“Pode um cristão ser comerciante e senhor de escravos?” Neste livro, publicado em 1758, o padre Manuel Ribeiro Rocha, lusitano radicado em Salvador, procura indicar a “maneira cristã de tratar os escravos”, desde sua compra até sua libertação. Tentava, com a obra, encontrar um caminho conciliatório entre prática ignominiosa da escravidão, sustentáculo da economia colonial, e a pacificação da consciência daqueles que comercializavam e mantinham os cativos.
O padre Manuel Ribeiro Rocha, nascido em Lisboa, passou boa parte da vida no Brasil. Data de 1758 a publicação de seus três únicos livros conhecidos: Nova prática dos oratórios particulares, o Etíope resgatado e Socorro dos fiéis. Faleceu na Bahia em 1779.
Jean Marcel Carvalho França é doutor em Estudos LIterários pela UFMG e professor de História do Brasil Colonial na Unesp. Autor, entre outros livros, de Mulheres viajantes no Brasil; A construção do Brasil na literatura de viagem nos séculos XVI, XVII e XVIII; Diário de uma viagem da Baía de Botafogo ao sul do Brasil (1810), de William Henry May; Viagem ao Rio. Cartas da juventude de Edouard Manet (1848-1849); Literatura e sociedade no Rio de Janeiro oitocentista; e Imagens do negro na literatura brasileira.
Ricardo Alexandre Ferreira é doutor em História pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Publicou, no Brasil e no exterior, estudos a respeito da relação entre a escravidão, a liberdade e a justiça criminal no Brasil oitocentista. Sua dissertação de mestrado foi contemplada com o prêmio "Melhores Teses ou Dissertações na Área de Humanas" da Unesp, que resultou no livro Senhores de poucos escravos, publicado pela Editora Unesp, em 2005. É professor do Departamento de História da Unesp, no câmpus de Franca.
Este livro realiza a interpretação da criminalidade envolvendo escravos que viveram no município paulista de Franca, de modo a avançar no conhecimento de suas estratégias de sobrevivência e prática, entre 1830 e 1888. As fontes utilizadas são os processos criminais (documentação serial e normatriva da justiça crmininal), as quais privilegiam versões do cotidiano dos cativos, em seus momentos de conflito e nas soluções violentas. Também são examinados os relatórios dos presidentes da província de São Paulo, em que há referências a essas ações.
Nesta pesquisa realizada por Ricardo Alexandre Ferreira são investigadas as histórias do crime e do direito, focando, mais especificamente, no período da escravidão no Brasil. Aqui, através de uma vasta pesquisa documental, o autor analisa como o escravismo aparece referenciado no código penal do Império e as diferenças de punição entre homens livres e cativos. A grande importância deste estudo se encontra na revelação deste aspecto da vida jurídica do Brasil imperial. Por meio de processos e penas redigidas na época, e de relatórios feitos pelas autoridades reportando sua preocupação com a segurança pública, Ricardo Alexandre Ferreira leva o leitor a descobrir as implicâncias sociais e judiciais da separação entre escravos e homens livres.
Este é um livro essencial para a compreensão do campesinato feito na base e com a base dos movimentos sociais camponeses, no Brasil. Nele, procura-se não apenas desvendar os processos por meio dos quais ocorre a (re)criação camponesa, como também as contradições que povoam as ações políticas dos movimentos sociais no Mato Grosso do Sul.
Em sua análise da mão de obra e do mercado interno no Oeste Paulista, especificamente nas regiões de Araraquara e São Carlos, entre 1830 e 1888, a autora aponta uma diversidade da transição, da organização e da disciplina do mercado de trabalho livre, com predominância da convivência de trabalhadores nacionais, forros ou libertos, e estrangeiros recrutados na Hospedaria de Imigrantes, em São Paulo. As condições de vida, porém, eram similares. Escravos libertos pediam adiantamento para a compra de sapatos, enquanto os trabalhadores nacionais pobres, desnutridos e maltrapilhos, habitavam casas de pau a pique semelhantes a senzalas e também iam descalços para a lavoura. Os imigrantes, por sua vez, viviam igualmente uma realidade precária. Predominava o sentimento de futuro incerto, com muito trabalho, pouco usufruto e reduzidas perspectivas de melhoria.
Esta coletânea reúne 146 textos, produzidos entre os anos de 1920 e 1970, que expõem traços decisivos da trajetória intelectual percorrida por Sérgio Buarque de Holanda. Os escritos apresentam um cronista arguto, com uma variedade temática que vai das resenhas literárias às detalhadas pesquisas historiográficas, da especificidade da colonização brasileira aos problemas da democracia mundial. Dentre esses escritos nunca reunidos em livro, o leitor terá acesso às traduções dos “artigos alemães”, inéditos em português, e às primeiras versões de textos clássicos, posteriormente adaptados e incorporados a Raízes do Brasil, Caminhos e fronteiras e Visão do paraíso. Obra essencial para se conhecer melhor um dos principais pensadores desse país.