Espacialidade, corpo, intersubjetividade e cultura contemporânea
São diversos os caminhos de estudo que se apresentam quando se busca compreender como a fenomenologia descreve a percepção e como suas contribuições podem se ligar às preocupações concretas de quem vive no século XXI. Destacam-se discussões referentes aos vínculos entre a percepção e a ação, entre a percepção e a consciência, entre a percepção e o desejo, à dinâmica da percepção no tocante à passividade e à atividade, ao lugar do corpo nas indagações acerca do fenômeno perceptivo, à relação entre a experiência sensível e o mundo social, além do papel da estética nos estudos da percepção.Neste livro, fruto de pesquisas empreendidas ao longo de nove anos, envolvemo-nos nessas matérias, empenhados em examinar os fundamentos da fenomenologia da percepção e seus desdobramentos a partir de uma matriz conceitual que prioriza, justamente, a natureza corpórea e ativa da percepção.
Danilo Saretta Verissimo é professor livre-docente de História e Epistemologia da Psicologia na Universidade Estadual Paulista (Unesp), câmpus de Assis. Doutorou-se, sob regime de cotutela, em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP) e em Filosofia pela Université Jean Moulin – Lyon 3. É autor de A primazia do corpo próprio: posição e crítica da função simbólica nos primeiros trabalhos de Merleau-Ponty (Editora Unesp, 2012), e de pesquisas e artigos dedicados, principalmente, ao estudo fenomenológico da percepção, da atenção e da corporeidade, e aos seus liames com a análise da cultura contemporânea.
O estudo propõe um exame da função simbólica nos primeiros trabalhos do filósofo francês Maurice Merleau-Ponty (1908-61), tentando abordar, mais especificamente, o papel dela no livro “A estrutura do comportamento”, publicado em 1942, e na sua retomada crítica dentro da “Fenomenologia da Percepção”, de 1945. Segundo o autor, o tema, pouco explicitado pelo próprio filósofo, também é objeto de raros debates entre seus comentadores, embora a sua importância na obra de Merleau-Ponty seja inegável. No primeiro trabalho, Merleau-Ponty, utilizando-se das categorias simbólicas emprestadas da neuropsisquiatria do começo do século XX, caracteriza a corporalidade humana como a capacidade de ultrapassar o caráter imediato das situações vividas. A própria atividade humana, assim, redimensionaria a existência concreta que se denota também, por exemplo, no comportamento animal. Já na “Fenomenologia da percepção”, em que o filósofo trata da espacialidade, da motricidade e da expressividade do corpo próprio, Merleau-Ponty prescinde das explicações calcadas na função simbólica, doravante associadas à análises de cunho intelectualista, embora continue a combater o que considera representar uma autonomia crescente da idealização simbólica na dinâmica entre conteúdo e forma.
Este livro apresenta três importantes ensaios de Thomas Henry Huxley, naturalista que, além de ter defendido a Teoria da Evolução de Darwin de importantes ataques, teve papel de destaque na vida intelectual inglesa do século XIX, escrevendo sobre muitos assuntos, como filosofia, educação e religião. Autor polêmico, participou de debates sobre temas delicados, como a relação entre ciência e religião e a origem dos seres humanos.
Entre as crises de nosso tempo, duas estão em destaque: a crise do pensamento, como crise do sujeito, e a crise ambiental, como crise de civilização. Ambas são a mesma crise, entrelaçadas por um sistema produtivo que se sustenta em uma compreensão da relação sociedade-ambiente (natureza-cultura) cindida. Procurando uma compreensão fenomenológica, este livro se propõe como meditação experiencial dos seres-no-mundo, ontologicamente circunstancializados no lugar. Esta fenomenologia do ser-situado, como pensamento noturno-diurno, não busca o esclarecimento: visa, antes de tudo, à compreensão pelo compartilhamento de experiências vivenciadas por meio da escrita. Das diferentes situações emergem possibilidades, como caminhos, de pensamento orientado do presente para o futuro, dedicado à tarefa do nosso tempo.
Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito. Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou, ou que ela já passou, é como se dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz.
Nestes ensaios, o autor procura analisar o aspecto jurídico-político da filosofia de Hegel. Para Bobbio, a teoria hegeliana do Estado como momento positivo e superior do desenvolvimento histórico da humanidade é uma continuação da tradição jusnaturalista moderna, iniciada com Hobbes. Dessa forma, a interação hegeliana entre Estado e sociedade civil só poderia ser compreendida à luz do Leviatã hobbesiano, que evidenciaria uma operação propriamente dialética de afirmação e negação da tradição hobbesiana por Hegel.