Os conflitos de classe nos governos do PT
Para entender a crise política que redundou no impeachment de Dilma Rousseff é necessário tomar em consideração uma dimensão da vida social cuja importância é ignorada ou descurada na maioria das análises disponíveis. As facetas mais visíveis da crise – como a polarização política na eleição presidencial de 2014, a disputa ideológica do neodesenvolvimentismo com o neoliberalismo, as grandes mobilizações de rua pró e contra o governo Dilma, a Operação Lava-Jato e outros embates que marcaram ou que ainda marcam a cena política nacional – devem ser explicadas recorrendo não só aos valores e à organização desses movimentos e instituições, mas, sobretudo, aos confl itos distributivos de classe que atravessaram e atravessam a sociedade brasileira. O exame multifacetado desses conflitos e de suas complexas relações com os embates que agitam a cena política nacional talvez seja a principal contribuição de Reforma e crise política no Brasil.
Armando Boito Jr. é professor titular de Ciência Política da Unicamp, editor da revista Crítica Marxista e autor de vários livros e artigos publicados no Brasil e no exterior. A pesquisa que originou este livro resultou de um projeto temático coordenado pelo autor e patrocinado pela Fundaçao de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Data de muito tempo no Brasil o início do registro de cenas em película. No entanto, embora tenha havido iniciativas de grande envergadura na área cinematográfica, tais experiências naufragaram em maior ou menor grau entre 1930 e 1966 (ano da criação do Instituto Nacional de Cinema), período investigado mais detalhadamente pelo presente estudo. Em busca de compreender por que o cinema não se desenvolveu aqui na mesma proporção de outros países, a autora recolhe e analisa, a partir dos vestígios desses naufrágios, elementos reveladores e surpreendentes da trajetória da sétima arte em nosso país, na qual o Estado esteve intimamente imbricado. O objetivo do livro não é retraçar a relação entre Estado e cinema no Brasil até o momento presente, mas sim identificar e comparar tal relação em dois momentos políticos distintos, o regime autoritário e a democracia. São trabalhados em detalhe os aspectos políticos relacionados à economia e à legislação cinematográfica. O leitor interessado em cinema brasileiro encontrará nesta terceira edição ampliada do estudo de Anita Simis profunda reflexão e pesquisa sobre o desenvolvimento pregresso do cinema brasileiro, que são preciosos insumos para a análise do atual momento da nossa indústria cinematográfica.
Se a crise financeira desencadeada em 2007 nos Estados Unidos ameaçava espraiar-se pelo planeta, com efeitos devastadores de longo prazo, hoje analistas econômicos já anunciam alvissareiros que o pior já passou. Porém, que medidas estruturais teriam sido tomadas para reverter a maior crise desde o crash de 1929? Como os organismos multilaterais e as potências globais combateram os efeitos adversos da hegemonização das finanças na economia internacional? Em vez de ter um ponto final, a débâcle de 2007 coloca assim uma interrogação permanente num sistema econômico global em que a crise não é contingência, mas sim desdobramento previsível. Com rigor analítico, Luiz Afonso Simoens da Silva investiga as entranhas desse dilema contemporâneo e, evitando atalhos, perscruta possíveis alternativas para países como o Brasil em que os efeitos dessa instabilidade permanente das finanças tendem a ser mais dramáticos.
Desde a década de 1940, as teses da Democracia Cristã estão entre as influências mais persistentes no panorama politico brasileiro. No entanto, ao contrário do que ocorreu em outros países latino-americanos e europeus, no Brasil o PDC não criou raízes necessárias para resistir às tribulações da década de 1960. O que aconteceu? Quais foram as tentativas de revitalização do partido? O que influenciou a decadência de uma facção que sempre contou com líderes de expressão e ideário atraente? Tais questões, essenciais para entender toda a trajetória recente da política brasileira, formam o pano dce fundo deste livro instigante e necessário.
A grande estratégia do Brasil reúne textos da gestão do Embaixador Celso Amorim no Ministério da Defesa, de agosto de 2011 a dezembro de 2014. Os discursos, artigos e entrevistas aqui reproduzidos são perpassados pela ideia de que, no Brasil, política externa e política de defesa devem se coadunar em uma grande estratégia de defesa do interesse nacional e de promoção da paz. Essa é a linha-mestra da abordagem de todos os grandes temas da Defesa Nacional no período, como a modernização das Forças Armadas, o fortalecimento da indústria nacional de defesa, a capacitação tecnológica nacional, a cooperação de defesa com os parceiros da América do Sul e do Atlântico Sul, a contribuição do país como provedor de paz às Nações Unidas e o papel dos militares em uma sociedade democrática. A Grande Estratégia do Brasil é uma coedição da Fundação Alexandre de Gusmão e da editora Unesp, com apoio do instituto Pandiá Calógeras.
Em 1976, a Fundação Getulio Vargas, em convênio com o Ministério da Agricultura, lançou as bases de um amplo programa de pesquisas voltado para a História da Agricultura Brasileira, e incluiu, entre as atividades desse programa, um plano editorial cujo único compromisso seria com a ciência e a cultura. O livro não trata de abordar uma História da Agricultura Brasileira, tampouco desenvolver um projeto de pesquisa, a curto prazo, capaz de trazer uma resposta definitiva para os variados problemas que envolvem o conhecimento da evolução agrícola no Brasil em suas múltiplas e, por vezes, desconcertantes facetas; em virtude da complexidade, este primeiro volume inaugura a série tratando do problema do café, pela relevância do tema no contexto da evolução geral do Brasil.