Os sistemas clássicos limitavam-se geralmente a registrar a dicotomia artificial das artes do espaço e das artes do tempo. A classificação tradicional das artes opõe as três artes plásticas (arquitetura, pintura e escultura) às três artes rítmicas (dança, música e poesia). Uma das grandes descobertas de Etienne Souriau, segundo Huisman, consistiu na crítica da oposição entre o plástico e o rítmico. Com efeito, ele mostrou como as artes plásticas comportam igualmente um tempo essencial, como as artes ditas do tempo, e que as artes rítmicas são tão espaciais como as ditas do espaço.
Valdevino Soares de Oliveira é licenciado em Letras pela Universidade de São Paulo, onde também fez Mestrado em Literatura Brasileira. Doutorou-se em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É autor do livro Literatura, esse cinema com cheiro (1998), sobre a obra de Alcântara Machado. Tem desenvolvido pesquisas em Literatura Brasileira, principalmente sobre Poesia Contemporânea, buscando mapear suas tendências mais significativas. É professor do curso de Graduação e de Pós-Graduação em Letras na Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, câmpus de Assis (SP).
A sobrevivência do interesse por poesia nestes tempos de informações frenéticas, porém descartáveis, seria mero resquício de um estágio civilizacional já superado? É uma ilação possível. Objeto de regozijo por alguns, de desdém por outros, a poesia tanto pode ser luz como transgressão: ela nos ensina a ver como se víssemos pela primeira vez, a subverter permanentemente o já visto. Na sociedade de consumo irrestrito em que vivemos, não é pouca coisa.
Este é o primeiro volume da coleção Pequenos Frascos, de obras com textos menos conhecidos (e, de certa forma, "marginais") de autores consagrados nas mais diversas áreas. Neste volume há uma compilação de escritos satíricos de Jonathan Swift, escritor irlandês do século XVII. O texto que o intitula é um pequeno grande achado: o autor apresenta uma polêmica solução para o problema das crianças famintas que perambulava pelas ruas da Irlanda na época. É um "mundo dos horrores" modo pelo qual o autor convoca a todos para a liberdade de pensar "pelo avesso", porque "o mundo está direitinho demais para estar certo".
A crítica literária e a lingüística têm nos textos literários um grande desafio. Diversas correntes deixam de lado o texto propriamente dito e colocam em primeiro plano outras ciências, como a sociologia, a história e a psicologia. Lingüista da Universidade de Reims, França, o autor valoriza o papel do leitor como receptor. Entende, portanto, o ato da leitura como um momento em que o prazer estético, obtido pelas relações entre forma e conteúdo, transporta o fruidor a uma outra realidade, criada pelo poder da palavra.
Este livro reúne artigos publicados no Proleitura, jornal que circulou de junho de 1992 a fevereiro de 200, realizado por uma equipe fixa constituída de professores da UNESP ( Assis-SP), UEM (Maringá-PR), UEL (Londrina) e UFMS (Três Lagoas-MS), bem como por destacados colaboradores eventuais. Sempre primado por um cuidado editorial rigoroso, que permitiu fosse lido com prazer e proveito, seja pelos trabalhos de cunho teórico, relacionados aos avanços dos estudos lingüísticos e literários, seja pelos estudos ligados diretamente à aplicação em sala de aula, seja ainda pelas relevantes indicações de leituras e resenhas de obras de variada natureza, presentes em sua páginas, o Proleitura representou uma importante referência para todos quantos se dedicam ao ensino de língua e literatura. Com esta relação de textos, espera-se possibilitar aos leitores continuar desfrutando, se um modo mais acessível e permanente, das idéias veiculadas noProleitura, contribuindo com sua reflexão para o desenvolvimento dos estudos da área e, principalmente, fazendo chegar à sala de aula alguns avanços dos últimos anos.
O livro analisa parte da correspondência do contista João Antônio (1937-1996), especificamente um conjunto de cartas trocadas entre o autor paulistano e o amigo e colaborador Jácomo Mandatto entre os anos de 1962 e 1995. Nelas, a pesquisadora investiga a relação dos missivistas com o mercado editorial, bem como as estratégias utilizadas por eles para ampliar a venda dos livros. Além disso, as cartas demonstram a importância dada pelos correspondentes ao trabalho dos críticos de literatura. A discussão sobre a linguagem empregada por João Antônio nesta correspondência também faz parte da análise. A tese central é a de que as cartas do escritor mantêm um diálogo constante com sua obra, seja do ponto de vista do tema, seja do ponto de vista formal, uma vez que há coincidências no que concerne ao trato com a linguagem. Centenas de cartas guardam muitas similaridades com a obra do escritor, que nelas cria uma atmosfera ficcional que as faz mais um meio de difusão de sua literatura. Deste ponto de partida, é discutido ainda o estatuto do gênero "carta" e a diluição dos gêneros empreendida pelo contista em sua produção epistolar e também ficcional. As cartas também seriam parte de um projeto, mais ou menos consciente, dos dois amigos de fundir suas imagens públicas e privadas, promovendo a diluição das fronteiras entre realidade e ficção.