Uma viagem alegórica à poética de José Saramago
Este estudo analisa a alegoria como procedimento de construção fundamental em A jangada de pedra (1986), de José Saramago, em que ela desponta como 'figura' ideal para performatizar o insólito posicionamento do país, segundo a ótica do narrador do romance. Empreendendo uma leitura alegórica da alegoria, isto é, desfazendo seu funcionamento tópico, construímos uma análise da obra na qual esta se oferece como verdadeira alegoria da modernidade para focar a identidade cultural portuguesa. A dessacralização de mitos ligados a uma tradição histórica e o poder desestabilizador da linguagem narrativa se interpenetram no funcionamento alegórico fazendo de A jangada de pedra uma obra singular.
Gisela Maria de Lima Braga Penha nasceu em São José do Rio Preto (SP). É licenciada, mestre e doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Desde 1998 ensina literatura em faculdades e é coordenadora de curso há seis anos. Atualmente é avaliadora do MEC de cursos dessa área.
Em um momento histórico no qual o analfabetismo apresenta-se como intolerável, a questão metodológica da alfabetização aparece como central. Tendo em vista tal realidade, José Morais analisa vários aspectos da chamada arte de ler. Partindo das estruturas mentais envolvidas na leitura, da relação entre linguagem falada e linguagem escrita, Morais centra-se nos mecanismos de aprendizagem e nos distúrbios que podem ocorrer nesse processo. Mediante essa estratégia, ele pode desenvolver o estudo dos diferentes métodos, a fim de apresentar as possibilidades terapêuticas que se oferecem hoje aos que não dominam as práticas de leitura.
Engrossando as fileiras dos que todavia dedicam seus estudos à poesia e dos que ousam levá-la a cabo em tempos de tanta dificuldade neste gênero literário, em particular, e nas artes, em geral, Luiz Costa Lima realiza aqui um itinerário poético pessoal de larga escala, em um voo panorâmico que ilumina pontos importantes da poética brasileira.
Depois da repercussão de Os sertões, Euclides da Cunha concentrou esforços no desafio de "escrever a Amazônia". Embora inconclusa, devido à morte precoce, essa jornada literária motivou Francisco Foot Hardman a redigir alguns dos vinte ensaios que dão forma e rumo a este A vingança vde Hileia. Mas o livro não se atém apenas ao exame da prosa amazônica de Euclides em suas relações com outros escritores que tentaram representar a região, de Inglês de Sousa a José Eustasio Rivera, de Dalcídio Jurandir a Milton Hatoum. Trabalhando com o conceito de "poética das ruínas", Foot Hardman amplia e diversifica o quadro de análise, seja na critica às visões esquemáticas do Brasil moderno, seja no diálogo com as ciências humanas contemporâneas e com a modernidade literária internacional.
As cinco entrevistas compiladas neste volume não se limitam a discutir a prolífera produção do crítico Edward Said. Realizadas pelo jornalista David Barsamian entre 1987 e 1994, elas apresentam o homem detrás da obra, desvelando suas angústias e opiniões sobre um momento histórico impar para as relações entre Israel e a Palestina.
A cadeia secreta reúne sete ensaios que discutem o nascimento e a consolidação de um dos gêneros centrais do século XVIII: o romance filosófico, por meio de seu principal representante, Denis Diderot (1713-1784). Com domínio absoluto do tema e rara clareza de quem adere inteiramente a seu objeto, Franklin de Mattos mostra-nos de que maneira obras como Jacques, o fatalista, A religiosa, O sobrinho de Rameau e As joias indiscretas transitam de maneira inteiramente inovadora entre a literatura e a filosofia.