Como falar sobre religião hoje? É o próprio exercício do discurso religioso que se tornou, se não impraticável, pelo menos atormentado. Em Júbilo ou os tormentos do discurso religioso, lançamento da Editora Unesp, o antropólogo, sociólogo e filósofo da ciência Bruno Latour estuda cuidadosamente as condições de enunciação dessa palavra e identifica as regras de uso que a tornam possível ou impossível. Um livro que mescla dois gêneros geralmente distintos: análise e júbilo.
O livro oferece uma abordagem singular sobre os conflitos intermináveis entre ciência e religião, mergulhando nas curvas do discurso religioso e esclarecendo-o de uma maneira original, em que forma e conteúdo se completam e contribuem para que o leitor se aproxime do objeto de análise.
Latour explica que, em matéria de ciência natural ou social, o pesquisador tem o dever de adicionar sua opinião ao vasto edifício do saber, descobrir, inovar, produzir informação nova. Mas, ao se abordar a religião, o dever é a fidelidade; não deve inventar, mas renovar; não deve descobrir, mas recuperar; não deve inovar, mas retomar do zero o eterno refrão. "A questão não é saber se devemos agradar ou não os religiosos, se devemos adular ou não os infiéis, mas se, ao discernir as traduções boas e ruins, podemos redesenhar o povo virtual, a 'comunhão dos santos', daquelas que compreendem retrospectivamente a verdade enterrada das palavras repetidas pela boca dos vivos − porque se trata dos vivos e não dos mortos", esclarece o autor.
Embora não haja dúvida de que a religião tenha se mantido em forte destaque no curso da história, também está claro que se tornou muito difícil sintonizar seu modo altamente específico de enunciação. Todo esforço para falar disso com o tom acertado parece impreciso: reacionário, piedoso ou simplesmente vazio. "O meu objetivo em Júbilo é abordar a tradição cristã por um viés ao mesmo tempo direto e tangencial, estou interessado em apresentar as dificuldades encontradas por aqueles cujo propósito não é falar sobre religião, mas sim falar religiosamente", diz Latour.
Sobre o autor - Bruno Latour é diretor-adjunto e diretor científico da Sciences-Po, em Paris, onde desenvolveu o programa de Experimentação em Artes e Política (SPEAP), e professor da London School of Economics e da Harvard University. De sua obra, a Editora Unesp publicou Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora (2ª edição, 2011), A esperança de Pandora – ensaios sobre a realidade dos estudos científicos (2017), Políticas da natureza – Como associar as ciências à democracia (2018) e A fabricação do direito – um estudo de etnologia jurídica (2019).
Título: Júbilo ou os tormentos do discurso religioso
Autor: Bruno Latour
Tradução: Rachel Meneguello
Número de páginas: 144
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 38,00
ISBN: 978-85-393-0823-1