Divisão de Fotografia, a Divisão de Iconografia e a Biblioteca Nacional Digital. Coordenou o projeto de resgate das fotografias da coleção “D. Thereza Christina Maria”, doadas pelo imperador d. Pedro II à instituição e hoje inscritas no Registro Internacional do Programa Memória do Mundo, da Unesco. Mestre em design e doutor em história social, é professor agregado (licenciado) do Departamento de Artes & Design da PUC-Rio. Curador de exposições, perito judicial em fotografia e artes gráficas e autor de ensaios sobre a história da fotografia, das artes gráficas e do design.
Livia Raponi é diretora do Istituto Italiano di Cultura do Rio de Janeiro e adida cultural junto ao Ministério das Relações Exteriores da Itália desde 2003. Licenciada em Ciências Políticas pela Universidade de Florença e em Mediação linguístico-cultural pela Sapienza de Roma, é doutora em Letras pela USP, tendo desenvolvido pesquisa interdisciplinar sobre Ermanno Stradelli. Com base neste trabalho, foi idealizadora de diversas exposições fotográficas de cunho antropológico apresentadas no Brasil e na Itália, e organizadora do livro A única vida possível. Itinerários de Ermanno Stradelli na Amazônia. Possui ampla experiência de curadoria de exposições de arte e eventos interculturais, desenvolvida no âmbito do seu trabalho de promoção da língua e da cultura italiana.
De sua vida multifacetada, um traço maior emerge: a estrada preferida de Stradelli foi sempre a do Atlântico e do Mar Doce infinito da Amazônia. E, nesta, as estradas invisíveis de seus povos escondidos na maior floresta, refratários à civilização ocidental de predadores e genocidas. E ele foi, verdadeiramente, um amigo dos indígenas. Incorporou seus mitos e lendas. E foi incorporado, de igual para igual, pelas narrativas dos povos do rio Uaupés, pela sua memória oral inscrita na voz e incisa nas pedras (itacoatiaras) que ele tão bem soube decifrar. Do prefácio de Francisco Foot Hardman
Livro que assinala o papel desempenhado pela Igreja católica na formação do pensamento conservador do Brasil. Privilegiando as primeiras décadas do século XX, Romualdo Dias esclarece o papel da Igreja na implementação e legitimação de políticas autoritárias que se observam a partir desse período, apresentando, ainda, a análise do esforço empreendido pela hierarquia católica na formação de uma elite dirigente nacional.
Catulo, Propércio, Tibulo, Ovídio, goliardos da Antiguidade clássica, são recriados nestas páginas através da extraordinária visão de Paul Veyne, que estabelece o vínculo crítico em que o amor e a poesia produzem uma estilização da vida cotidiana e a revestem de brilho e intensidade.
Os Tuyuka fazem parte de um extenso sistema social situado no noroeste da Amazônia. Falantes de uma das línguas Tukano Orientais, convivem aí com seus parentes e aliados, com outros povos de origem Aruak e Maku e, mais recentemente, com brasileiros e colombianos – porque estão habitando nessa fronteira. Este livro trata das relações dos Tuyuka entre si e com os outros. De suas origens na Cobra Canoa, as malocas nas quais foram se transformando, seus nomes e cerimônias, os rios que percorreram e nos quais continuam navegando – essa etnografia percorreu alguns desses caminhos e seus sentidos.
Este livro fundamenta-se no estudo da cerâmica popular do Vale do Jequitinhonha-MG, considerando-se fatores estéticos e socioculturais relacionados à produção, à distribuição e ao consumo das obras produzidas. A autora tem por objetivo verificar como se dá a produção da cerâmica popular das comunidades artesãs; observar os trabalhos artesanais de caráter escultórico e/ou utilitário produzidos em argila, por mulheres ceramistas; identificar a trajetória da cerâmica partindo da produção, circulação e consumo das obras; detectar a influência sociocultural nas variações estéticas do artesanato produzido; e apresentar a trajetória visual da cerâmica, por meio de documentação iconográfica.