Em recente seu mais recente livro, intelectual “considera a menos considerada das virtudes”, partindo de uma rejeição firme do papel do otimismo no curso da vida
“Qualquer que seja o significado que se dê à esperança, com certeza ela não é uma questão de otimismo. No entanto, surpreendentemente, existe muito pouca reflexão filosófica sobre o fundamento da esperança. É para essa questão que nos voltaremos agora.” Esta é a proposta de Terry Eagleton, um dos intelectuais mais celebra- dos de nossa época, em seu recente Esperança sem otimismo, que chega no Brasil pela Editora Unesp.
Esta instigante reflexão sobre a esperança começa com uma rejeição firme do papel do otimismo no curso da vida. Assim como seu parente próximo, o pessimismo, o otimismo é mais um sistema de racionalização do que uma lente confiável através da qual mirar a realidade, refletindo uma postura do temperamento em vez de verdadeiro discernimento. Eagleton então se volta para uma noção epistemologicamente mais promissora, a esperança, sondando o significado dessa palavra familiar, mas elusiva: trata-se de uma emoção? Como se diferencia do desejo? Fetichiza o futuro? Finalmente, o autor aborda o conceito de esperança trágica – talvez a única genuína forma de esperança –, em que essa velha virtude persiste mesmo após o confronto com uma perda devastadora.
“Pode haver inúmeros motivos aceitáveis para acreditar que uma situação acabará bem, mas esperar que isso acontecerá porque você é otimista não é um deles”, provoca Eagleton. “Isso é tão irracional quanto acreditar que tudo dará certo porque você é albanês ou porque choveu três dias sem parar. Se não existe nenhum motivo aceitável pelo qual as coisas deveriam se resolver de maneira satisfatória, também não existe nenhum motivo aceitável pelo qual elas não deveriam se resolver de maneira insatisfatória, de modo que a crença do otimista é infundada. É possível ser um otimista pragmático, no sentido de ter certeza de que este problema, mas não aquele outro, será resolvido; mas o que se poderia chamar de otimista profissional ou de carteirinha se sente confiante em relação a situações específicas porque tende a se sentir confiante em geral. Ele vai encontrar o piercing de nariz que estava perdido ou herdar um solar de estilo jacobita porque a vida como um todo não é tão ruim. Ele corre o risco, portanto, de comprar sua esperança por uma ninharia.”
Em uma ampla discussão que abrange o Rei Lear de Shakespeare, as considerações de Kierkegaard sobre o desespero humano, Tomás de Aquino, Wittgenstein, Santo Agostinho, Kant, a filosofia da história de Walter Benjamin e uma longa reflexão sobre o “filósofo de esperança” Ernst Bloch, Eagleton exibe sua magistral e altamente criativa fluência em literatura, filosofia, teologia e teoria política. Esperança sem otimismo está repleto do senso de humor e da clareza costumeiros deste escritor, cuja reputação não se baseia apenas na notável originalidade de suas ideias, mas também em sua capacidade de envolver o leitor diretamente nas questões urgentes da vida.
Sobre o autor – Terry Eagleton é professor de Literatura Inglesa da Universidade de Oxford. Entre seus vários trabalhos publicados no Brasil, destacam-se Ideologia: uma introdução (Editora Unesp/Boitempo, 1997), Marx e a liberdade (Editora Unesp, 2002), A tarefa do crítico (Editora Unesp, 2010), A ideia de cultura (Editora Unesp, 2.ed., 2011), Doce violência: A ideia do trágico (Editora Unesp, 2013), O sentido da vida: uma brevíssima introdução (Editora Unesp, 2021) e Sobre o mal (Editora Unesp, 2022).
Título: Esperança sem otimismo
Autor: Terry Eagleton
Tradução: Fernando Santos
Número de páginas: 206
Formato: 13,7 x 21 cm
Preço: R$ 54
ISBN: 978-65-5711-163-5
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