Posição e crítica da função simbólica nos primórdios trabalhos de Merleau-Ponty
O estudo propõe um exame da função simbólica nos primeiros trabalhos do filósofo francês Maurice Merleau-Ponty (1908-61), tentando abordar, mais especificamente, o papel dela no livro “A estrutura do comportamento”, publicado em 1942, e na sua retomada crítica dentro da “Fenomenologia da Percepção”, de 1945. Segundo o autor, o tema, pouco explicitado pelo próprio filósofo, também é objeto de raros debates entre seus comentadores, embora a sua importância na obra de Merleau-Ponty seja inegável. No primeiro trabalho, Merleau-Ponty, utilizando-se das categorias simbólicas emprestadas da neuropsisquiatria do começo do século XX, caracteriza a corporalidade humana como a capacidade de ultrapassar o caráter imediato das situações vividas. A própria atividade humana, assim, redimensionaria a existência concreta que se denota também, por exemplo, no comportamento animal. Já na “Fenomenologia da percepção”, em que o filósofo trata da espacialidade, da motricidade e da expressividade do corpo próprio, Merleau-Ponty prescinde das explicações calcadas na função simbólica, doravante associadas à análises de cunho intelectualista, embora continue a combater o que considera representar uma autonomia crescente da idealização simbólica na dinâmica entre conteúdo e forma.
Danilo Saretta Verissimo é professor livre-docente de História e Epistemologia da Psicologia na Universidade Estadual Paulista (Unesp), câmpus de Assis. Doutorou-se, sob regime de cotutela, em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP) e em Filosofia pela Université Jean Moulin – Lyon 3. É autor de A primazia do corpo próprio: posição e crítica da função simbólica nos primeiros trabalhos de Merleau-Ponty (Editora Unesp, 2012), e de pesquisas e artigos dedicados, principalmente, ao estudo fenomenológico da percepção, da atenção e da corporeidade, e aos seus liames com a análise da cultura contemporânea.
São diversos os caminhos de estudo que se apresentam quando se busca compreender como a fenomenologia descreve a percepção e como suas contribuições podem se ligar às preocupações concretas de quem vive no século XXI. Destacam-se discussões referentes aos vínculos entre a percepção e a ação, entre a percepção e a consciência, entre a percepção e o desejo, à dinâmica da percepção no tocante à passividade e à atividade, ao lugar do corpo nas indagações acerca do fenômeno perceptivo, à relação entre a experiência sensível e o mundo social, além do papel da estética nos estudos da percepção.Neste livro, fruto de pesquisas empreendidas ao longo de nove anos, envolvemo-nos nessas matérias, empenhados em examinar os fundamentos da fenomenologia da percepção e seus desdobramentos a partir de uma matriz conceitual que prioriza, justamente, a natureza corpórea e ativa da percepção.
Neste conjunto de ensaios o filósofo francês Gérard Lebrun procura discutir e entender o discurso hegeliano, pondo a questão da regulação que o leitor deve adotar em relação ao Sistema hegeliano, afastando todos os juízos tradicionais sobre o andamento global do Sistema (monismo, otimismo, panlogismo, pantagrisno etc.).
Neste clássico contemporâneo, Charles Taylor abandona a ilusão de uma explicação simples para o comportamento humano, criticando as visões que tentam reduzi-lo a mecanismos biológicos ou a condicionamentos comportamentais. Taylor não oferece respostas prontas; em vez disso, convida o leitor a uma jornada intelectual desafiadora, explorando nuances da mente e da cultura que influenciam as escolhas dos seres humanos.
A revolução noética marca o fim da visão moderna e antropocêntrica do mundo e impõe uma mudança radical de olhar, em que o espírito, a inteligência e o conhecimento suplantam o econômico e o político. O homem não é mais o centro do mundo; ele está a serviço de sua evolução, e as mudanças prioritárias vão da remodelação dos sistemas de ensino à completa reorientação da pesquisa, passando pelo desenvolvimento das infraestruturas de conectividade informacional, pela criação da alocação universal, pela extinção real das fronteiras, pela passagem do valor de troca para o valor de uso, pela gestão holística da saúde, pela caça aos desvios consumistas etc. A missão profunda do homem é fazer essa revolução. O desafio é imenso, já que a vida seguirá seu caminho com ou sem o homem. Este livro é uma potente ferramenta de leitura do mundo e do sentido de nossa existência. Nosso universo está mudando de modo irreversível. Este é um convite para olhá-lo de frente, porque uma humanidade nova está aí, em germe.
Obra fundamental para o pensamento democrático moderno, este livro é composto por ensaios do pensador italiano Alberto Filippi e do professor brasileiro Celso Lafer, que examinam e revelam a influência do pensamento de Norberto Bobbio fora da Itália. Filippi aborda os eixos fundamentais da obra de Bobbio e suas influências na produção intelectual na Europa e na América, enquanto Lafer se debruça na contribuição do pensamento de Bobbio no Brasil e em Portugal. Uma homenagem póstuma a Bobbio, um dos maiores teóricos do século XX, professor italiano que conseguiu aliar a moderna Filosofia do Direito, a Teoria Geral da Política e a apaixonada defesa dos direitos fundamentais, única garantia que tem a sociedade civil no plano nacional e internacional para levar adiante a socialização positiva das idéias de justiça e de liberdade.