Nova edição concentra-se na obra amazônica que o escritor produziu há 120 anos
“Se quando este livro surgiu em primeira edição, há pouco mais de uma década, a questão socioambiental já se punha como nuclear para os destinos do planeta Terra e de todos os seres vivos neste século XXI, o que dizer neste momento, ao ingressarmos no seu terceiro decênio?”, provoca o pesquisador Francisco Foot Hardman no prefácio à nova edição revista de A vingança da Hileia, que ganhou o subtítulo “A Amazônia de Euclides e a utopia de uma nova história”, lançamento da Editora Unesp.
Nas palavras de Edinea Mascarenhas Dias, que assina as orelhas do livro, a obra é um trabalho de resgate histórico que elege Euclides da Cunha para um debate contemporâneo socioambiental e cultural da Amazônia profunda, pretérita e moderna. “A leitura do livro A vingança da Hileia possibilita aos estudiosos da Amazônia reconstruções históricas sobre vários aspectos e períodos, observando-se a relação entre o passado e presente proposta pelos Annales: passado não se isola do presente: ele é abordado a partir do presente, e ambos os momentos, passado e presente, só podem ser compreendidos quando postos em relação”, anota.
Foot Hardman explica que, em relação à primeira edição, publicada em 2009, foram feitas mudanças substanciais. “Aqui, nos concentramos nos estudos voltados a Euclides da Cunha e sua consciência cosmopolita de que não havia ‘questão nacional’ isolada da necessidade de incorporar o gigantesco território da Amazônia não só à geografia imperativa dos mapas, mas, antes de tudo, a uma história latino-americana que se harmonizasse com os legados de suas culturas mais antigas e com os desafios continentais de uma modernidade que pudesse ser menos devastadora. Isso ele pensou e escreveu há cerca de 120 anos.”
Para o autor, “impressiona ainda o desconhecimento geral sobre a obra amazônica que produziu Euclides. Por isso, a nova edição que aqui se apresenta tem para mim o sentido da urgência maior de um SOS Amazônia”.
“Euclides sonhava com uma linguagem que sintetizasse as verdades da ciência e da arte”, escreve Foot Hardman. “A partir da expedição ao Alto Purus, ensaiou esse discurso, que não se completou. Manuscritos aparentemente se perderam. Nenhuma garrafa deu sinal, até aqui, de que seu sonho sobreviva. Mas é aí, nesse intervalo abissal, que sua melhor literatura nasce e, com ela, sua modernidade mais radical. A que autorreflete, desde sempre, seus hiatos e fraturas, porque se reconhece, mesmo na selva distante, plenamente em nosso mundo. E segue o traçado enigmático de astros volúveis, com o desejo do nome e a fome célere da poesia.”
Sobre o autor – Francisco Foot Hardman é professor titular na área de Literatura e Outras Produções Culturais da Unicamp. Foi professor visitante na Universidade de Pequim (2019-2020). Publicou, entre vários livros, Nem pátria, nem patrão! (Ed. Unesp, 2002), A vingança da Hileia (1.ed. Editora Unesp, 2009), Trem-fantasma (Companhia das Letras, 2005), Ai Qing: Viagem à América do Sul (Editora Unesp, 2019 – em colaboração com Fan Xing), Meu diário da China: a China atual aos olhos de um brasileiro (PKU Press, 2021) e A ideologia paulista e os eternos modernistas (Editora Unesp, 2022).
Título: A vingança da Hileia: a Amazônia de Euclides e a utopia de uma nova história
Autor: Francisco Foot Hardman
Número de páginas: 252
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 69
ISBN: 978-65-5711-192-5
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