Jacques Derrida e AbdelKebir Khatibi
A autora se debruça sobre uma questão clássica no campo da literatura, que é o sentido e o papel da linguagem em obras escritas em outra língua, que não a materna, exercício de proposital errância de identidade que atraiu escritores do porte de Samuel Beckett, Paul Celan, Elias Canetti, Franz Kafka, Eugène Ionesco, Vladimir Nabokov,Guillaume Apollinaire e Joseph Conrad, apenas para citar alguns. No trabalho, são analisados dois textos que, para a pesquisadora, problematizam bastante bem a definição do que é essa língua não-materna na escrita literária: “Amour Bilingue” (1983/1992), do marroquino Abdelkebir Khatibi, e “Le monolinguisme de l’autre” (1996), do judeu argelino e francês por adoção Jacques Derrida. Este último foi traduzido para o árabe justamente por Khatibi, com quem ele dialogava incessantemente. Para a pesquisadora, os dois autores têm em comum mais do que a proveniência magrebina e o fato de escreverem em uma língua distinta da de seus países de origem. A afinidade entre eles se manifestaria ainda mais no trabalho refinado do pensamento - rigorosamente dentro de uma tradição que poderia ser chamada de francesa -, no cultivo do amor pela língua e pela literatura e também no conflito de identidades colocado por esta maneira radical de se estar no mundo, balizas para uma profícua discussão sobre o pertencimento e sobre a língua.
Maria Angélica Deângeli possui doutorado em Letras pela Unesp e é professora doutora do Instituto de Biociências Letras e Ciências Exatas da mesma universidade na área de Língua Francesa.
Diz-se que o homem é um ser social. Mas o que exatamente significa essa frase? Quais as consequências desta observação aparentemente banal, que não há um eu sem um você? O ser humano estaria condenado à incompletude? Neste livro não há, como avisa o autor, um discurso fechado em certezas ou verdades absolutas, mas um amplo vasculhar sobre a questão.
Este livro se propõe a refletir a respeito da literatura e da crítica no século XX, buscando o que seria um pensamento ideal sobre ambas. Todorov analisa as grandes correntes ideológicas dessa época e a maneira como se manifestam por meio da reflexão sobre a literatura.
Este livro reúne ensaios escritos em diferentes momentos, mas que têm como eixo comum a literatura juvenil produzida no Brasil do final do século XX ao início do XXI e duas preocupações explícitas: de um lado, a discussão da possível especificidade da chamada literatura juvenil; de outro, o estudo das implicações de sua utilização no ensino. Como os textos procuram demonstrar, enquanto a produção literária voltada exclusivamente para o público infantil parece bem caracterizada e ocupa lugar definido na atividade leitora das crianças, a literatura juvenil é frequentemente associada a finalidades didáticas e encontra certa resistência por parte da comunidade acadêmica, que tende a considerá-la menor ou mesmo um mero produto de consumo. Nestes ensaios, o autor oferece uma contribuição para o aprofundamento dos estudos da literatura juvenil e apresenta propostas de seu uso na sala de aula, às vezes sob a forma de roteiros de leitura, para que tanto o professor como o aluno possam tirar o melhor proveito da leitura dos livros analisados.
A partir do exame das ações do PNBE – Programa Nacional Biblioteca na Escola – e dos impactos de uma política pública no espaço escolar, este livro discute dados de pesquisa realizada nas 181 escolas do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte.
Para que, quando e como estudar uma língua morta como o Latim? Esse é o ponto de partida deste fascinante trabalho de Alceu Dias Lima. Tratando de um problema didático aparentemente menor, desenvolve uma reflexão interdisciplinar sobre a língua e a cultura em geral, que carrega um inesperado sentido político. A idéia do Latim como simples disciplina instrumental e os estereótipos tradicionais que o cercam são analisados de maneira impiedosa, para dar lugar ao Latim como língua viva do passado.