Desvelamento e transcriação nos desvãos das cidades
A ideia de paisagem pode remeter à interação entre o ser humano e a natureza da Terra, associada à emergência de um inumano, que encontraria na imaginação poética sua fonte de expressão. Nesse sentido, a paisagem, por um lado, não teria lugar nas grandes cidades, senão em áreas excepcionalmente reservadas a ela e sob formas domesticadas da natureza. Por outro lado, caberia interrogar sua ocorrência em espaços residuais ou desfuncionalizados, que escapam às intenções de controle e amansamento. Para detectar indícios originários do natural que perfaz as cidades, este livro investiga oportunidades de fruição da paisagem em interstícios urbanos e explora maneiras de expressar essa experiência, assumindo a impossibilidade de sua reconstrução integral ou de sua representação mimética. O olhar se dirige a desvãos da cidade de São Paulo, para identificar insinuações das matérias que se ocultam. Para tanto, são cotejados diferentes meios de expressão alusivos aos horizontes inconclusos da paisagem e àquilo que, para além da racionalidade estrita, mobiliza imagens poéticas.
Arthur Simões Caetano Cabral é arquiteto e urbanista graduado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design (FAU) da Universidade de São Paulo (USP). Possui mestrado e doutorado pela mesma instituição, na área de Paisagem e Ambiente. É professor assistente na Universidade Estadual Paulista (Unesp), câmpus de Bauru, e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGArq/Unesp). Autor do livro Paisagens baldias – a natureza manifesta nas brechas da cidade (2019). Desenvolveu pós-doutorado (2024) na Faculdade de Educação (FE) da Universidade de São Paulo (USP) sobre dimensões de ensino-aprendizagem implicadas na experiência direta e no contato fortuito com uma natureza subespontânea. Atua como pesquisador nos grupos de Pesquisa CNPq “Representações: Imaginário e Tecnologia” (RITe) e “Laboratório Paisagem, Arte e Cultura” (LabParc).
Geopolitica sul-americana, interesses do grande capital, modelos de urbanização das novas cidades do interior. O que impulsiona a implantação de uma estrada de ferro e o que é acarretado por ela? Este livro surpreendente expõe a multiplicidade de elementos que acompanham a saga de ocupação do Oeste paulista: capítulos importantes sobre a história da formação do Brasil contemporâneo.
Neste livro que integra a série de entrevistas com grandes historiadores, Jacques Le Goff e Jean Lebrun procuram fornecer os modos de compreensão da ruptura urbana que caracterizam nossa época. Por meio de quatro temas (a cidade como lugar de troca de diálogo, como lugar de segurança, de poder e de aspiração à beleza), os historiadores analisam a reconfiguração do conjunto de funções da cidade. A pesquisa iconográfica aparece aqui como complemento necessário ao texto.
Fronteiras de tensão apresenta uma nova perspectiva sobre as periferias da cidade de São Paulo, discutindo os paradoxos e mitos que as circundam. Um trabalho de fôlego, que explicita a dedicação e o compromisso de um autor/pesquisador constantemente implicado nas sensações, atitudes, observações e análises voltadas às periferias urbanas, com especial atenção ao mundo do crime e à política.
Reúne cinco textos sobre o arquiteto, urbanista e historiador de arquitetura João Walter Toscano. Inclui fotografias e desenhos de 19 projetos por ele assinados, além de resumo biográfico, cronologia de obras e projetos, e bibliografia selecionada.
As cidades interioranas paulistas Bauru, Piracicaba, Rio Claro e São Carlos são as escolhidas pela autora para sua análise do processo de homogeneização da paisagem urbana. Baseada no pressuposto de que as opções arquitetônicas não são neutras, mas refletem e reforçam as condições socioeconômicas de um lugar, a autora revela as causas desse processo, que envolvem as semelhanças estruturais entre as cidades interioranas, como a presença de praça central, ferrovia, monocultura do café, e rodovias, e seu desejo de imitar centros maiores, cujo padrão urbanístico é tomado como referência. A obra também aborda a importação de modelos descontextualizados e a negligência na criação de um padrão próprio, efeitos da homogeneização.