Território, mapeamento e invenção das fronteiras ibero-americanas (século XVIII)
Mapear é uma ação inerente ao humano, pois todo indivíduo consciente necessita se situar no espaço. Nesse sentido, qualquer pessoa – profissional da geografia ou da cartografia ou leigo nessa área – pratica geografia, mapeamento e produz mapas mentais, gráficos ou performáticos para se orientar ou para simplesmente descrever o espaço. Quando essas geografias não profissionais são apropriadas pelos Estados, seus autores originais são elididos e, consequentemente, seus legítimos direitos à terra são anulados, como mostra a experiência do Estado colonial português na segunda metade do século XVIII, quando disputava com a Coroa de Espanha a definição de seus limites territoriais na América do Sul. Este é um livro sobre como estados coloniais da época moderna inventaram soberania, autoridade e direitos sobre terras de outros a partir de expedições de mapeamento e mapas. A partir da cartografia histórica do Brasil, a autora indica um caminho para começarmos a recuperar autorias de territórios e lugares apagadas por agentes estatais envolvidos em simular impérios, territórios e terras de Estado.
Denise Aparecida Soares de Moura é professora livre-docente do Departamento de História da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e de seu Programa de Pós-graduação em História. Especialista em História do Brasil Colônia, com projetos no campo da cultura visual colonial, em especial da história da cartografia. Realizou estágios de pós-doutoramento na Universidade Nova de Lisboa (2008) e na Johns Hopkins University (2013). É membro da International Society for the History of the Map (ISHMap) e da Rede Brasileira de Estudos em História Moderna. Participa da equipe do projeto “Construindo um mundo global: migrantes através do Atlântico Local2Global” desenvolvido pelo Centro de Investigação Transdisciplinar (Citcem), sediado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Portugal).
Um olhar atento sobre a formação de São Paulo surpreenderá, desde logo, os caminhos fluviais que permitiam a alimentação, a recreação e o deslocamento de seus mais antigos habitantes; também focalizará as trilhas terrestres, com tropeiros e suas tropas interrompendo as viagens para o pouso, nas margens dos rios. Este livro ressalta que o traço característico desse processo está na constituição de uma sociedade movediça, configurada pela dispersão humana, por um ir e vir constante – a "têmpera andeja" – como mecanismo de alcance do "equilíbrio vital". A autora estuda alguns aspectos da sociedade paulista, na primeira metade do século XIX, sublinhando sempre essa marca de movimento, que imprime à vida urbana um ritmo incessante de ficar e de partir.
Esta coletânea de textos fornece uma amostra representativa da obra de John Russell-Wood, um dos mais brilhantes e importantes historiadores de língua inglesa, preocupado em compreender a dimensão atlântica do império português na Idade Moderna.
Esta coletânea de textos fornece uma amostra representativa da obra de A.J.R. Russell-Wood, um dos mais brilhantes e importantes historiadores de língua inglesa, preocupado em compreender a dimensão atlântica do império português na Idade Moderna.
Neste livro, Jacques Rancière continua sua sutil reflexão sobre o poder da representação de imagens de arte. Como a arte contribuiu para eventos que atravessaram uma era? Que lugar atribui aos atores que participaram desses eventos - ou que deles foram vítimas? De Alexander Medvedkine a Chris Marker, de Humphrey Jennings a Claude Lanzmann, mas também de Goya a Manet, de Kandinsky a Barnett Newman, ou de Kurt Schwitters a Larry Rivers, essas questões remetem à história da própria arte. Perguntar sobre a forma como os artistas recortam o mundo sensível para isolar ou redistribuir seus elementos é questionar a política presente no coração de qualquer abordagem artística. Para Jacques Rancière, não há imagem que não traga em si inúmeras possibilidades de reflexão sobre o contexto em foram produzidas, seja pelo que mostram, seja pelo que ocultam.
Os elos entre a filosofia e a história são o tema deste estudo. A base teórica é o pensamento do historiador Paul Veyne, que reflete sobre a sua prática de um ponto de vista que leva em conta questionamentos de cunho filosófico. A partir daí, são apontadas questões filosóficas que o historiador deve levar em conta em suas pesquisas. Ao longo do livro são definidos e encadeados elementos constitutivos da tarefa narrativa do historiador e da sua construção teórica. Temas que dizem respeito ao objeto da história e à causalidade histórica, assim como relações entre conceito, acontecimento e totalidade histórica, são enfocados, como também as diferentes concepções filosóficas da ligação entre o ato de narrar em si mesmo e o de construir filosoficamente essa narrativa.