Esta obra discute a contribuição do educador paulista Theodoro de Moraes (1877-1956) para a disseminação da assim denominada “pedagogia moderna” no Brasil, tanto por meio de sua atuação em cargos e funções no magistério como de sua produção ensaística e pedagógica, extremamente prolífera. Além de participar da produção de documentos oficiais, Moraes elaborou artigos para periódicos, textos de literatura infantil, livros, cartilhas e ainda foi tradutor e conferencista. O educador, de acordo com a autora, defendia com ênfase o ensino da leitura para crianças e para adolescentes e adultos, pelo chamado método analítico, um componente essencial da pedagogia moderna e que se destaca pela busca da praticidade e o uso da intuição. Por este método, o ensino deve ser gradual, completo e contínuo, de modo a favorecer a atividade individual do aluno. O processo de ensino seguiria, dessa forma, “do mais simples para o mais complicado” e avançaria “passo a passo”. O educador prescrevia ainda prática e exercícios constantes e o uso comedido das regras durante o transcorrer das atividades didáticas. Muito graças a Moraes, o método analítico para o ensino inicial da leitura – que se tornara oficial para as escolas primárias do estado de São Paulo entre o fim do século 19 e o início do século 20 – teve um inegável revigoramento e deixaria marcas indeléveis na educação do país.
Autor deste livro.
“Aqui estão reunidos sete artigos publicados de 1998 a 2018. Tratam da história (concisa) da alfabetização no Brasil, suas circunstâncias e seus métodos. [...] Maria do Rosario Mortatti dá a saber os estreitos vínculos entre os modelos pedagógicos para o ensino da leitura e da escrita, propugnados por diversos setores sociais direta ou indiretamente ligados à instrução, e os diferentes projetos de nação. A coletânea [...] é excelente estímulo à pesquisa acadêmica tanto sobre o passado quanto sobre o presente do ensino do ler e escrever, do mesmo modo que é um exemplo de clareza, precisão e elegância; portanto, um convite a muitos. Professores ou futuros professores do ensino inicial ganharão ao lê-la, tanto quanto mestrandos, doutorandos e pesquisadores que se vêm debruçando sobre a história da escolarização primária e daquele ensino inicial, que foi denominado usualmente de ‘alfabetização’ [...]. Ganhariam, também, com a sua leitura os atuais dirigentes do ensino; os ‘policy makers’, os que elaboram políticas, os que definem as diretrizes para educação neste país.” MIRIAN JORGE WARDE
A abordagem de um passado recente da alfabetização no país no livro Lourenço Filho e a alfabetização, de Estela Natalina Mantovani Bertoletti, contribui para o debate de problemas atuais das escolas públicas como os altos índices de evasão e repetências de alunos da primeira série do Ensino Fundamental. A Cartilha do Povo, publicada pela primeira vez em 1928 e utilizada por mais de seis décadas como instrumento de alfabetização nas escolas brasileiras, e a cartilha Upa, cavalinho!, publicada de 1957 a 1970, ambas idealizadas pelo educador Manuel Bergström Lourenço Filho (1897-1970), são os objetos de estudo de Estela. Para a autora, as cartilhas de alfabetização continuam a exercer um papel "mediador" e "concretizador" de teorias e métodos da alfabetização nas salas de aula das escolas brasileiras, em dissonância com as teorias atuais de alfabetização, como o construtivismo, que combatem e pretendem superar esse instrumento.
O conjunto de textos reunidos nesta obra possibilita a compreensão de como vem se desenvolvendo a história da alfabetização no Brasil e como se vem constituindo o campo correspondente de conhecimento. Essa história e esse campo de conhecimento, de acordo com os autores, estão centrados em um conceito brasileiro de alfabetização, entendido como processo de ensino e aprendizagem iniciais da leitura e da escrita, que envolve diferentes facetas.
Em um percurso no qual se entrelaçam debates teóricos e metodológicos sobre alfabetização, Mortatti destaca o problema do método como objeto de estudo privilegiado da reflexão pedagógica no Brasil. Essa escolha serve de eixo a uma reconstrução da história da alfabetização, que vai do aparecimento da Cartilha maternal (1876) às pesquisas sobre psicogênese e ontogênese da língua efetuadas nos anos 1980.
Este livro traz artigos e depoimentos relativos, particularmente, à experiência de avaliação de livros didáticos de História e Geografia, vivenciada no período entre 2000 e 2004 em que os livros didáticos dessas duas disciplinas tiveram avaliação coordenada pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), ainda que sejam feitas referências, a título de contextualização, a etapas anteriores do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), nas quais a avaliação estava sob coordenação do Ministério da Educação (MEC). Incluem-se, ao final, modelos dos instrumentos utilizados para realização de pesquisa e uma listagem com os nomes dos pesquisadores que compuseram as equipes de trabalho coordenadas pela UNESP.