Pasolini lido no Brasil
Os 17 ensaios deste livro constituem, em seu conjunto, a abordagem mais ampla que já se fez da obra de Pasolini no Brasil. Organizada por Cláudia Tavares Alves e Maria Betânia Amoroso, a coletânea reúne os principais estudiosos brasileiros e italianos de Pier Paolo e começa com dois documentos históricos, que testemunham sua “chegada” ao país. A partir daí, as abordagens se desdobram em caminhos que se cruzam: da poesia à crítica literária e cultural, do jornalismo militante ao cinema e ao teatro. O resultado desse tratamento em múltiplas perspectivas – aliás, o mais condizente com o ethos pasoliniano – consegue dar conta de sua complexidade sem se fechar em interpretações unívocas, tornando-se desde já uma referência sobre “o poeta das cinzas de Gramsci”. A trama resultante desse procedimento, que opera segundo a lógica não de blocos, mas de interseções, potencializa e atualiza a figura de Pasolini como artista indispensável ao nosso tempo. As urgências e os perigos experimentados agudamente hoje, em 2022, foram incessante e obsessivamente encenados por Pier Paolo há mais de meio século. Retornar a eles e projetá-los em um futuro ainda em aberto é mais que necessário.
Maria Betânia Amoroso é professora e pesquisadora de Teoria Literária da Unicamp e livre-docente na área de Literatura Comparada.
Cláudia Tavares Alves é doutora em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Também publicou obras sobre Pier Paolo Pasolini.
Onze anos depois da Semana de Arte Moderna de 22, Oswald começa a pôr em prática o projeto de uma série de romances intitulada Marco zero, no qual procuraria retratar o Brasil que estava surgindo a partir de 1930. Nem todos os volumes programados foram escritos e a crítica sempre considerou o resultado como de valor menor por seu excesso de engajamento político. Antonio Celso Ferreira procura desfazer essa interpretação pela leitura atenta de historiador sintonizado com a evolução da literatura brasileira.
Este livro se propõe a refletir a respeito da literatura e da crítica no século XX, buscando o que seria um pensamento ideal sobre ambas. Todorov analisa as grandes correntes ideológicas dessa época e a maneira como se manifestam por meio da reflexão sobre a literatura.
Para que, quando e como estudar uma língua morta como o Latim? Esse é o ponto de partida deste fascinante trabalho de Alceu Dias Lima. Tratando de um problema didático aparentemente menor, desenvolve uma reflexão interdisciplinar sobre a língua e a cultura em geral, que carrega um inesperado sentido político. A idéia do Latim como simples disciplina instrumental e os estereótipos tradicionais que o cercam são analisados de maneira impiedosa, para dar lugar ao Latim como língua viva do passado.
Este perfil biográfico e intelectual de Terry Eagleton, além de acompanhar a trajetória do mais rebelde dos críticos culturais ingleses, ilumina as transformações da teoria cultural, da história das ideias, da sociologia e da própria teoria marxista nos últimos cinquenta anos. Acompanhamos aqui a gênese da visão política deste prolífico e profundo defensor do igualitarismo e compartilhamos de seu olhar aguçado para desafiar e modificar o campo da teoria literária.
Depois da repercussão de Os sertões, Euclides da Cunha concentrou esforços no desafio de "escrever a Amazônia". Embora inconclusa, devido à morte precoce, essa jornada literária motivou Francisco Foot Hardman a redigir alguns dos vinte ensaios que dão forma e rumo a este A vingança vde Hileia. Mas o livro não se atém apenas ao exame da prosa amazônica de Euclides em suas relações com outros escritores que tentaram representar a região, de Inglês de Sousa a José Eustasio Rivera, de Dalcídio Jurandir a Milton Hatoum. Trabalhando com o conceito de "poética das ruínas", Foot Hardman amplia e diversifica o quadro de análise, seja na critica às visões esquemáticas do Brasil moderno, seja no diálogo com as ciências humanas contemporâneas e com a modernidade literária internacional.