Nelson Werneck Sodré, autor de uma obra com 56 livros e quase 3 mil artigos, desenvolveu sua vocação de historiador em paralelo à de militar, na qual alcançou a patente de general-de-brigada. Neste livro, que dá continuidade às atividades da VIII Jornada de Ciências Sociais, apresenta-se uma análise dos variados aspectos de sua trajetória política e intelectual. Para os organizadores, a obra de Werneck Sodré é um desafio contemporâneo, pois esta não perdeu sua atualidade. "Em sua longa trajetória teórica e política - em que o ideário socialista sempre esteve presente - o autor destacava que, quaisquer que fossem as mediações postas em sua obra, uma etapa necessária para se enfrentar os desafios da superação do passado neocolonial brasileiro passaria por dois aspectos que, hoje em dia são desafios contemporâneos e inconclusivos. Talvez nunca estivemos tão próximos de buscar nesta obra o entendimento do Brasil atual: ele chamava a atenção para o fato de que precisamos construir a nação. Paralelamente, também explicava que essa tarefa teria o desafio de superar o imperialismo."
Paulo Ribeiro da Cunha, doutor em Ciências Sociais (Unicamp) e professor da Unesp - Campus de Marília, é estudioso da obra de Nelson Werneck Sodré, e pesquisador da Esquerda Militar no Brasil.
Este trabalho aborda a luta dos posseiros de Formoso e Trombas, região invadida duas vezes - a primeira logo após o golpe de 1964 por tropas da polícia e do Exército e a segunda em 1971 pelo Exército - e a participação do Partido Comunista Brasileiro por meio de seus militantes, analisando a penetração do capitalismo no campo no período 1950-1964. São avaliadas a estratégia política e a questão agrária no período 1945-1964 e a organização dos posseiros.
É realmente bom para a democracia que os militares fiquem longe da política? Ou seria melhor reconhecer que as forças políticas estão tão presentes nos meios militares quanto nos demais setores da sociedade? Nesta obra, Paulo Ribeiro da Cunha assume uma posição polêmica ao defender que se reconheça e legitime a presença histórica da esquerda nas Forças Armadas Brasileiras. Ele analisa o longo período de militância dos militares de esquerda no país, dividindo-o entre a fase da “insurreição” – do fim do século XIX, com os “republicanos radicais”, até 1945 – e a fase de intervenção dos militares nas grandes causas nacionais, que se estende até 1964.
Nesta obra estão reunidos textos de uma variedade de autores que tratam da produção intelectual e da trajetória de Nelson Werneck Sodré, relevante pensador brasileiro que só teve suas contribuições reconhecidas mais recentemente. Tal fato se deve pela posição singular que representava: militar adepto dos ideais marxistas. Sempre se encontrou em uma situação conflituosa em relação à instituição que representava, embora compartilhasse dos objetivos dos segmentos nacionalistas democráticos das Forças Armadas, onde chegou à posição de coronel. Pelo mesmo motivo, seus escritos tampouco eram reconhecidos por segmentos mais conservadores das universidades brasileiras, uma vez que, aos seus olhos, Nelson Werneck possuía um caráter ambíguo. Só a partir da década de 1990 é que foi de fato “descoberto”. Autor de uma obra com 56 livros e 3 mil artigos, representa uma importante contribuição para a historiografia do país, graças às suas reflexões ousadas da realidade brasileira.
O tempo livre é visto hoje como elemento indispensável na busca de melhor qualidade de vida. Isso nos permite afirmar que as atividades que o preenchem e as formas de desfrutá-lo constituem via de acesso privilegiada para a compreensão e dinâmica cultural e dos valores sociais contemporâneos. Valendo-se dessa percepção, Magnani desenvolveu uma das primeiras pesquisas etnográficas realizadas no Brasil sobre as modalidades de entretenimento e suas relações com a rede de lazer.
O autor estuda a saúde pública na Primeira República, combinando elementos da história social do período com informações sobre o cotidiano das populações. As ações sanitárias aparecem como estreitamente vinculadas aos processos políticos que caracterizam o Brasil da República Velha. A implantação dos serviços sanitários é vista como dependente do padrão oligárquico e clientelista, vigente tanto no Estado de São Paulo quanto no município.