Instituições totais e disciplinares (des)educativas
Este estudo discute, questiona e aponta as contradições das chamadas instituições totais, ambientes em que as manifestações psicossociais específicas dos internos, segundo o autor, costumam ser desconhecidas ou ignoradas por profissionais do Judiciário, Serviço Social, Medicina, Psicologia e Pedagogia. Para ele, é ingênuo supor que se pode confinar, tanto jovens quanto adultos, por meio de decisões judiciais, e criar nos estabelecimentos, ao mesmo tempo, rotinas integradoras e ambientes saudáveis, potencialmente pedagógicos.
A Psicologia, a Pedagogia e a Assistência Social são reconhecidas aqui como saberes científicos incontestes que, no entanto, estariam sendo utilizadas como estratégias de controle disciplinar nos estabelecimentos educativos, socioeducativos e ressocializadores, em especial entre os que limitam a liberdade individual.
À medida que os profissionais têm como atribuição, em tais contextos, oferecer acompanhamento personalizado e sistemático, levando-os reclusos a refletirem sobre as infrações cometidas e suas consequências, acabam por desempenhar, afirma o autor, citando Foucault, “o papel de técnicos do comportamento, engenheiros da conduta, ortopedistas da individualidade”.
Tal papel, pontua, é desempenhado em meio a impasses, entre discursos altruístas e a realidade das instituições produto das sociedades disciplinares. Assim, questões pedagógicas, psicológicas, psiquiátricas, hospitalares se tornariam mais inteligíveis se fossem enquadradas em um marco institucional global: “Entendemos que os problemas institucionais são também problemas sociais. Soluções técnicas muitas vezes não são suficientes para resolvê-los. Eles exigem soluções políticas para sua metabolização”.
Silvio José Benelli, natural de Tarumã (SP), é professor da Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), câmpus de Assis. É licenciado em Filosofia pela Faculdade Salesiana de FCL/Lorena (1990), psicólogo (2001) e mestre em Psicologia (2003) pela FCL da Unesp e doutor em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da USP (2007). É autor dos livros Pescadores de homens (Unesp, 2006), Análise psicossocial da formação do clero católico (Annablume, 2013), Entidades assistenciais socioeducativas: a trama institucional (Vozes, 2014), e A lógica da internação (Unesp, 2015).
Que tipo de subjetividade se produz no contexto de um seminário catolico? Para responder a essa pergunta, o autor deste livro realiza uma análise institucional de um seminário, procurando compreender os discursos e as práticas que instauram a realidade do seminarista, esclarecendo as redes discursivas eclesiásticas e suas relações com estratégias de poder.
Neste livro investiga-se entidades assistenciais que atendem a crianças e a adolescentes no contexto das políticas públicas de Assistência Social. Há um grande número desses estabelecimentos assistenciais na atualidade brasileira que vem sendo ocupado por trabalhadores da psicologia, visando desenvolver trabalhos socioeducativos. Tais estabelecimentos demandam análises rigorosas sobre os efeitos éticos que promovem na vida social. Trata-se de assunto de interesse de psicólogos, assistentes sociais, educadores sociais, pedagogos, sociólogos, docentes e também para outros profissionais das ciências humanas.
Escrita no século XVII, A escola da infância é a obra germinal de Jan Amos Comenius, considerado o fundador da didática moderna. Nela, a criança surge não apenas como um sujeito dotado de particularidades, mas também inserido em um projeto educacional que deve respeitar seu desenvolvimento físico e mental. Comenius sinaliza neste livro sua concepção de educação como um processo universal de formação, de que a própria vida é uma escola.
Ao relacionar a música com outras áreas do conhecimento, como a psicologia, a psiquiatria e a antropologia, este livro mostra como o estudo e a prática de música estimulam a memória e a inteligência. O poder da música e o papel que ela já tem e que pode vir a desempenhar na vida de todos nós é o tema deste livro. Ele busca sensibilizar os educadores para a necessidade da linguagem musical no processo educacional formal e informal, despertando a conscientização das possibilidades da música para favorecer o bem-estar e o crescimento das potencialidades dos alunos, já que ela fala diretamente ao corpo, à mente e às emoções. Muito mais do que uma experiência somente estética, a música é concebida como uma experiência fisiológica, psicológica e mental, um universo que conjuga expressão de sentimentos, ideias, valores culturais e ideologias, além de propiciar a comunicação do indivíduo consigo mesmo e com o meio que o circunda.
Construindo o espaço conceitual comum a dois pensamentos que se ignoraram durante meio século, o de Lacan e o de Adorno, Vladimir Safatle faz muito mais que uma aproximação interessante. Ele confronta duas filosofias apoiadas, cada uma, em uma prática: a cura psicanalítica para um, a criação artística para outro; assim como obriga o pensamento a se interrogar sobre o que um sistema, que tem sua densidade própria de teoria, deve à prática ou à experiência que ele privilegia.