Villa-Lobos em seu último período: análise de fantasia em três movimentos em forma de chôros (1958)
Nesta análise da obra de Villa-Lobos, o autor José Ivo da Silva parte de reflexões acerca das técnicas composicionais que começaram a se destacar no início do século XX. Ao estudar tais técnicas ele vai buscar compreender como elas moldaram o próprio ato de compor e escutar música. Então o livro revisita os últimos 14 anos da produção musical de Villa-Lobos, se concentrando mais especificamente na Fantasia em três movimentos, obra que foi comissionada pela American Wind Symphony Orchestra. José Ivo da Silva utiliza esta peça para avaliar se há algum tipo de transformação estilística no processo de criação de Villa-Lobos neste momento em que ele compõe para um público americano. Sua principal análise vai para como ele utiliza elementos mais tradicionais devido ao maior conservadorismo das orquestras dos Estados Unidos. Seu estudo percorre desde a escolha do nome da obra, procurando outras ocorrências na história da música para o termo “fantasia”, até as técnicas composicionais propriamente ditas. Em um esforço para delinear os traços “emprestados” por Villa-Lobos em sua produção, José Ivo da Silva debate temas importantes para a música como um todo.
José Ivo da Silva possui graduação em Música pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Instituto de Artes (1992) e mestrado em Música pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2008). Foi músico/clarinetista da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo - Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo (4/1991-2/2016), professor de música da Fundação das Artes de São Caetano do Sul, professor de Estética e História da Música da Fundação Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, também História da Música na Escola Municipal de Música e professor de música do Centro Universitário FIAM-FAAM. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Artes, atuando principalmente nos seguintes temas: heitor villa-lobos, arnold schoenberg, fantasia em três movimentos em forma de chôros, estilo e idéia e orquestra de sopros
Neste livro, Vera Helena Massuh Cury mostra sua habilidade no ensino do Contraponto, lançando mão de recursos tecnológicos em sala de aula, com o propósito de aproximar os alunos da produção dos colegas. Os recursos que utiliza permitem que os trabalhos realizados sejam socializados e criticados coletivamente; com eles, os alunos têm oportunidade de compartilhar acertos e enganos, ouvir críticas e criticar, aceitar conselhos e aconselhar, o que, sem dúvida, ultrapassa as necessidades imediatas da sala de aula e caminha em direção à compreensão e à tolerância. Essa postura faz parte dos anseios daqueles que, hoje, se preocupam com a atual crise em que vivemos e com os processos de desumanização do mundo, em grande parte decorrentes da perda de sentidos e significados. Trabalhar de maneira humanizadora é o caminho que a autora escolheu para trilhar, compartilhando seus achados com a comunidade musical e com o leitor interessado. Que outros mais sintam-se inspirados a buscar caminhos semelhantes.
A linguagem musical, por ser intangível, é possivelmente a que mais se aproxima da filosofia. Neste livro, tal proximidade é destacada pelos paralelos entre o conceito de mousiké de Pitágoras – que entende a música como um diálogo entre linguagens e não apenas a mera execução de uma partitura – e os conceitos e a prática musical de compositores contemporâneos, como Alexander Scriabin e John Cage.
Apresenta um perfil biográfico e artístico do compositor e arranjador Rogério Duprat, enfatizando a sua relação com a Música Nova – movimento de vanguarda dentro da música erudita – e a Tropicália, um marco da renovação da MPB, ambos nos anos 1960. Inclui CD.
Maurício Funcia de Bonis faz aqui uma reflexão sobre a música erudita na atualidade, em que o gênero parece ter silenciado, restando de sonoro somente a “relação com os criadores do passado”. Ele toma como contrapartida a esse cenário a atuação ao mesmo tempo crítica e criativa de dois compositores contemporâneos: o belga Henri Pousseur (1929-2009) e o brasileiro Willy Corrêa de Oliveira (1938). A expressão latina aplicada ao título do livro tabulae scriptae (tábuas escritas), explica o autor, remete à ênfase sobre a metalinguagem como profissão de fé na obra e no pensamento de ambos os artistas, que recusam a tendência à tabula rasa (tábuas vazias), “à eliminação de uma relação consciente com a história, na música de seu tempo”.
A obra divide-se em três partes. O primeiro capítulo situa o terreno do qual partiram as reflexões e os trabalhos daqueles compositores, fundamentando suas bases teóricas. Os capítulos seguintes retratam suas trajetórias artísticas.
Compõem o livro ainda uma entrevista feita pelo autor em 2012 com Willy Corrêa, além de relações de obras de Pousseur e Willy, organizadas pelos próprios compositores. Contribuição para pesquisas futuras, esses anexos complementam a exposição do autor ao situarem as transformações ocorridas nos percursos criativos dos artistas ao longo do tempo.
Em maio de 2003, falecia um dos maiores músicos de todos os tempos e um dos protagonistas da vanguarda musical da chamada geração pós-weberniana: o compositor italiano Luciano Berio. Em 2013, na efeméride de 10 anos de sua morte, foi organizado o Simpósio “Berio: 10 anos depois...”. Levando a público oito conferências, uma mesa-redonda e três concertos, o evento consistiu num profundo mergulho em aspectos os mais diversos da obra desse gigante da história da música, num dos raros eventos acadêmicos que transcorreram num ambiente caracterizado ao mesmo tempo por um forte cunho científico e por um grande prazer estético, como atestou seu enorme sucesso de público.
Este volume reúne os textos de todas as conferências e da mesa-redonda desse Simpósio. Quando o tempo permitiu, seguiram-se às conferências debates entre os presentes, de extensões muito variadas, mas de toda forma igualmente presentes aqui. Além disso, o livro conta com textos de eminentes personalidades próximas a Berio: um sobre o jovem Berio, do grande musicólogo italiano Enzo Restagno; e outro, a título de contribuição post-mortem, de um de seus mais próximos companheiros de viagem: nada mais, nada menos que Umberto Eco.