Nós nascemos chorando, mas esses gritos já anunciam os primeiros sinais de linguagem. O choro de bebês alemães reflete a melodia da fala alemã; o choro de bebês franceses reflete a fala francesa – algo aparentemente adquirido ainda no útero. Já no primeiro ano de vida, as crianças dominam o sistema sonoro de sua língua. Depois de mais alguns anos, elas começam a conversar com seus cuidadores. Essa notável habilidade, específica de nossa espécie, para adquirir qualquer linguagem humana – a “faculdade da linguagem” – há muito tempo levanta questões biológicas importantes, como as seguintes: qual é a natureza da linguagem? Como ela funciona? Como evoluiu? Esta coleção de ensaios aborda a terceira questão mencionada: a evolução da linguagem. Apesar de afirmações em contrário, a verdade é que sempre houve um forte interesse sobre a evolução da linguagem, desde o início da gramática gerativa na metade do século XX. A gramática gerativa procurou, de modo inédito, fornecer descrições explícitas de línguas – gramáticas – que pudessem explicar aquilo que chamaremos de Propriedade Básica da linguagem, ou seja: o fato de que uma língua é um sistema computacional finito que produz uma infinidade de expressões, cada uma delas com uma interpretação definitiva nos sistemas semântico-pragmático e sensório-motor (informalmente, pensamento e som).
Noam Chomsky, professor (aposentado) do Departamento de Linguística e Filosofia do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), tem uma vasta produção escrita. Sua contribuição para a Linguística e a Filosofia, bem como sua postura crítica e ativa diante dos mais relevantes acontecimentos políticos de sua época, o situam entre os principais nomes das ciências humanas na atualidade.
É professor de Linguística Computacional e de Ciência da Computação e Engenharia no Laboratório de Sistemas de Informação e Decisão e do Instituto de Dados, Sistemas e Sociedade do Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Noam Chomsky é um dos pensadores mais influentes do nosso tempo. Nesta série de entrevistas, expõe suas ideias iconoclastas a respeito da linguagem, da natureza humana e da política. Em diálogo com James McGilvray, Chomsky percorre uma grande variedade de tópicos e a partir dessa transcrição é possível retraçar, em voo panorâmico, parte significativa do percurso intelectual desse pensador. A primeira parte do livro é dedicada à visão chomskyana sobre a linguagem e a mente. Na segunda parte, ele realiza um mergulho de alta profundidade na amplitude da natureza humana e seus componentes biológicos, linguísticos, políticos, filosóficos. O livro, de profundo interesse para todos os envolvidos no estudo da linguagem e da mente, revela a dimensão das teorias linguísticas de Noam Chomsky sobre a linguagem, que se situam no campo das investigações sobre os elementos constitutivos da própria natureza humana.
O Programa Minimalista apresenta quatro ensaios que tentam situar a teoria linguística nas ciências cognitivas mais amplas. Nesses textos, a abordagem minimalista da teoria linguística é formulada e desenvolvida progressivamente. Com base na teoria de princípios e parâmetros e, em princípios de economia de derivação e representação, o arcabouço minimalista considera a Gramática Universal como fornecendo um sistema computacional único, com derivações dirigidas por propriedades morfológicas, cuja variação sintática das línguas também é restrita. Dentro deste quadro teórico, as expressões linguísticas são geradas por derivações otimamente eficientes, que devem satisfazer as condições que prevalecem nos níveis de representação linguística. Os níveis de interface fornecem instruções para dois tipos de sistemas de desempenho, articulatório-perceptivo e conceitual-intencional. Todas as condições sintáticas, então, expressam propriedades desses níveis de interface, refletindo os requisitos interpretativos da linguagem e mantendo recursos conceituais muito restritos.
A sobrevivência do interesse por poesia nestes tempos de informações frenéticas, porém descartáveis, seria mero resquício de um estágio civilizacional já superado? É uma ilação possível. Objeto de regozijo por alguns, de desdém por outros, a poesia tanto pode ser luz como transgressão: ela nos ensina a ver como se víssemos pela primeira vez, a subverter permanentemente o já visto. Na sociedade de consumo irrestrito em que vivemos, não é pouca coisa.
O difundido retrato da suposta cordialidade brasileira, ilustrada pelos cenários carnavalescos ou pelo futebol, sistematicamente oculta a violência, latente ou explícita, do preconceito, da exclusão e da repressão sociais. A eficiência com que as elites ocultam essa face brutal de nossa sociedade exige um trabalho de rastreamento, de descobrimento de pistas que revelem o autoritarismo subjacente e forneçam uma interpretação mais justa. Os ensaios que compreendem este livro têm por objetivo justamente levar a cabo essa tarefa ao criticar a imagem e autoimagem da República.
A correspondência entre Casais Monteiro e Ribeiro Couto marca o início de uma nova fase nas relações entre escritores portugueses e brasileiros. As cartas acompanham a introdução dos autores brasileiros em Portugal e a publicação dos ensaios de Casais Monteiro sobre a poesia de Ribeiro Couto, Manuel Bandeira e Jorge de Lima. A obra mostra ainda, por exemplo, a cumplicidade deles em momentos difíceis, como quando Casais foi preso, a sua indicação por Ribeiro Couto para escrever em jornais brasileiros, o desentendimento entre os amigos em meados dos anos 1940 e a posterior reaproximação.