Gilles Deleuze estabeleceu uma metáfora que mostra bem o desafio de comentar a obra de um pensador. Ela consiste em pensar esse processo como o arremesso de um dardo em que uma geração recebe o objeto de um lançador e, para valorizar esse esforço, é necessário enviá-lo cada vez mais longe, onde alguém dará seguimento ao processo.
O autor busca seguir o conselho de Deleuze para que esta ação tenha sucesso, ou seja, aumentar as distinções que o pensador prévio, o que significa, na pragmática da atividade crítica, abrir no campo das idéias do intelectual que se está estudando uma fresta que permita retirar algum elemento novo.
Surge, assim, um problema filosófico presente em um pensamento, mas que não havia sido antes formulado explicitamente. Ele é visto como “menor”, segundo o filósofo, por se desvincular das grandes linhas de senso comum, consideradas majoritárias, que nutrem uma opinião em torno de certa centralidade reconhecida como evidente.
A partir dessa perspectiva, o livro percorre um plano conceitual que circunscreva, por meio de noções e conceitos apropriados, o que efetivaria essa pragmática segundo as coordenadas filosóficas do pensamento de Gilles Deleuze. A vinculação, nesses termos, entre filosofia da imanência e empirismo é a aposta ontológica maior.
Hélio Rebello Cardoso Jr. é professor de Filosofia da Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Ontologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Deleuze, Foucault, inconsciente, história e semiótica. É coordenador do Grupo de Pesquisas CNPq "Deleuze/Guattari e Foucault: elos e ressonâncias".
Deleuze e Guattari desenvolveram um conceito inovador de inconsciente-multiplicidade, resultado da interlocução do pensamento desses autores com a psicanálise e com uma série de aliados, filósofos ou não. Esse conceito procura fornecer uma definição do inconsciente como substância múltipla com amplitude sócio-histórica, em contraposição às versões correntes em que o "ele" é associado à representação de um drama da memória ou ao simbolismo da linguagem. Neste livro, Hélio Rebello Cardoso Jr. reúne diversos textos voltados para aspectos práticos do inconsciente-multiplicidade, traçando um painel abrangente dessa importante linha de força do trabalho de Deleuze Guattari.
Os elos entre a filosofia e a história são o tema deste estudo. A base teórica é o pensamento do historiador Paul Veyne, que reflete sobre a sua prática de um ponto de vista que leva em conta questionamentos de cunho filosófico. A partir daí, são apontadas questões filosóficas que o historiador deve levar em conta em suas pesquisas. Ao longo do livro são definidos e encadeados elementos constitutivos da tarefa narrativa do historiador e da sua construção teórica. Temas que dizem respeito ao objeto da história e à causalidade histórica, assim como relações entre conceito, acontecimento e totalidade histórica, são enfocados, como também as diferentes concepções filosóficas da ligação entre o ato de narrar em si mesmo e o de construir filosoficamente essa narrativa.
As relações entre Jean Piaget (1896-1980) e os filósofos nem sempre foram pacíficas. Nesta sugestiva e harmoniosa reunião de textos, Barbara Freitag, conhecida socióloga alemã e freqüente colaboradora das universidades brasileiras, examina a obra do criador do Centro de Epistemologia Genética de Genebra, à luz do grande racionalismo ocidental. Os pensadores aqui examinados são Rousseau, Kant e Habermas. Do desenho que se traça de Piaget como antigo filósofo e de Piaget como futuro filósofo, o que acaba sobressaindo, em meio às tendências irracionalistas correntes, é um claro perfil de Piaget como filósofo, com o que o presente livro se revela um importante instrumento crítico para a reavaliação das numerosas "leituras" de Piaget que se fazem no Brasil.
A lógica de primeira ordem tem poder expressivo suficiente para formalizar praticamente toda a matemática. Uma teoria de primeira ordem consiste em um conjunto de axiomas e de sentenças dedutíveis a partir deles. Este livro serve como introdução à Teoria da Quantificação e como uma exposição de novos resultados e técnicas concernentes aos métodos "analíticos" ou "sem corte", além de enfatizar o ponto de vista dos tableaux em virtude de sua fascinante simplicidade e elegância matemática.
Esta obra, a mais filosófica e importante de Jürgen Habermas do ponto de vista da epistemologia, discute o entrelaçamento entre razão prática e razão pura e mostra a importância das definições do conhecimento, levantando questões sobre os fatores que o definem.