Os ensaios de William Hazlitt fascinaram autores das mais diversas épocas e nacionalidades. Suas coletâneas chegaram a ser livros de cabeceira para Robert Louis Stevenson, Virginia Woolf, Aleksandr Púchkin e Domingo Sarmiento. No Brasil, Vinicius de Moraes, Lúcia Miguel Pereira e Eugênio Gomes foram alguns dos célebres admiradores de sua obra. Com uma combinação peculiar de temas imemoriais com a crônica do dia a dia, a afabilidade e a língua ferina, a prosa poética e a linguagem das ruas, os ensaios de Hazlitt, sempre temperados com sua defesa radical da classe operária, são um dos marcos da literatura moderna.
William Hazlitt (1778 –1830) foi um escritor inglês, lembrado por seus ensaios humanistas. No início de sua vida, sente-se fortemente inclinado à prática da pintura, carreira da qual abdica para dedicar-se a ensaios críticos como o que intitula esta obra (On the pleasure of painting).
Neste livro, Flávia Regina Marquetti realiza o resgate da figura de Afrodite, a Deusa Mãe, e seus efeitos sobre a cultura e a condição humana em seus acervos materiais e simbólicos, nos quais se pode deslumbrar a influência da Deusa do amor. Para tal tarefa, a autora faz uma leitura diacrônica das representações femininas nas artes e na literatura, partindo das primeiras manifestações escultórias do feminino na pré-história – mais exatamente nos períodos Paleolítico e Neolítico e seus desdobramentos nas artes cretenses, minóica e grega – para em seguida, contemplar a face judaico-cristã, que propôs uma “redefinição” para o feminino a partir das representações da Virgem Maria e de algumas santas. Prosseguindo esse percurso, Marquetti explora a dimensão afrodisíaca do feminino encarnada pelas jovens heroínas dos contos maravilhosos e dos romances de origem européia
O cinema brasileiro precisou ganhar em tecnologia, industrializar-se e imitar bem o seu correlato americano para poder impor a temática rural para o grande público. E, tal como aquele, afirmá-la como passado, sem vigência, como tradição. Uma forma de abordagem que afirma um rural que não é, para poder, da melhor maneira possível, diferenciá-lo daquele que fala – e daquele que a ele assiste.
É possivel ensinar arte? Como se ensina arte? Partindo dessas questões a obra discute a produção e o ensino superior de artes visuais com base nas experi encias cotidianas de artistas plásticos que assumiram tambérm o papel de educadores. A autora reflete sobre as convicções e os mitos que envolvem o ensino de arte e, sobretudo, dá voz aos artistas-professores ao indagar o que eles pensam sobre sua prática e como se relacionam com as instituições de ensino.
Bernard Shaw perguntou, certa vez, se os Estados Unidos de Edgar Allan Poe alguma vez já existiram ou se foram tão-somente elaborados pela extraordinária imaginação poética do escritor. Autor de obra singular em seu tempo, célebre pelos contos detetivescos, de terror e de morte e pela notável obra poética, como o célebre poema "O corvo", Poe é abordado neste livro em sua faceta menos conhecida: o crítico de teatro e dramaturgo.
Jéssica Cristina Jardim discorre sobre as influências que a arte dramática teria exercido na obra e no pensamento do escritor, revisitando momentos centrais da história do teatro nos Estados Unidos e localizando a produção artística e intelectual do autor como afluente dos nacionalismos que se formam no curso do século XIX. Em muitos momentos, a produção crítica de Poe busca responder à pergunta: afinal, como conciliar as heranças culturais inevitavelmente vindas da Inglaterra com a formação de uma literatura e de um teatro nacionais? Assim, se por um lado, os Estados Unidos presentes em sua obra ficcional foram, talvez, insuperáveis em termos imaginativos, não podemos, por outro lado, negar a Poe seu engajamento com uma das inquietações mais importantes de seu tempo.
Esses Ensaios de teatro e filosofia têm como fio condutor a filosofia de Diderot e Rousseau, em paralelo com o teatro forjado pela Contrarreforma. A autora faz uma leitura a contrapelo da tendência desconstrucionista, que passa ao leitor contemporâneo a falsa impressão de que Diderot tenha defendido a metafísica da presença, contra a representação. Rousseau trabalha na confluência de teoria da linguagem, moral, política e teatro. No âmbito ibérico, vemos as consequências políticas do entrecruzamento da comédia e da tragédia praticado pelo dramaturgo luso-brasileiro António José da Silva, o Judeu. Retrocedendo ao século XVII, o cartesianismo encontra terreno fértil nas tragédias de Corneille e o teatro do Século de Ouro é atravessado pelo jusnaturalismo defendido por Grotius. Na commedia dell’arte, o desbragamento é compatível com o dogma da Queda como apanágio do humano e com o excesso de dispêndio, próprio da sociedade de corte. Shakespeare assume o hermetismo concebido em Florença no Quatrocentos para caracterizar a personagem Ofélia como regida pelo elemento água; a própria catástrofe de Hamlet está associada a seu temperamento melancólico.