Uma problemática organiza a estrutura deste livro: quais funções tem exercido o discurso de Administração Escolar na produção do conhecimento, especialmente o conceito de Administração Escolar? Graziela Zambão Abdian analisa a construção histórica desse discurso e constata que o pesquisador, ao reproduzir o conceito de Administração Escolar como mediação para o alcance de fins determinados, acaba por modelar a escola e seu cotidiano, por mais que variem o referencial ou os procedimentos de pesquisa Em seguida, a autora analisa a trajetória de sua própria pesquisa para compreender a formação da subjetividade e trazer os limites impostos pelas regras de formação postas em prática. Por fim, busca construir novas ferramentas metodológicas para serem discutidas por pesquisadores na área. Esse percurso permitiu a autora constatar que o discurso impede o pesquisador de fazer o conhecimento se diferenciar e que é necessário apreender a lógica da multiplicidade e da heterogeneidade do cotidiano a partir de suas próprias regras, que podem não ser as melhores, mas são diferentes daquelas pelas quais fomos governados até o momento.
Graziela Zambão Abdian possui graduação (1995) em Pedagogia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestrado (2000) e doutorado (2004) em Educação pela mesma instituição e pós-doutorado pelo Programa Pós-Doutorado Júnior (PDJ) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), na Universidade do Vale do Rio dos Sinos. É professora do Departamento de Administração e Supervisão Escolar e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unesp, campus de Marília. Tem experiência na área de Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: administração/gestão da educação, administração/gestão escolar, política educacional. É líder do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração Escolar (Cepae) e bolsista produtividade em pesquisa CNPq.
Marisa Lajolo e Regina Zilberman apresentam aqui um traçado consistente do nascimento, da consolidação e das transformações das práticas de leitura da sociedade brasileira, sem ignorar o fato de que cada época, cada obra e cada autor trazem consigo características próprias. Por esse viés, acompanhamos, fascinados, o amadurecimento do leitor – o que, por consequência, também nos esclarece sobre as conexões intrínsecas entre o universo fantasioso (e fantástico) da literatura e o mundo social em que habitamos.
Travar contato com a comunidade indígena por meio da Matemática. Essa é a proposta do autor que, por meio de vivências e pesquisas aprofundadas, desenvolveu o conceito de etnomatemática, procurando, a partir do próprio conhecimento matemático das comunidades, seus signos e simbolismos, viabilizar a formação de educadores indígenas para povos indígenas. Um dos pontos levantados é a possibilidade de, a partir do contato, estabelecermos um trabalho em conjunto, levando em consideração os conhecimentos já desenvolvidos por esses povos.
“Aqui estão reunidos sete artigos publicados de 1998 a 2018. Tratam da história (concisa) da alfabetização no Brasil, suas circunstâncias e seus métodos. [...] Maria do Rosario Mortatti dá a saber os estreitos vínculos entre os modelos pedagógicos para o ensino da leitura e da escrita, propugnados por diversos setores sociais direta ou indiretamente ligados à instrução, e os diferentes projetos de nação. A coletânea [...] é excelente estímulo à pesquisa acadêmica tanto sobre o passado quanto sobre o presente do ensino do ler e escrever, do mesmo modo que é um exemplo de clareza, precisão e elegância; portanto, um convite a muitos. Professores ou futuros professores do ensino inicial ganharão ao lê-la, tanto quanto mestrandos, doutorandos e pesquisadores que se vêm debruçando sobre a história da escolarização primária e daquele ensino inicial, que foi denominado usualmente de ‘alfabetização’ [...]. Ganhariam, também, com a sua leitura os atuais dirigentes do ensino; os ‘policy makers’, os que elaboram políticas, os que definem as diretrizes para educação neste país.” MIRIAN JORGE WARDE
Esta coletânea de artigos de especialistas de várias áreas (literatura, história, filosofia, sociologia), como Octavio Ianni, Fábio Lucas e Marcelo Ridenti, entre outros, discute como a produção literária, com suas pecualiaridades, pode fornecer elementos e subsídios para o conhecimento da estrutura e dinâmica da sociedade brasileira.
Nos ensaios que compõem este livro, Chartier – dialogando com autores como Braudel, Febvre, Ricouer e Freud – analisa esses processos, abordando as continuidades e rupturas em relação ao tratamento que é dado aos livros nas editoras dos dias atuais. O cuidadoso exame de palavras, sentenças, pontuação e traduções emoldura o quadro da produção do livro através do tempo. Estão em foco os autores que vêm se dedicando ao exame minucioso dessas camadas de sedimentos textuais, em busca dos rastros que o processo editorial deixou depositados sobre os textos no decorrer da História. Tomando as obras de Cervantes e Shakespeare como exemplo dos efeitos e variações “impressos” pelo processo editorial, Chartier investiga também a constituição do cânone literário e a noção de autoria nos séculos passados.