A metalinguagem e as trajetórias de Henri Pousseur e Willy Corrêa de Oliveira
Maurício Funcia de Bonis faz aqui uma reflexão sobre a música erudita na atualidade, em que o gênero parece ter silenciado, restando de sonoro somente a “relação com os criadores do passado”. Ele toma como contrapartida a esse cenário a atuação ao mesmo tempo crítica e criativa de dois compositores contemporâneos: o belga Henri Pousseur (1929-2009) e o brasileiro Willy Corrêa de Oliveira (1938). A expressão latina aplicada ao título do livro tabulae scriptae (tábuas escritas), explica o autor, remete à ênfase sobre a metalinguagem como profissão de fé na obra e no pensamento de ambos os artistas, que recusam a tendência à tabula rasa (tábuas vazias), “à eliminação de uma relação consciente com a história, na música de seu tempo”.
A obra divide-se em três partes. O primeiro capítulo situa o terreno do qual partiram as reflexões e os trabalhos daqueles compositores, fundamentando suas bases teóricas. Os capítulos seguintes retratam suas trajetórias artísticas.
Compõem o livro ainda uma entrevista feita pelo autor em 2012 com Willy Corrêa, além de relações de obras de Pousseur e Willy, organizadas pelos próprios compositores. Contribuição para pesquisas futuras, esses anexos complementam a exposição do autor ao situarem as transformações ocorridas nos percursos criativos dos artistas ao longo do tempo.
Autor deste livro.
Nesta análise da obra de Villa-Lobos, o autor José Ivo da Silva parte de reflexões acerca das técnicas composicionais que começaram a se destacar no início do século XX. Ao estudar tais técnicas ele vai buscar compreender como elas moldaram o próprio ato de compor e escutar música. Então o livro revisita os últimos 14 anos da produção musical de Villa-Lobos, se concentrando mais especificamente na Fantasia em três movimentos, obra que foi comissionada pela American Wind Symphony Orchestra. José Ivo da Silva utiliza esta peça para avaliar se há algum tipo de transformação estilística no processo de criação de Villa-Lobos neste momento em que ele compõe para um público americano. Sua principal análise vai para como ele utiliza elementos mais tradicionais devido ao maior conservadorismo das orquestras dos Estados Unidos. Seu estudo percorre desde a escolha do nome da obra, procurando outras ocorrências na história da música para o termo “fantasia”, até as técnicas composicionais propriamente ditas. Em um esforço para delinear os traços “emprestados” por Villa-Lobos em sua produção, José Ivo da Silva debate temas importantes para a música como um todo.
Apresenta um perfil biográfico e artístico do compositor e arranjador Rogério Duprat, enfatizando a sua relação com a Música Nova – movimento de vanguarda dentro da música erudita – e a Tropicália, um marco da renovação da MPB, ambos nos anos 1960. Inclui CD.
Quando a imprensa brasileira começava a ganhar seus contornos mais nítidos como espaço público de debate de ideias, uma pequena revista fluminense tomou para si a missão de educar o gosto musical do povo. Para a Gazeta Musical, publicada entre 1891 e 1893 por iniciativa do vendedor de partituras e pianos Fertin de Vasconcellos, o que estava em jogo não era somente o suposto “atraso” artístico do Brasil em relação à Europa – mas sim o futuro e o progresso da nação.
Este guia originou-se do desejo da organizadora de conhecer a produção acadêmica relativa à interação dos jovens com a música. A obra abarca 150 títulos nacionais e estrangeiros publicados entre 1996 (quando começa a se desenvolver melhor a temática no Brasil) e 2011 e foi organizada com base na convicção de que investigar as práticas musicais dos jovens é relevante para a compreensão da sociedade contemporânea, da música nela criada e praticada e dos próprios jovens que as recriam – sociedade e músicas –, conforme vão surgindo as novas sensibilidades. O guia foi elaborado também com um viés crítico. E teve ainda o objetivo de compreender a importância da pesquisa sobre música e sobre os processos de aprendizagem presentes nas várias práticas musicais, assim como do estudo das culturas criadas pelos jovens que, muitas vezes, são conceituadas no âmbito acadêmico como subculturas juvenis ou tribos urbanas. Para a organizadora, esta seria apenas uma dimensão da interação dos jovens com a música. Segundo ela, nos estudos baseados nas categorias de subculturas juvenis, a vida dos jovens para além de sua participação nessas expressões mais visíveis – como na família, na escola, no trabalho e até junto a outras práticas musicais – ficaria desconsiderada.
Em maio de 2003, falecia um dos maiores músicos de todos os tempos e um dos protagonistas da vanguarda musical da chamada geração pós-weberniana: o compositor italiano Luciano Berio. Em 2013, na efeméride de 10 anos de sua morte, foi organizado o Simpósio “Berio: 10 anos depois...”. Levando a público oito conferências, uma mesa-redonda e três concertos, o evento consistiu num profundo mergulho em aspectos os mais diversos da obra desse gigante da história da música, num dos raros eventos acadêmicos que transcorreram num ambiente caracterizado ao mesmo tempo por um forte cunho científico e por um grande prazer estético, como atestou seu enorme sucesso de público.
Este volume reúne os textos de todas as conferências e da mesa-redonda desse Simpósio. Quando o tempo permitiu, seguiram-se às conferências debates entre os presentes, de extensões muito variadas, mas de toda forma igualmente presentes aqui. Além disso, o livro conta com textos de eminentes personalidades próximas a Berio: um sobre o jovem Berio, do grande musicólogo italiano Enzo Restagno; e outro, a título de contribuição post-mortem, de um de seus mais próximos companheiros de viagem: nada mais, nada menos que Umberto Eco.