Bebel que a cidade comeu e Não verás país nenhum
A partir de dois famosos romances do escritor paulista Ignácio de Loyola Brandão (1936) - Bebel que a cidade comeu e Não verás país nenhum - a autora discute o papel da obra literária enquanto discurso político, capaz de não só expressar desejos, opiniões e sensibilidades, mas também transmitir mensagens e modelar comportamentos, sugerir pensamentos e difundir padrões a serem seguidos, além de problematizar a vivência social. Para a autora, os dois romances de Loyola refletem com perfeição a dimensão política da arte literária num momento de repressão e de cerceamento da liberdade, ao mostrarem várias questões que perpassavam o Brasil no período ditatorial, e são importantes menos por seu valor de verdade, mas por desvelar, via forma e enredo, as inquietações, as sensibilidades e as memórias ocultas que as engendraram. Tais obras seriam testemunhas de um passado que elas conservam vivo e pulsante, especialmente por Loyola não investir em um tipo de arte planfletária ou político-pedagógica, mas sim em uma escrita em que a indignação diante da humilhação e da dor se faz bastante presente, o que lhes dá um caráter ao mesmo tempo histórico e atemporal.
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Para oferecer uma perspectiva crítica em que se pensa o mundo contemporâneo de forma lúcida e clara, Evaldo Vieira retorna aos escritos de Francisco José de Oliveira Vianna para desnudar o pensamento autoritário brasileiro. Ao se debruçar sobre a concepção de Estado Corporativo de Oliveira Vianna, escreve um importante capítulo da história das ideologias políticas no Brasil, analisando as intenções e o alcance de um discurso de civismo pedagogo e edificador da nação.
Este é um livro essencial para a compreensão do campesinato feito na base e com a base dos movimentos sociais camponeses, no Brasil. Nele, procura-se não apenas desvendar os processos por meio dos quais ocorre a (re)criação camponesa, como também as contradições que povoam as ações políticas dos movimentos sociais no Mato Grosso do Sul.
Diplomata, historiador, político e jornalista, o Barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos Júnior, Rio de Janeiro, RJ, 1845-1912) é uma das figuras nacionais mais importantes quando se pensa em relações internacionais. Ao estar envolvido em diversas negociações sobre fronteiras, teve papel de destaque na configuração de uma política internacional adaptada às necessidades do Brasil do final do século XIX. Este livro mostra facetas mais pessoais de um homem que teria preparado o terreno para uma aproximação mais estreita do Brasil com as repúblicas hispano-americanas e com os Estados Unidos. O biógrafo constrói o perfil do Barão graças à intensa pesquisa e ao mergulho no arquivo do Itamarati e nas correspondências ativa e passiva disponíveis de uma personalidade recatada e, por isso, difícil de ser conhecida.
Festa de negro em devoção de branco: do carnaval na procissão ao teatro no círio demonstra, alicerçado em uma minuciosa pesquisa histórica, como a cultura africana, levada a Portugal pelos negros escravos, influenciou e foi influenciada no contato com a cultura católica lusitana. José Ramos Tinhorão nos mostra como esse encontro de diferentes, ainda que pautado em interesses políticos e religiosos, resultou na expressão de uma nova identidade cultural – uma festa de iguais.
Nesta coletânea, autores de diversas áreas buscam compreender os mecanismos que colocam em marcha no país a violência em suas variadas manifestações. Este mosaico histórico de crimes e violência presentes em nossa sociedade – praticados em diferentes tempos, de variados modos e em diversas esferas – pretende convidar o leitor à reflexão sobre as formas de infrações que fizeram e fazem parte de nosso cotidiano, na esperança de que, a partir da história e do pensamento, possamos encontrar novas formas de convivência e solidariedade.