Transições da cultura oral para a cultura escrita no ensino fluminense de 1746 a 1834
Nas palavras da autora, o estudo seguiu “um impulso de explicar, por um lado, o modo de ser do brasileiro, seu gosto pela conversa fiada, suas silabadas políticas; e, por outro, de descobrir a genealogia dos sistemas acadêmicos luso-brasileiros, revelando o fraco dos intelectuais tupiniquins pelo louvor, pela exibição pública, pela esgrima das palavras”. A pesquisa, porém, levou a autora a investigar e analisar a instrução de caráter retórico ministrada desde o tempo do Marquês de Pombal e seus reflexos no Brasil sob Pedro I. O período é balizado por duas obras relevantes para a história das relações escolares no país: O verdadeiro método de estudar, de Luís Antônio Verney, de 1746, base teórica para a reforma na instrução lusófona, e as Lições elementares de eloquência nacional para uso da mocidade de ambos os hemisférios, de Francisco Freire de Carvalho, de 1834, que uniformizaram o ensino da retórica no Brasil. Por meio de um texto claro e com pitadas de bom humor, a autora revela a importância que o ensino da retórica teve no uso da língua portuguesa, na medida em que a matéria contribuiu no estabelecimento de regras comuns para o idioma e influenciou a formação de “um conjunto de palavras comuns e de um jeito de falar peculiar que, depois, chamou-se de brasileiro”. A partir desse quadro, a historiadora analisa como a cultura oral marcada pela retórica transferiu-se para a cultura escrita, representada pela imprensa da época, e de que forma fomentou o gosto pela leitura e pela escrita no Rio de Janeiro da época.
Maria Renata da Cruz Duran é graduada em História pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita" (Unesp), câmpus de Franca. Em 2005, concluiu a redação de "Frei Francisco do Monte Alverne e a sermonística do Rio de Janeiro de D. João VI", trabalho premiado no concurso de Monografias em 2007 pela Sociedade Histórica da Independência de Portugal. Atualmente, conclui seu doutorado sobre retórica e eloquência no Rio de Janeiro oitocentista.
Este estudo revela a importância de pregadores imperiais como gênese de uma intelectualidade brasileira, no início do século XIX. Ele demonstra o papel fundamental da oratória sagrada no Brasil oitocentista, em um tempo onde o analfabetismo era imenso, e a palavra falada, o principal mote às discussões locais. A Corte havia chegado recentemente, o sistema administrativo estava ainda em formação, e as igrejas constituíam os poucos espaços que reuniam a população. A par de um fervor religioso, forma-se também um sentido de identidade nacional, que vem a originar a construção de um discurso brasileiro.
História da leitura descreve o ato da leitura, seus praticantes e os ambientes sociais em que estão inseridos, além das diversas manifestações da leitura em pedras, ossos, cascas de árvore, muros, monumentos, tabuletas, rolos de papiro, códices, livros, telas e papel eletrônico. ... Apesar de a leitura e a escrita estarem plenamente relacionadas, a leitura é, na verdade, a antítese da escrita. Cada uma ativa regiões distintas do cérebro. A escrita é uma habilidade, a leitura, uma aptidão natural. A escrita originou-se de uma elaboração, a leitura desenvolveu-se com a compreensão mais profunda pela humanidade dos recursos latentes da palavra escrita. A história da escrita foi marcada por uma série de influências e refinamentos, ao passo que a história da leitura envolveu estágios sucessivos de amadurecimento social.
Este livro faz uma introdução à história da escrita sob uma visão atualizada. São foco de atenção as origens, funções e mudanças cronológicas dos mais importantes sistemas de escrita do mundo, atuais e extintos. As dinâmicas sociais das escritas são assim abordadas em todo o seu fascínio.
Publicados originalmente entre 1754 e 1762, os textos que compõem esta obra fazem parte dos seis volumes sobre a história inglesa redigidos por David Hume quando ele ainda não gozava da fama de filósofo pela qual o reconhecemos hoje. Fundamentado na noção de que o que move a história é a busca de um povo pela liberdade, em contraposição ao poder e à autoridade exercidos pelo Estado, e interessado em demonstrar como este embate é responsável por erigir a Constituição inglesa, Hume desenvolve sua investigação sobre os fatos do passado lançando luz não apenas sobre a vida de reis, príncipes, parlamentares e militares – tal como era a tradição até então –, mas também sobre amplas e importantes esferas da sociedade, como a ciência, a religião, as artes, a economia e os costumes.
Peter Burke é um dos principais nomes da nova história britânica e especialista em história moderna européia. Neste volume, ele retorna às questões de método para apresentar as tendências recentes da prática historiográfica. Reunindo textos de alguns dos mais importantes historiadores contemporâneos, Burke oferece um painel geral das perspectivas e desafios do saber histórico do século XX.