O que pensavam os ministros da Fazenda da Nova República (1985-2018)
Em que pesem as consequências maiúsculas decorrentes da mudança do modelo de desenvolvimento inaugurado pelo varguismo, é possível apontar um segundo momento da história econômica brasileira tão ou mais relevante do que o registrado nos anos 1930: a década de 1990. Para além da estabilização da moeda, o controle da inflação nesse período ensejou uma série de outros avanços institucionais, a começar pela própria condução da economia. Fruto de amadurecimento político, institucional e, sobretudo, intelectual de seus mentores, a vitória sobre a inflação foi apenas o início do mais democrático e profícuo período de desenvolvimento socioeconômico do Brasil contemporâneo. Ainda que tímidas e insuficientes, as recentes políticas de inclusão da população historicamente subalternizada foram – e precisam continuar a ser – o próximo e mais importante passo rumo ao desenvolvimento civilizacional. Nesse sentido, as ideias e a atuação dos homens e da mulher que comandaram a economia brasileira entre 1985 e 2018 se mostraram fundamentais para a concretização desse capítulo central da história econômica brasileira que foi a Nova República.
FRANCISCO DORNELLES | DILSON DOMINGOS FUNARO | LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA | MAÍLSON DA NÓBREGA | ZÉLIA CARDOSO DE MELLO | MARCÍLIO MARQUES MOREIRA | FERNANDO HENRIQUE CARDOSO | RUBENS RICUPERO | CIRO FERREIRA GOMES | PEDRO MALAN | ANTÔNIO PALOCCI FILHO | GUIDO MANTEGA JOAQUIM LEVY | NELSON BARBOSA | HENRIQUE DE CAMPOS MEIRELLES
Ivan Colangelo Salomão é professor do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo. Bacharel em Administração pela Fundação Getúlio Vargas e mestre e doutor em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pós-doutor em História pela Universidade da Califórnia (Ucla). Editor-chefe dos periódicos Revista de Economia e História Econômica & História de Empresas (Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica).
Luiz Carlos Bresser-Pereira é um economista, cientista político, cientista social, administrador de empresas e advogado brasileiro. É professor da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, desde 1959, e edita a Revista de Economia Política desde 1981. Foi ministro da Fazenda do Brasil (1987) e, nessa condição, propôs uma solução geral para a crise da dívida externa. Foi também o criador do Plano Bresser, que reajustou as tarifas públicas defasadas e congelou salários, preços e o câmbio por 90 dias na expectativa de combater a inflação.
Órgão sob o qual se pensaram e se executaram as principais políticas públicas levadas a cabo no Brasil independente, o Ministério da Fazenda auferiu nova estatura com a proclamação da República. Em mais de dois séculos de história, coube ao órgão liderar políticas exitosas bem como medidas desastrosas, sendo a ele delegados os louros (e os ônus) do desenvolvimento nacional. Objeto de constante disputa política, o Ministério da Fazenda se diferencia dos demais postos de gabinete mesmo sem coordenar a formulação de políticas-fim, uma vez que se responsabiliza, a rigor, pela própria viabilidade dessas. Assim, com o objetivo de apresentar uma face menos visível da história do Brasil, Os homens do cofre lança luz sobre o pensamento dos personagens que, de alguma maneira, nortearam o desenvolvimento do país entre o advento republicano (1889) e o fim do regime militar (1985).
A Coluna da Morte, obra que não era reeditada desde 1928, relata a experiência do lendário tenente João Cabanas na Revolução de 1924. Cabanas foi uma importante liderança em 1924, no maior conflito bélico ocorrido na cidade de São Paulo, que à época foi bombardeada pelas tropas legalistas do presidente Artur Bernardes.
Elmar Altvater trata aqui das consequências do esgotamento dos recursos naturais pelo capitalismo contemporâneo. Ao privilegiar uma determinada estratégia energética, o capitalismo perpetua as condições de pobreza dos países do Hemisfério Sul, pois os países do Primeiro Mundo dependem daquilo que o autor chama de modelo fordista fossilista.
Livro que assinala o papel desempenhado pela Igreja católica na formação do pensamento conservador do Brasil. Privilegiando as primeiras décadas do século XX, Romualdo Dias esclarece o papel da Igreja na implementação e legitimação de políticas autoritárias que se observam a partir desse período, apresentando, ainda, a análise do esforço empreendido pela hierarquia católica na formação de uma elite dirigente nacional.
Livro que procura discutir parte da obra de Guimarães Rosa como sendo a de um intérprete do Brasil, de forma peculiar (como afirma o autor) que, nos seus três primeiros livros, apreciou os costumes da vida pública junto aos da vida privada, os familiares e amorosos, próprios do romance. Demonstra como as três obras iniciais de Rosa, Sagarana, Corpo de baile e Grande sertão: veredas, se relacionam e se imbricam, podendo as duas primeiras ser consideradas como estudos preparatórios para Grande sertão. Nessa perspectiva, o autor investiga a genealogia e a formação do herói jagunço; a gestação dos paradigmas amorosos de Grande sertão, já incubados em Sagarana e desenvolvidos num dos romances de Corpo de baile; e a teatralização do drama civilizatório no Brasil.