Um manifesto em defesa da diversidade humana Em 13 de outubro de 1761, a notícia da morte de Marc-Antoine Calas comoveu os moradores de Toulouse, na França. Havia boatos de que o jovem protestante se convertera ao catolicismo, e não tardaram os rumores de que o episódio – talvez um assassinato, talvez um suicídio – teria como responsável Jean Calas, pai do morto, motivado por sua religião. Para Voltaire, que investigou o caso, os acontecimentos que levaram à execução de Jean Calas constituíam, na realidade, um equívoco judicial movido por fanatismo religioso. O Tratado sobre a tolerância foi publicado com o duplo objetivo de reabilitar Jean Calas e salvar a honra de sua família. Contudo, as ideias apresentadas no texto ultrapassam suas circunstâncias de composição, e o livro pode ser lido como um manifesto em defesa da diversidade humana.
Voltaire (François-Marie Arouet, 1694-1778), escritor e filósofo francês, foi um dos principais pensadores do Iluminismo. Defensor da liberdade de expressão, da tolerância religiosa e da separação entre Igreja e Estado, suas obras satíricas e filosóficas influenciaram profundamente o pensamento europeu do século XVIII e a Revolução Francesa. Em 2021, a Editora Unesp publicou seus Pensamentos vegetarianos na Coleção Pequenos Frascos.
Voltaire começa a se interessar pela questão vegetariana por volta de 1761. Esse interesse tardio – ele tinha 68 anos nessa época – parece estar ligado às diversas leituras que fazia quase ao mesmo tempo: o testamento de Jean Meslier, "Emílio" de Rousseau, vários livros sobre o hinduísmo e principalmente o "Tratado da abstinência" (de carne) de Porfírio, ou "Tratado de Porfírio sobre a abstinência de carne dos animais", que fora recentemente traduzido do grego para o francês (1747). A partir de 1762, o tema vegetarianismo aparece regularmente na obra de Voltaire, porém de modo disperso e alusivo. No entanto, o filósofo dedica vários trechos extensos à matança, à carne, aos animais e aos seus sofrimentos. São esses textos que estão aqui reunidos.
Amostras da genialidade de Molière: O Tartufo nos apresenta Orgon, devoto religioso que se deixa impressionar pelas supostas virtudes do personagem-título; Dom Juan não se limita a explorar as fragilidades morais do seu célebre protagonista, levando o leitor a uma análise bem mais complexa do mito; em O doente imaginário, acompanhamos um hipocondríaco determinado a se livrar de males que não o acometem.
Na França pós-queda da Bastilha, Gamelin, pintor pouco virtuoso mas idealista, acaba sendo recrutado para uma função-chave dentro da chamada fase do Terror da Revolução Francesa: a de jurado do Tribunal Revolucionário – o que, na prática, significa que pode mandar qualquer um à guilhotina. No desempenho desse papel terrível, os valores éticos e morais do protagonista vão sendo postos à prova.
Foi no seio da Idade Média que se desenvolveram as regras de matrimônio. Resultantes de conflitos e disputas de poder entre diferentes esferas da sociedade da época, muitas dessas regras ainda vigoram na sociedade contemporânea. Cobrindo um arco temporal que vai do século XI ao XIII, Georges Duby investiga aqui a evolução do casamento nos círculos da nobreza, a partir do exame de documentos eclesiásticos, discursos literários e genealogias. Este estudo não apenas elucida a gênese desse contrato tão longevo; ele permite, também, que se entrevejam as estruturas sociais que o ensejaram, com suas semelhanças e diferenças em relação à instituição atual.
Esta coleção de textos não apenas dá mostras da vastidão de tópicos e estudos relacionados à Revolução, como também atesta o compromisso intelectual de Vovelle com seu objeto, mostrando que a história da Revolução sempre foi para ele um tema vivo e apaixonante. Em momentos como o atual, em que avançam o dogmatismo e o obscurantismo, é mais do que nunca importante travar um combate pela história, e isso, como diz o autor, é também “travar um combate pela Revolução”.