Resumos históricos
Esta reedição de Revoluções brasileiras resgata um clássico injustamente esquecido. Pioneiro da crítica de arte moderna e ativista radical, Duque nos oferece um “pequeno-grande panfleto” de surpreendente atualidade, que retorna em um momento crucial. O livro, que desafia os cânones eurocêntricos, convida a repensar a democracia social, popular e socioambiental em tempos turbulentos. De Palmares a Zumbi, da Cabanagem à República, Revoluções brasileiras é um grito de resistência que vale a pena ser lido e debatido.
Luiz Gonzaga Duque-Estrada, nascido no Rio de Janeiro em 1863, foi escritor atuante no período entre 1880 e 1911, tanto como crítico de artes plásticas quanto como ficcionista, autor do romance Mocidade morta e dos contos de Horto de mágoas. Seu primeiro livro, A arte brasileira, é a referência principal até hoje para a arte que se fez no país, do período colonial até a virada do século XIX. Seus artigos de crítica, publicados na revista Kosmos, foram reunidos em dois volumes: Graves e frívolos e Contemporâneos.
Francisco Foot Hardman é professor titular na área de Literatura e Outras Produções Culturais da Unicamp. Foi professor visitante na Universidade de Pequim (2019-20). Publicou, entre vários livros, Trem-fantasma (Cia. das Letras, 2005), Ai Qing: Viagem à América do Sul (Editora Unesp, 2019 – em colaboração com Fan Xing), Meu diário da China: a China atual aos olhos de um brasileiro (PKU Press, 2021) e A vingança da Hileia Nova edição (Editora Unesp, 2023).
Vera Lins é bacharel em Português Literaturas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1971), graduação em Licenciatura em Português Literaturas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1972), graduação em Estudos de Filosofia - Ludwig-Maximilians-Universität München (1976), mestrado em Letras (Ciência da Literatura) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1989) e doutorado em Letras (Ciência da Literatura) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1995). Atualmente é professora titular aposentada da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Comparada.
Danielle Crepaldi Carvalho é pós-doutora em Meios e Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), tendo ali desenvolvido o projeto de pesquisa "Com a voz, o cinema silencioso: som, cinema e circulação cultural no Brasil - levantamento e reflexão sobre os usos dos sons nos cinemas do Rio de Janeiro, nos anos de 1895 a 1916", visando à compreensão das relações que o âmbito cinematográfico estabeleceu com as demais manifestações culturais de seu tempo, notadamente a literatura e o teatro. Integra os seguintes grupos de pesquisa CNPq: na Unifesp, o "Grupo de Investigações do Poético" (GRIPhO), coordenado por Francine Fernandes Weiss Ricieri; e na UERJ, o GP "Estudos de literatura e cultura da Belle Époque: LABELLE", coordenado por Carmem Lúcia Negreiros de Figueiredo. É doutora em Teoria e História Literária pela Universidade de Campinas, com tese centrada na análise de textos cronísticos a respeito do cinema (e dispositivos ópticos afins), publicados na imprensa do Rio de Janeiro entre 1894 e 1922.
Terceira edição revista e ampliada de um livro fundamental para pesquisas na área de história do trabalho e no campo das culturas entre operários. Desenvolve uma discussão crítica das contradições e problemas da existência de uma política cultural anarquista no Brasil. Estuda ainda a presença cultural do proletariado e das correntes libertárias no panorama literário pré-modernista da sociedade brasileira, mostrando os laços orgânicos entre a literatura social e o anarquismo.
O difundido retrato da suposta cordialidade brasileira, ilustrada pelos cenários carnavalescos ou pelo futebol, sistematicamente oculta a violência, latente ou explícita, do preconceito, da exclusão e da repressão sociais. A eficiência com que as elites ocultam essa face brutal de nossa sociedade exige um trabalho de rastreamento, de descobrimento de pistas que revelem o autoritarismo subjacente e forneçam uma interpretação mais justa. Os ensaios que compreendem este livro têm por objetivo justamente levar a cabo essa tarefa ao criticar a imagem e autoimagem da República.
Após cem anos da morte de Euclides da Cunha, o leitor tem pela primeira vez acesso ao conjunto integral de seu acervo poético. Quem já conhece a arte maior de sua prosa encontrará aqui o complemento ideal para a melhor compreensão da obra e do pensamento desse intelectual ímpar. Mas os versos também falam por si, e seus méritos decorrem da contribuição que acrescentam à história da cultura brasileira, da literatura, da crítica e da poesia.
Depois da repercussão de Os sertões, Euclides da Cunha concentrou esforços no desafio de "escrever a Amazônia". Embora inconclusa, devido à morte precoce, essa jornada literária motivou Francisco Foot Hardman a redigir alguns dos vinte ensaios que dão forma e rumo a este A vingança vde Hileia. Mas o livro não se atém apenas ao exame da prosa amazônica de Euclides em suas relações com outros escritores que tentaram representar a região, de Inglês de Sousa a José Eustasio Rivera, de Dalcídio Jurandir a Milton Hatoum. Trabalhando com o conceito de "poética das ruínas", Foot Hardman amplia e diversifica o quadro de análise, seja na critica às visões esquemáticas do Brasil moderno, seja no diálogo com as ciências humanas contemporâneas e com a modernidade literária internacional.
Este livro reúne pela primeira vez os poemas da memorável e seminal viagem de Ai Qing pela América do Sul em 1954, na ocasião do cinquentenário de Pablo Neruda. A passagem por Brasil e Chile possibilitou o contato com intelectuais de várias partes do mundo, entre os quais os brasileiros Jorge Amado e Zélia Gattai, e deu origem a interlocuções que atravessariam as décadas seguintes. Os poemas de Viagem à América do Sul foram traduzidos diretamente do chinês e chegam agora ao leitor brasileiro em edição bilíngue.