Heroísmo, virtude e paixão nas Crônicas italianas e em A cartuxa de Parma
Densas florestas, sangrentos campos de batalha, agitadas águas lacustres, elevados muros de conventos, slitários repicares de sinos de igrejas, aromáticas castanheiras e misteriosas calmarias noturnas. Todos esses elementos são encontrados na obra de Stendhal – pseudônimo do escritor francês Henri Beyle (1783-1842) –, intérprete da sociedade francesa no período pós-Napoleão Bonaparte.
Leila de Aguiar Costa é doutora em Ciências da Linguagem pela Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales de Paris. Lecionou Teoria Literária e LIteraturas Francesa e Portuguesa na Unesp, câmpus de Araraquara. É tradutora de Stendhal e Balzac no Brasil e atualmentre é pesquisadora pós-doutoranda do Instituto de Estudos da Linguagem (Unicamp).
Por que a escola não vem obtendo o sucesso esperado no processo de ensino e de aprendizagem da produção escrita de textos nos últimos anos, apesar de privilegiar essa atividade? Por que mesmo as pessoas altamente escolarizadas não têm tido um bom desempenho, quando se trata de produzir um texto escrito bem elaborado? Para responder a essas questões, a autora leva em conta o pressuposto teórico da junção da linguagem e do pensamento, revelando uma nova categoria híbrida: o pensamento verbal, que se torna agora o suporte para uma nova pedagogia da produção escrita de textos. Nessa linha, considera, além das dimensões gramatical e pragmática da linguagem humana, uma nova face: a dimensão ideativa, que tem em vista os elementos lógico-semântico-cognitivos do pensamento. Com os dados fornecidos por um corpus constituído de produções de alunos da primeira série do ensino superior, recém-egressos do ensino médio, Textualidade e ensino propõe ainda algumas estratégias didático-pedagógicas que visam a articular a teoria subjacente à pesquisa com uma prática efetiva em sala de aula, procurando superar o insucesso das estratégias didáticas da produção escrita de textos.
Edward Lopes é um scholar, também amplamente conhecido como lingüista, ensaísta e fino romancista. Nesta obra de maturidade, liberta-se de todos os ranços acadêmicos e oferece-nos doze ensaios, ricos de informação, penetrantes pelas análises e vazados em um estilo pessoal, saboroso e irônico. Estuda obras literárias de várias épocas e origens, com tratamento lingüístico ou semiótico ou à maneira de Bakhtin ou de Propp, mas de forma crítica e muito livre. São seus temas: o ensino da língua, semiótica da literatura, Bakhtin, Saussure, Camões, os Árcades, Cornélio Penna, Borges, o Lazarillo de Tormes e Unamuno, entre outros.
Este estudo analisa a alegoria como procedimento de construção fundamental em A jangada de pedra (1986), de José Saramago, em que ela desponta como 'figura' ideal para performatizar o insólito posicionamento do país, segundo a ótica do narrador do romance. Empreendendo uma leitura alegórica da alegoria, isto é, desfazendo seu funcionamento tópico, construímos uma análise da obra na qual esta se oferece como verdadeira alegoria da modernidade para focar a identidade cultural portuguesa. A dessacralização de mitos ligados a uma tradição histórica e o poder desestabilizador da linguagem narrativa se interpenetram no funcionamento alegórico fazendo de A jangada de pedra uma obra singular.
O conjunto de entrevistas reunidas em A política e as letras apresenta ao leitor um Raymond Williams pouco conhecido do público brasileiro. Gestado com o intuito de discutir sistematicamente o pensamento do intelectual britânico, este livro propõe uma rara reflexão biográfica em que trajetória pessoal e reconstruções teóricas se conformam em um instigante debate sobre a própria atividade intelectual.
A definição do que seja uma boa tradução chega a ser quase um lugar comum: equivaleria a um texto fluente, transparente, livre de peculiaridades linguísticas ou estilísticas a tal ponto que reflita a personalidade, ou a intenção, ou o sentido-chave da obra correspondente na qual se baseia. Em suma: quando ele chega a fazer com que o leitor se esqueça por alguns momentos de que está lendo uma tradução. É na investigação dessa imagem aparentemente plácida, mas marcada por dificuldades e complexidades de diversas ordens, que Lawrence Venuti se detém neste livro, desenhando um panorama do mundo das traduções, do século XVII ao presente, muito mais rico do que a imagem usual permite supor.