Leituras e leitoras de um Centro de Referência Down
A partir do século XIX, as mulheres passaram a frequentar a escola, foram para a universidade, para o trabalho e para as ruas. Aprender a ler e a escrever trouxe para essas mulheres uma nova rotina de leitura: depois dos livros de reza, vieram os diários, os romances, as revistas femininas, a correspondência, os jornais. Nessa perspectiva, Ana Maria Esteves analisa as práticas de leitura de mulheres, mais particularmente os processos de apropriação da leitura e da escrita de professoras, de mães e de meninas portadoras da síndrome de Down em um Centro de Referência. Trata-se de um estudo de caso, de caráter etnográfico, que clarifica as trajetórias próprias de leitura dessas mulheres que, entre táticas e estratégias, apropriaram-se de maneiras de ler nas relações da oralidade com a cultura escrita e constituíram uma comunidade leitora. Para essas mulheres, a leitura assume uma presença singular no cotidiano e um significado especial em suas vidas.
Autor deste livro.
Reconstruir historicamente o perfil institucional da Escola "Joaquim Ribeiro", de Rio Claro, é o objetivo deste livro. Desse modo, Marilena Guedes analisa a cultura escolar no momento da modernização do Brasil. Esse dispositivo permite à autora recuperar os objetivos educacionais da época e a natureza das relações sociais existentes entre os diferentes sujeitos que lá atuaram.
Símbolos, objetos, linguagem e roupas utilizados por tribos juvenis urbanas são estudados neste livro. A análise desses grupos permite observar como essa etapa da vida adquire caráter cada vez mais autônomo, deixando de ser mero preparo para o ingresso na vida adulta. Acompanhados da discussão de temas como acesso à educação, entrada no mercado de trabalho, violência, formação de nova família e possibilidade de aquisição de bens consumo, os segmentos jovens vêm se constituindo em poderosa força a influenciar os rumos das sociedades modernas. O objetivo da obra é pensar como o espaço público urbano se estrutura em sua relação com as culturas dos jovens, pouco reconhecidas como legítimas pelo mundo adulto dominante. Verifica-se ainda como as manifestações das culturas juvenis tendem a proliferar, tornando-se mais complexas e configurando um múltiplo panorama cultural de tendências de formas de expressão da população jovem urbana.
Em um momento histórico no qual o analfabetismo apresenta-se como intolerável, a questão metodológica da alfabetização aparece como central. Tendo em vista tal realidade, José Morais analisa vários aspectos da chamada arte de ler. Partindo das estruturas mentais envolvidas na leitura, da relação entre linguagem falada e linguagem escrita, Morais centra-se nos mecanismos de aprendizagem e nos distúrbios que podem ocorrer nesse processo. Mediante essa estratégia, ele pode desenvolver o estudo dos diferentes métodos, a fim de apresentar as possibilidades terapêuticas que se oferecem hoje aos que não dominam as práticas de leitura.
O tema da avaliação é tratado pelas autoras com base em uma dupla perspectiva: a do conjunto de significações individuais dos processos de classificações e exames aos quais os sujeitos são submetidos no decorrer da vida e no domínio das experiências cotidianas, vinculadas ou não à escola, e ao conjunto de significações sociais dos processos que buscam classificar, hierarquizar, verificar e calcular perdas e ganhos, aquisições e desempenhos, investimentos e retornos.
Quando se trata de leitura de textos literários, o assunto parece envolver uma insolúvel polêmica. As listas de melhores livros, por exemplo, refletem a média dos gostos particulares de algumas pessoas e sempre estão desafiando outros padrões e outros gostos, excluídos de parâmetros supostamente corretos de avaliar a literatura. O livro aborda, corajosamente, algumas questoes polêmicas: como definir literatura? Há bons livros em si? Todos devem apreciar o mesmo tipo de texto? Há uma maneira correta de ler literatura? Defende-se a ideia de que se abra mão empregando um único critério e se passe a compreender cada obra dentro do sistema de valores em que foi criada. Assim, na escola haveria lugar, ao lado a literatura erudita, também para ler e discutir os livros preferidos pelos alunos, considerando os objetivos com que foram produzidos, os gêneros a que pertencem, seu funcionamento textual.