Orfeu, o deus trácio que resgata Eurídice das sombras do Hades, representa uma dessas figuras arquetípicas que atravessam toda a literatura ocidental. Mesmo morto, faz ressoar seu canto para a sublimação dos homens. Nesta coletânea, helenistas, críticos literários, arqueólogos e antropólogos apresentam uma reflexão sobre as origens do mito, passando pela leitura das mais significativas expressões literárias e pela busca das práticas semelhantes em grupos indígenas brasileiros e centro-americanos.
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Conjunto de estudos produzido por pesquisadores da área de Letras, este livro trata da obra de um curioso personagem, Antônio da Fonseca Soares, autor português do século XVIII. A singularidade do poeta e orador está no fato dele ter produzido uma obra vasta, parte composta por poemas eróticos, satíricos e lírico-amorosos, assinada por Antônio da Fonseca Soares, e parte relativa a uma oratória fervorosamente religiosa, assinada por Frei Antônio das Chagas, nome sob o qual se tornou mais conhecido. O segundo personagem emerge após a conversão do poeta à vida monástica. Essa escolha motivou o poeta, que havia se exilado voluntariamente no Brasil, a escrever uma carta a Dom Francisco de Sousa pedindo para voltar a Portugal na condição de religioso, tornando-se esse documento essencial para se compreender sua conversão. Ao mesmo tempo, a própria escolha do poeta como objeto de estudo deu-se por um “acidente de percurso” durante a elaboração de um guia biográfico e bibliográfico de cerca de duas centenas e meia de autores que assinaram trabalhos nas academias brasílicas da Bahia nos anos de 1724 e 1759. Constatou-se, então, que o nome de Antônio da Fonseca Soares não constava em nenhuma daquelas associações. Mesmo assim, optou-se pela inclusão de 104 de suas produções, em mais de três centenas, que se encontram arquivadas na Biblioteca Geral de Universidade de Coimbra, em Portugal. Os estudos abordam diversas questões sobre o poeta e religioso português e seus escritos, como a relação entre suas identidades e a forma como representou a mulher em sua obra.
Falando de Perrault e dos Contos da Mamãe Gansa, a autora permite entrever os significados morais e pedagógicos que os estruturam, os quais aparecem quando são analisadas as funções femininas na estrutura narrativa. Princesas, bruxas e fadas figuravam na ideologia familiar burguesa que então se consolidava, e isso explica parte da aceitação desses contos em todos os países do Ocidente.
Os textos apresentados neste livro são uma pequena amostra desse encanto e humor refinado. Exemplificam um tipo de escrita que Franklin produziu desde quando era um jovem de dezesseis anos até chegar à casa dos oitenta. Esses textos teriam, com certeza, surpreendido Max Weber ou chocado um capitalista devoto como Thomas Mellon. Mas eles dão vida ao perfil convencional de Franklin- na verdade, trazem-no para o gozo espontâneo da vida, de Weber. Com efeito, ensejam àquele retrato na nota de cem dólares abrir um sorriso zombeteiro e permitir-se uma rápida e confiante piscadela.
Consciente de que tanto a poesia de Mário de Sá-Carneiro bem como o sujeito lírico que (n)ela (se) constitui não se deixam prender, nem se deixam apreender completamente - mesmo porque ambos estão em Dispersão, como o título da obra estudada já anuncia - Ricardo Marques Martins propõe o poema "A Partida", que abre o volume, como porta de entrada para a discussão de temas caros à modernidade e à poética de Sá-Carneiro: o gênio (e os caracteres da diferença, do isolamento e da criatividade), a composição do delírio poético, a busca do sonho, do Ideal, do Absoluto.
Este livro conta a jornada em busca de oito livros perdidos, livros quase míticos: todos aqueles que os procuram estão certos de que existem e de que vão encontrá-los, mas ninguém realmente tem provas concretas e conhece rotas seguras até eles. Muitas vezes, as pistas são fugazes e a esperança de encontrar essas páginas é mínima. Mesmo assim, a viagem vale a pena. São livros que existiram e desapareceram. Byron, Gógol, Hemingway, Walter Benjamin e Sylvia Plath estão entre os autores desses ilustres desconhecidos. Os livros perdidos não são livros esboçados pelo autor e nunca nascidos: são aqueles que o autor escreveu, que alguém viu e talvez tenha até lido, e então foram destruídos ou desapareceram de alguma maneira. Livros queimados, rasgados, roubados... livros que não chegaram a nós, mas sobre cuja existência se tem certeza.